23
Ago12
SONETO PARA... MORDER!
Maria João Brito de Sousa
(...mordido em decassílabo heróico...)
Em verdade só sou quando me dou,
Assim que sol e mar fervem cá dentro
Transmutando-se em corpo e alimento
Do poema/animal que me habitou…
Palavras, coisas vivas que se comem,
São frutas que se oferecem se as procuro
Numa fome perpétua que não curo
Enquanto outras palavras me não domem
Mas é por esta língua, a que pertenço,
Que sinto, que, por vezes, também penso,
Que mordo, como tantos animais,
Sem medo do momento insano, intenso,
Em que abocanho um verso… e quase o venço
Esquecendo a derrocada dos demais…
Maria João Brito de Sousa – 23.08.2012 – 19.19h