O NASCIMENTO DE EVA
A MULHER INTERROMPIDA II
Subitamente carne, eu aterrei
Neste planeta incerto, e quis viver!
Neste acto (in)voluntário de nascer
Trouxe comigo o mar que, um dia, herdei.
Subitamente vida, eu comecei
A pesquisar o mundo, a qu´rer saber...
Vivi-me por inteiro até morrer
E, sem saber porquê, depois voltei.
Sem sair deste espaço, o que eu andei!
As mil e uma voltas que não dei,
As mil e uma coisas que não vi!
Há quantos mil milénios eu me sei
Nas vezes que morri, nas que acordei
Sobre o estranho planeta em que nasci...
Maria João Brito de Sousa - 27.08.2008 - 13.03h
Imagem retirada do site www.sabercultural.com
NOTA DE RODAPÉ - Este soneto classifica-se entre os "poemas de
rima pobre", pois todos os versos terminam
em palavras da mesma categoria gramatical.
Neste caso específico são Pretéritos Perfeitos
de verbos. Em poesia a classificação "rima pobre" não tem
uma conotação negativa. É apenas uma
classificação como outra qualquer, sem valor qualitativo.