BRINCAR AOS IMPOSSÍVEIS
Vem meu amor, vem brando e descartável,
Com a máxima urgência que imagines,
Moldar-me esta vontade indecifrável
Que eu sempre duvidei que tu domines…
Vem depois deste aviso - o que é louvável… -
Ver se há, ou não, caminho que destines
E dar-me o teu conselho… esse improvável
Das linhas com que – pensas… - me defines.
Vem sempre de passagem, sem que faças
Do meu poema a tua residência,
Subtil como um enigma irresolvível,(*)
Passando sem notar as ameaças
Que nascem das alheias conivências
E crescem sem tornar-te, a ti, possível…
Maria João Brito de Sousa - 04.07.2011
* - "Irresolvível" - Neologismo criativo para insolúvel.
Na minha opinião a poesia não deve mostrar-se completamente fechada à ocorrência de um ou outro neologismo criativo. Querem-se, no entanto, muito esporádicos e nunca saturando gratuitamente um poema.
IMAGEM - Tela de Ernst Ludwig Kirschner - pintor expressionista