20
Jan08
FIO-DE-PRUMO
Maria João Brito de Sousa
Era mulher traçada a fio-de-prumo,
Vinda dos tempos primevos do Homem-vertical
Dia a dia, percorria o rumo
Que fazia do dia vindouro
Um dia insuportavelmente sempre igual
Era de noite que brincava aos fantasmas
E se diluía nos incontáveis ectoplasmas
De almas que foram e das que estão por vir
Por isso acordava anoitecida
Sem nunca estar segura
De ter acordado
Do lado-de-cá da vida
Ora sonhava sonhos acordada,
Ora cantava estando adormecida
Difícil, foi-lhe ser multiplicada
Por quem sempre a pedira dividida...
Maria João Brito de Sousa - 1990 (?)