SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XIX
FICCIONANDO
Eu amo a Poesia e a Verdade
E o meu pior pecado é não mentir…
Ficcionar? Tudo bem, se permitir
Que a ficção venha a ser realidade.
Se ficcionando alcanço a liberdade
- tanto quanto eu a posso pressentir... –
Já dela não me quero redimir,
Nem dela me afastar pela vontade.
Veloz, a poesia, me precede
E seguindo atrás dela nunca hesito
Em chegar onde alcança um simples verso;
Uma mesma vontade nos concede
Tentar ir `inda além do infinito
E vir a conhecer outro universo…
Maria João Brito de Sousa – 26.09.2010 – 15.32h
"I`M EVERY WOMAN..."
Eu sou cada mulher que vai morrendo
C`o filho adormecido nas entranhas,
Cada gesto do grito em que me acendo
E em que ensanguento os cumes das montanhas.
Por cada uma delas me apedrejam,
Por cada uma delas ressuscito,
Por cada uma exijo que me vejam
E reafirmo aquilo em que acredito.
Eu sou cada mulher. Ela também.
Sou filha, companheira, amante e mãe
De cada pulsação desse teu peito.
Sou quem te complementa e te ultrapassa,
Bicho moldado dessa mesma massa
De que, afinal, também tu foste feito...
Maria João Brito de Sousa – 26.09.2010 – 14.34h
FADO [MUITO] MALANDRO
Era noite, rompia a madrugada
Com a Lua já quase a adormecer,
Quando, enfim, acordei, alvoroçada,
Porque o Sol estava já quase a nascer,
Veio a Lua encontrar-me ali deitada,
Olhando para ti, mas sem te ver,
Jurando não te querer nada de nada
Pois sempre que te quis foi só “por querer”…
Ouviam-se uns acordes de guitarra
E o dia acontecia sem saber
Se a Lua se deitara amargurada
Porque o Sol começava a enrubescer
Ou se, ao invés, se rira à gargalhada
Daquilo que ali estava a acontecer…
Maria João Brito de Sousa – 25.09.2010 – 22.39h