DE PASSAGEM I e II
Passagem! Eu, por cá, estou de passagem!
Passo por esta vida e vou deixando
Sementes do que for congeminando,
Porque assim se me cumpre esta viagem
E passo até por ti, que adivinhaste
Meus versos de semente abrindo em flor
Pois assim deve ser enquanto for
Preciso semear no que sonhaste...
Passagem! De passagem se semeia,
De passagem se colhe esse sonhar
A despontar em nós que o semeámos,
De passagem se vive uma epopeia,
Se rasgam novas rotas pelo mar,
Se sobrevive ao sonho que sonhámos!
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II
Eu passo pelo mar, passo por terra
E é no ar que construo o meu poema
Enquanto, lá de baixo, a vida acena
Com todos os mistérios que ela encerra
E desconstruo o sonho e volto à vida,
Vou decifrando mais e, deslumbrada,
Retomo a minha eterna caminhada
Em direcção à Terra-Prometida
Pois passo e no passar é que desvendo
Os segredos do mundo, o que ele murmura
Enquanto o tempo passa como eu passo
E quanto mais passar, mais eu aprendo;
É viagem de estudo à sepultura,
Mas nunca passará quanto aqui faço...
Maria João Brito de Sousa - 29.04.2008 - 12.27h