A COLHEITA III
Eu faço da palavra a minha enxada;
O verbo ocasional é sempre o pão,
E vinho, outras palavras que darão
Os ecos desse tudo e desse nada...
Há palavras que colho da latada,
Logo ao nascer do Sol, de Inverno a V`rão,
Sem horário, nem método ou razão,
Mas que me deixam sempre alimentada.
Incessante colheita, esta em que vivo
De palavras que (es)colho e mal cultivo
Neste eterno vai-vem de horas sem fim
Colhendo sempre mais, insaciável,
Porque a minha colheita inexplicável
Requer tudo o que houver dentro de mim...
Maria João Brito de Sousa - 30.08.2008 - 11.49h
Imagem retirada da internet
"Corvos Voando Sobre um Campo de Trigo"
Vincent Van Gogh