25
Jun08
TOURO DE MORTE
Maria João Brito de Sousa
Cego de medo e dor, já nada vê.
Confuso e humilhado, o bicho é cego.
Roubam-lhe a liberdade, o aconchego
De amar a vida sem saber porquê.
Corre o sangue no dorso. Já não é
Da natureza o seu desassossêgo.
Da vida que viveu com estranho apêgo
Pressente o culminar... [Olé,olé!]
O público, em histeria colectiva,
Estremece inebriado e grita: -Viva!
Mas é morte que quer e a morte vem...
Ajoelhou o touro e vai morrendo
E eu, que nada fiz mas compreendo,
Ajoelho com ele, morro também.
Olé...
.
Maria João Brito de Sousa - 2008