O CULTIVO DAS ROSAS
O CULTIVO DAS ROSAS
Sou filha-de-ninguém no dia a dia
Mas trago o sangue bom dos meus avós
E mesmo nada tendo, tenho voz
(desculpem-me a vaidade, a ousadia...)
Sou filha-de-ninguém, mas sou poeta!
Canto o passar das horas neste mundo
E, enquanto cantar, não vou ao fundo,
É esta a minha glória mais secreta...
Eu, filha-de-ninguém, protejo a vida,
Encontro-me onde a sorte foi perdida,
Saboreio, ao segundo, a caminhada,
Dou tudo o que em mim há, sou generosa,
Acredito no "ser", cultivo a rosa
Que vos alegra e não vos pede nada
II
Cultivo a minha rosa à luz da lua.
O sol nem sempre vem, nem sempre aquece...
Cultivo a rosa e a rosa não se esquece,
Responde: - És de ninguém? Que sorte a tua!
Nós, filhos-de-ninguém, criamos laços
E agradamos (ou não...) a toda a gente,
Mas trazemos connosco esta semente
Que transforma um olhar em mil abraços
Temos picos, é certo, e quantas vezes
Usamos, sem pensar, essas defesas
Pra preservar a nossa própria vida...
Dá-nos o mundo amor, dá-nos revezes,
Faz de nós predador`s ou faz-nos presas,
Mas nunca de alma fraca e já vencida
*
Maria João Brito de Sousa - Outubro 2008
À Natália Correia
À Joanina
À Azoriana, pela açorianidade e pelo nome da rosa