O DISCURSO
O DISCURSO
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Impõe-se-me um discurso, urgentemente!
Aquilo que eu disser será escutado
E há que ter, como tal, muito cuidado,
Não se torne o discurso independente
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O discurso é, por vezes, imprudente:
Nós damos-lhe a função de ser recado
E o tonto, faz-se ambíguo e torna errado
Quanto sendo pensado era inocente,
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Pois diz-se e desdiz logo o que foi dito,
Mostra vontade própria, é traiçoeiro,
E às vezes, transformado em ditador,
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Desmente tudo aquilo que foi escrito,
Ilude o nosso ouvido o tempo inteiro
E destrói a carreira ao orador.
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Maria João Brito de Sousa - 20.05.2008
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Na foto - Pormenor de "Émile Zola" de Édouard Manet, 1868.
Museu d`Orsay - Paris