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Jun11
QUE CULPA?
Maria João Brito de Sousa
Que culpa tinha ele da sua dor
Sem medida, nem fundo ou amplitude?
Que culpa, a dessas asas de condor
Em constante mudança de atitude?
Que culpa tinha o mar da sua cor?
Que culpa tinha a Culpa se a Virtude
Se culpava a si própria e, nesse ardor,
Mostrava quanto dela nos ilude?
Mais tarde serenou, calou bem fundo
As paixões funcionais que convocara
E encomendou ao Tempo a sua cura.
Sobreviveu culpando meio mundo
Por cada cicatriz que lhe ficara
De um tempo em que essa dor fora mais dura…
Maria João Brito de Sousa