SONETO AO PRODUTOR EXPLORADO II
Sem agasalho, quando o frio lho pede,
Nem acessórios, quando necessários,
Não diz palavra em causa que não mede,
Assim que os ventos sopram mais contrários
*
E se ergue o punho contra os salafrários
Ou espuma as raivas que a razão concede,
É por ter mil razões contra os salários
Que só lhe compram fome e pagam sede
*
Passa, invisível, sobre o dia-a-dia,
Vai, devagar, morrendo em contra-mão,
Arremedando a velha alegoria
*
Que, honrando a letra de uma melodia,
Em coro nasça de uma multidão
Que venha, erguida, impor-se à tirania.
*
Maria João Brito de Sousa – 03.09.2013 – 19.51h
Imagem do 25 de Abril de 1974 - Partido Comunista Português