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Jun11
POEMA À PRIMEIRA DAS ÚLTIMAS MULHERES
Maria João Brito de Sousa
Imaculada, escrevo o que não devo
E inundo a absurda cova do meu fim
Com húmus inventado num jardim
Inexistente e, também ele, primevo…
Imaculada… e sei que me descrevo
Com o que de melhor existe em mim
Pois, se não fosse a cova ser assim,
Tão funda, tão escavada em seu relevo,
Talvez eu conseguisse enchê-la toda
Destes versos que enlaçam, numa roda,
O desmentir da minha identidade…
É, porém, tão mais funda e mais real
Do que é, do mar imenso, amargo o sal…
(mas nunca afirmarei que isto é verdade!)
Maria João Brito de Sousa