DA INEXPLICABILIDADE DO POEMA
PUPPEN THEATER - 1923 – Aguarela sobre fudo de giz sobre dois papéis, debruado a aguarela e pena sobre cartão
Paul Klee
Como se me nascessem quando quero,
Como se eu carregasse num botão
E se materializasse a inspiração,
A tal que só me vem quando a não espero...
Como se fosse simples! Não tolero
Ser submetida a tanta sujeição!
Mas, se sou eu quem me comanda a mão,
Quem o comanda a ele? E desespero...
Mostra vontade própria, esse poema
Que faz o que quer porque nasceu
Do que não sei explicar, desse mistério
Que veio não sei de onde e, sem um tema,
Desceu sem me dizer por que cresceu
Tal qual como um ser vivo, sendo etéreo.
Maria João Brito de Sousa – 23.12.2010 – 17.10h
NOTA DE EDIÇÃO - Por esta estrada*, caminha-se para o subtítulo do Poetaporkedeusker, para a minha paralela paixão pela biologia, para o entendimento – ou não… - da abstracção e para todas as inexplicabilidades. Esta foi construída por mim e traz marcadores que são meus, que têm a ver com o percurso que eu escolhi depois da interacção com todas as infinitas variáveis que se me foram apresentando ao longo do caminho… mas é também, de alguma forma, a vossa estrada porque, na sua essência, nos remete, a todos, para a inexplicabilidade, em geral.
Façam favor…
*soneto…