09
Jun13
VIVER ATÉ AO FIM
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
Mal se te apague esse último embondeiro
Em horizonte incerto, agonizando,
Entenderás que a morte foi tomando
Tudo o que a vida te ofereceu primeiro
Sem que te concedesse um só roteiro,
Sinopse ou mera guia de comando
Do tempo incerto que em te foi gastando
Sem dar-te contas de um tal cativeiro.
Só sabes que há-de vir, que a todos calha
A hora de, envergando uma mortalha,
Voltar ao barro cru que tanto amaste
Mas, por cada segundo em que ela falha,
Aproveita! Inda é vida a mão que espalha
Sementes sobre um chão que antes lavraste.
Maria João Brito de Sousa – 09.06.2013- 15.18h