30
Dez10
A PONTA DO VÉU
Maria João Brito de Sousa
Disto, que te não escondo, nada nego;
Nem o intenso olhar com que te fito,
Nem, vago, o esgar da dor que quase evito
Mas te revela o meu desassossego.
Do resto, que não disse, nem delego
Na boca de outro alguém, pois não admito
Que um outro assuma aquilo que foi escrito
Noutro modo verbal que nunca emprego,
Do restante - dizia – e dessas letras
Que, em tempos, me ficaram por escrever
Nos papéis que recordo (ou vejo e sinto?),
Surge a ponta do véu que esconde as metas
Que nunca revelou, mas, sem saber,
Te irá, depois, mostrar que te não minto.
Maria João Brito de Sousa – 29.12.2010 – 19.01h