TRÊS SONETOS DE ABRIL
UM DIA... FEZ-SE ABRIL!
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Um dia fui poema e fui palavra,
Ergui-me, floresci nas carabinas
E semeei canções pelas esquinas
Como quem enfim colhe o que em si cava!
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Um dia fui mais longe e mais além
E acendi minh` alma e cantei mais...
Um dia eu fui dif`rente entre os demais,
Um dia... fui feliz como ninguém!
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Agora Abril é hoje, Abril é sempre,
Abril é cada dia em que eu viver
Com a alma a sorrir num sonho em flor
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Pois fez-se Abril, um dia... e fui semente,
Fui sonho e liberdade a florescer,
Partilha, comunhão, renovo e cor!
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Maria João Brito de Sousa
ABRIL EM NÓS
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Havia tanto azul por inventar
Neste país amorfo e tão cinzento...
E um grito germinou deste lamento
Nma voz que ninguém pôde calar
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Havia Abril em nós, mas sufocado,
Um Abril estrangulado e por nascer,
Que levedava em nós, sempre a crescer,
Pujante, inevitável, adiado...
Neste país com medo em cada voz
Onde sonhar-se um sonho era punido
Com grades de prisão, dor e tortura,
Nasceu, um dia, Abril em todos nós;
Bendito seja o sonho enfim cumprido
Por quanto desse Abril em nós perdura!
Maria João Brito de Sousa
UMA FLOR CHAMADA LIBERDADE
Aonde, ó estranha flor que em mim floresces,
Dessa tua raíz, a nova urgência?
Em pétalas da cor de outra impaciência,
Hás-de ousar ir além, sempre que cresces!
Nasceste em dura fraga, ou penedia,
Sempre em busca de um sol que te pertence
E a fraga é sempre a terra onde tu vences
Sobre uma haste de sonho e de utopia
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Por ser a flor em nós que abraça Abril
Nos braços da raíz dessoutro crer
Que é feito de justiça e de igualdade
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E, onde floresça um cravo, há sonhos mil,
E há mais fraternidade a renascer
Sobre este renovar da LIBERDADE!
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Maria João Brito de Sousa
26.04.2008 - 12.35h