24
Set10
O POEMA QUE O CORPO ME RECUSAVA
Maria João Brito de Sousa
Se um poema dependesse só de mim
E não desses milhares de variáveis
Que se não sabe quando têm fim
E que jamais se tornam dispensáveis,
Ou se escrevê-lo fosse sempre assim,
Tão certo quanto os meus inevitáveis...
Mas não! Erva que cresça num jardim
Expr`imenta mil destinos improváveis...
Agora, neste alívio de proscrita
Que aqui vai renegando o seu castigo,
A tactear, como se se espantasse,
Deixo, enfim, um poema que acredita
E que agora mostrou ser meu amigo
Por muito que o meu corpo o recusasse...
Maria João Brito de Sousa