SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XVI
UM BEIJO POR UMA HISTÓRIA
Fecha-me os olhos,” finta-me” a vontade
[ele há lá beijo que ousasse esquecer-me…]
E garante, depois, que foi verdade
O que mais tarde irá acontecer-me.
Não venhas desmentir-me; isto é saudade
Pois se o não fosse… como conhecer-me?
Nestas coisas do sonho, sem maldade,
Que a noite vem, por vezes, conceder-me,
Existe um quase-nada que fascina
E a dúvida, se existe, é dissipada
Por mil estranhos conluios da memória
Pois foi há tanto tempo… era eu menina
E mesmo não sabendo quase nada
Fazia, já, do sonho a minha história…
Maria João Brito de Sousa -08.08.2010 – 18.14h
UM MOMENTO DE PAUSA
Foi nas margens de um lago virtual
Onde, às duas por três, quis descansar
Que encontrei um estranhíssimo animal
Que por ali andava a vaguear…
Não podendo inseri-lo no normal,
Arquivei-o na pasta de “Invulgar”
E, sem que eu lhe fizesse nenhum mal,
Acabou, afinal, por “pôr-se a andar”…
Não se sabe o que pode acontecer
Quando um estranho animal nos desafia,
Desmentindo esse pouco que aprendemos…
Este fugiu de mim, que o queria ver,
Outro talvez pareça que confia…
Mas fujamos daquele que nunca vemos!
Maria João Brito de Sousa –
A DESCOBERTA
Serei sempre essa linha que escreveste.
Desígnios que não sei, me traçam torta,
Mas foi, contudo, a mim que Tu escolheste
No dia em que bateste à minha porta…
Tal qual uma gaivota, uma andorinha,
Traçando, noutros céus, seu rumo certo,
Serei trilho imperfeito em que caminha
Outro povo perdido… e outro deserto.
Inóspito rochedo em parte incerta,
Serei floresta virgem - mas aberta… -
Ao teu olhar sereno e vigilante,
Semente de alvorada que desperta
Que, por Ti, parte, ainda, à descoberta
Dos desígnios da vida, doce Infante!
Maria João Brito de Sousa