É DAQUI QUE TE ESCREVO
É daqui que te escrevo,
desta vontade que me veste de Abril,
de poemas e de farrapos também,
Daqui,
de onde me reconheço em ti espelhada
embora o perfil simples do meu cravo
sem nome, sem espinhos
e tão menos glorioso,
pareça negar cada verso que nasce…
Mas é daqui,
deste lado aguerrido de mim
onde vestida de um Abril em farrapos,
não dispo Abril apesar dos farrapos
de uma resistência que te não sei explicar
mas, presumo,
ninguém imaginaria que florescesse ainda…
Daqui,
de onde também eu
aprendi a amar a solidão
e a recriar o mundo
na sombra das ausências,
nos anos – tantos… - do verde caule
de um mesmo sonho de pétalas ao rubro,
Daqui
e porque o poema me apeteceu,
insurrecto e vermelho,
este escrever-te sem rima, nem medo,
com as armas florindo num canto menor.
Maria João Brito de Sousa – 19.06.2011 – 16.31h