23
Ago08
UM POETA QUE (SE) PARTIU...
Maria João Brito de Sousa
Era um estranho torpor feito de nada
Que lhe invadia o ser ao sol-poente
E ali ficava, amorfo, alheio, ausente,
Da alma quase doente, de alquebrada...
Depois nascia a Lua. À hora errada
Brotava-lhe a palavra, o verbo urgente
E punha-se a plantar (verso ou semente?)
No suporte irreal da madrugada...
Vestia uma "casaca de cometas"
E percorria a casa, qual fantasma,
C`o olhar apontado ao infinito...
No seu mundo de ideias inconcretas,
Ele era omnipotente. Ó mundo, pasma!
Partiu-se (e não partiu!), esse proscrito...
Ao Poeta António de Sousa
Imagem - Fotografia do Poeta aos 16 anos.