12º, 13º e 14º SONETOS DA COROA - REMATE
O TEMPO NUMA FOLHA DE PAPEL
No barro desta humana imperfeição
Mas aspirando a Anjo. Quem diria
Que tão estranha e tão vã filosofia
Haveria de ser aspiração?
Mas sendo controversa, ou mesmo vã,
Garanto que não mudo o meu caminho!
Sabe-me a boca ao mel, ao rosmaninho
Das horas que cantar nesse amanhã
E se, a cada minuto, eu acrescento
Uns "pós" do meu teimoso entendimento
A quanto me pareça ser cruel,
O Futuro vislumbra-me e sorri...
Sorrio-lhe, eu também, porque prendi
O Tempo numa folha de papel...
Maria João Brito de Sousa - 22.09.2008
O "PECADO" DA FOLHA DE PAPEL
O Tempo numa folha de papel,
De súbito pequeno e vulnerável,
Desvendando um futuro indecifrável
A traços de caneta ou de pincel...
Estranhíssima Alquimia a que revela
Essa improvável forma de viver
De um Tempo aprisionado, sem poder
Gastar-se, nem na chama de uma vela...
Contudo, o tempo exprime-se e confessa,
Revela, aos nossos olhos, a promessa
Da mensagem que em si cristalizou
Nos versos em que o trago aprisionado
Ao culminar do único pecado
Que a folha de papel já perpetrou...
Maria João Brito de Sousa - 22.09.2008
EPÍLOGO
Que a folha de papel já pepetrou
Na sua branca e louca ingenuidade;
Esta inocência prenha da verdade
Que a minha negra pena em si gerou...
E eis-me enfim liberta, concluída!
Desta longa tarefa, o que me resta?
Ir rejeitando tudo o que não presta?
Fazer-me, agora, à Terra Prometida?
O Tempo há-de voltar (embora preso...)
P`ra lançar o meu corpo ao fogo aceso,
P`ra rematar-me, enfim, quando serena...
Morreria feliz e sem castigo
Tão só por cá crescesse o que bendigo,
Tão só por cá ficasse a minha pena...
Maria João Brito de Sousa - 22.09.2008 - 13.17h
Imagem - "Auto-Retrato"
Maria João Brito de Sousa, 2006
Nota- Tudo isto é só para não ficar atrás do Bin Laden, que também parece ser um "Grande Poeta".
Desculpa, Alfredo, mas este ano esqueci-me mesmo do teu aniversário.
APOSTILA- Acabo de constatar que este trabalho feito "à pressão", acabou por ficar péssimo, pois confundi o 2º soneto com o 1º. Logo à noite tentarei emendá-lo, embora a minha tentativa de reedição tenha saído gorada, porque o texto me aparece desconfigurado. A última estrofe terá de ser reformulada para que isto se possa considerar uma coroa de sonetos. Não quero coroas de glória, mas neste momento, também dispenso uma de espinhos. Se o pessoal do Sapo puder ter a bondade de configurar o texto na reedição de posts, eu terminarei a coroa ainda hoje, lá por volta das 23 horas, quando acabar de tratar de toda a minha família de pêlo e penas.
Nota II - Sonetos libeiramente reformulados a 05.04.2016 (Garanto que adoraria poder recordar-me das circunstâncias que deram origem à nota anterior, bem como à dita "apostila"... e já lá vão quase oito anos...)