A RAIZ DAS ALGAS I e II
A RAIZ DAS ALGAS
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I
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Tempos houve em que o mar batia às portas
De cada um de nós, como quem pede,
E cada um de nós lançava a rede
Antes que o sol nascesse, a horas mortas
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Tempos houve em que o mar nos oferecia
Caminhos sem ter fim, novas fronteiras...
O mesmo mar das ondas altaneiras,
Do sal, das rochas com cheiro a maresia...
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Tempos houve em que o mestre nos falava
Do mito: a caravela que cruzava
As águas desses mares ditos só nossos
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Depois crescemos... Nunca o mar mudou,
Foi o adulto em nós que duvidou
E em vez de caravela achou destroços.
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Mª João Brito de Sousa
II
Caravelas de luz! O mundo é breve
Ao preço ocasional da fama e glória!
Assim nos diz o Tempo e reza a História
De quanta fama e glória a Nação teve...
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O berço dos Poetas, das conquistas,
Desse, então, estranho mundo à descoberta
De quem parte e só volta à hora incerta
Dos que vivem de sonhos saudosistas...
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Assim se entrega o luso ao Mar, que aceita
E lhe promete amplexos de sereias
Em vez do medo ao velho Adamastor
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E é da raiz das algas que ele se enfeita
Na vastidão das ondas, nas areias
E onde engendre ilusões de eterno amor.
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Maria João Brito de Sousa
19.10.2008
Nota - Reeditado e reformulado a 09.10.2012