DEPOIS DE MIM
Estais cansados de ouvir a lenga-lenga
Daquilo que já fiz, do que não faço...
Que vos pode int`ressar o meu cansaço,
Este cantar-me até que a voz se renda?
Não podeis entender este feitiço
(meu estranho e voluntário cativeiro...)
De ser rica sem ter nenhum dinheiro...
Podeis olhar-me e ver um deus postiço,
Mas reparai; se sou quanto aqui escrevo,
Se o mundo, em mim, produz tão estranho enlevo,
Se este cantar-me é pura compulsão,
Podeis ler-me depois de eu ter partido,
No futuro, ideal mas pressentido,
Dos que depois de mim me seguirão...
Imagem - "O Filho do Homem" -
Acrílico sobre placa
Maria João Brito de Sousa -2006