NO PÁTIO DA MINHA ESCOLA
Por favor, suba a escada invisível.
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Por favor, suba a escada invisível.
Eu fotografada por meu pai
na casa do Dafundo
*
UM AMOR COMO O MEU
*
Amor passou por mim. Vinha apressado
E cedo, muito cedo, me abordou,
Mas deu, ao abordar-me, um passo ao lado,
Ou fui eu quem sem qu`rer o assustou...
*
Retorna, Amor, insiste e é selado
Entre nós dois um pacto que assinou
Primeiro, Amor, depois, de braço dado,
A tonta que de Amor se embriagou...
*
Se mais tarde morreu, Amor, cansado,
Se foi eterno, Amor, enquanto amou,
Dir-vo-lo-á um vate consagrado*
*
Que se perdeu assim que o encontrou...
Pode, contudo, estar o vate errado
Já que a Amor como o meu nunca o provou!
*
Maria João de Sousa
29.06.2018 – 11.38h
***
* Referência a Luís Vaz de Camões
Imagem gerada pelo ChatGPT
*
A UMA "CHAMA QUE ARDE SEM SE VER"
*
Quem pode ver no Amor chama invisível,
se Amor se mostra avesso a definir-se,
e se esquiva e se torna intraduzível
no instante em que começa a traduzir-se?
*
Se além, se muito além do que é tangível
pudesse, o mesmo Amor, baixinho ouvir-se
nalgum sussurro que tornasse audível
a dor que Amor inflige ao despedir-se
*
Diríamos que Amor, sendo sensível,
passível de escutar-se e de sentir-se,
se em fogo se consome, é combustível...
*
Mas como pode arder sem consumir-se
quando, prá maioria, é impossível
para a Vida o jurar sem desmentir-se?
*
Maria João Brito de Sousa
25.06.2015 – 17.16h
***
Soneto Reformulado
*
Tela de minha autoria
*
POEMA À PRIMEIRA MULHER II
*
Imaculada, afirmo o que não devo:
Preencho a funda cova do meu fim
Com quanta flor eu colha de um jardim
Quimérico, insondável e primevo...
*
Ingénua, sem sonhar que me descrevo
À luz do sonho que nascia em mim,
Não fora o negro abismo ser assim
Profundo - tanto mais quão mais me elevo -,
*
Talvez pudesse projectar-me toda
Nos versos que me orbitam nesta roda
Que aspira a mais que à mera identidade...
*
Mas, finalmente, o germe do real,
Emerge do meu corpo de água e sal,
Amadurece e impõe-me outra verdade...
*
Maria João Brito de Sousa
20.06.2014 - 16.33h
***
Soneto Reformulado
Imagem gerada pelo ChatGPT
*
POBREZA
*
*
Vestiu-se de veludo e aos cabelos
Cruzados por riachos prateados
Prendeu dois ganchos lassos, muito usados,
Cobertos de pontinhos amarelos...
*
Meteu os pés inchados nuns chinelos
Baratos, duros, gastos e cambados:
Deixaram-lhe os dois pés muito apertados,
Mas já não se importou... sorte era tê-los!
*
Sobre os ombros lançou uma mantilha
De cor incerta, puída na textura
Como o vão sendo as coisas já sem cura
*
Que viajaram anos na partilha,
Mas que a mulher desmente na postura:
No mundo dela os restos são fartura.
*
*
Maria João Brito de Sousa - Março, 2016
In A CEIA DO POETA, (inédito)
***
Soneto reformulado
Imagem gerada pelo ChatGPT
***
VERÃO II
Custódio Montes e Maria João Brito de Sousa
*
1´
*
Começo do verão, tempo de praia
O tronco nu, ao sol e bem exposto
Moreno o corpo, o peito e todo o rosto
Vestidos sobretudo de cambraia
*
*
A perna nua, mal se vê a saia,
Pulseiras penduradas e com gosto
Em junho, julho e todo o mês de agosto
E andam namorados de olho posto
*
*
A sombra não se vê, anda apagada
O riso gira impante na esplanada
Há férias e festas, bailaçào
*
*
Convívios com amigos e jantares
Arruadas em festas populares
E tudo isso e mais há no verão
*
*
Custódio Montes
22.6.2025
***
2.
"E tudo isso e mais há no verão"
Que está a dar os seus primeiros passos
Neste ano de recursos muito escassos
Como vai sendo moda ou tradição...
*
*
Salto a fogueira do meu coração
Que para as outras não encontro espaços
E é assim que finto os meus cansaços
Quando festejo o bom do São João
*
*
Os mais jovens, erguendo os martelinhos,
Arrancam das moçoilas mil risinhos
Que podem prometer - quem sabe? - um beijo...
*
*
Pobre do alho porro que esquecido
Em nome do progresso foi banido
E já não representa amor/desejo...
*
*
Mª João Brito de Sousa
23.06.2025 -21.30h
***
3.
*
“E já não representa amor/desejo”
Mas mesmo assim aqui há martelada
Dos novos, velhos, mesmo petizada
Aos ombros dos mais velhos no cortejo
*
*
As bandas a tocar, tudo isso vejo
A gente sorridente e animada
Menina ao namorado abraçada
E ao juntarem a face a dar um beijo
*
*
O São João em Braga é famoso
Comemora-se o santo milagroso
E vem cá muita gente festejar
*
*
Depois ao fim do dia a procissão
Com gente em correria e animação
E despique de bandas a tocar
*
*
Custódio Montes
23.6.2025
***
4.
*
"E despique de bandas a tocar"
Vou relembrando enquanto, a toda pressa,
A camiseta enfio pla cabeça
E procuro os sapatos pra calçar
*
*
Pudesse o São João vir-me ajudar,
Mas receio que o santo desconheça
Esta João que corre e que tropeça
Em vez de simplesmente ir festejar...
*
*
Não tenho martelinho, mas talvez
O santo, que também é português,
Não leve a mal o meu "desenrascanço":
*
*
Levo a bengala em vez do martelinho,
Bebo o meu chá em vez de beber vinho
Mas, se me desafia, eu inda avanço!
*
*
Mª João Brito de Sousa
23.06.2025 - 10.00h
*
5.
*
“Mas, se desafiada, ainda avanço”
E tem um passo largo, divertido
Um lindo adereço no vestido
Que de gabar-lhe o estro não me canso
*
*
Com estes desafios que lhe lanço
Não sinto o seu cansaço acrescido
Responde a toda a hora e com sentido
Sem preocupação com o descanso
*
*
Eu é que sou mais lento, franzo a testa
Estou com muito sono, durmo a sesta
E talvez não responda ao seu poema
*
*
Logo quando acordar então vou ver
Se aquilo que acabo de escrever
Fugiu ou extravasou o nosso tema
*
*
Custódio Montes
23.6.2025
***
6.
*
"Fugiu ou extravasou o nosso tema"?
Eu digo já que não porque uma sesta
Cabe no V`rão tal como cabe a festa
De São João que acima usei por lema
*
*
E, agora, muito embora a mão me trema,
A Musa que a comanda fá-la lesta
E exige mais que a força que me resta
Pra terminar com graça este poema
*
*
Na mesa, à minha beira, o velho leque
É uma tentação... Antes que peque
Deixando este soneto inacabado,
*
*
Vou pôr a trabalhar a ventoinha
Pra ver se a mão se move mais asinha
Sobre as já gastas teclas do teclado
*
Mª João Brito de Sousa
23.06. 2025 - 21.00h
***
7.
*
“Sobre as já gastas teclas do teclado”
Teclas gastas mas com muito saber
Que sabem sua arte de escrever
E seguem esse rumo estudado
*
*
Eu canso-me no texto debruçado
Nem teclas tenho eu para bater
Escrevo ao sabor do acontecer
E o texto fica então finalizado
*
*
Acabo de chegar do São João
Atrasei-me, por isso, essa a razão
Porque apenas respondo mesmo agora
*
*
A coroa tem tempo, vou dormir
E quando acordar volto a vir
Amiga, não escrevo mais por ora
*
Custódio Montes
23.6.2025
***
8.
*
"Amiga não escrevo mais por ora"
Que é tarde, estou cansado e vou dormir!
Durma bem, meu amigo, que a seguir
Mais lestos correremos, C`roa afora
*
*
Quanto a mim, voltarei depois da aurora,
Umas horas depois de o Sol surgir...
Hoje não vou deitar-me sem rugir,
Sem dar à Musa a voz que ela me implora...
*
*
Nada do que lhe acabo de dizer
Tem ou terá alguma coisa a ver
Com a nossa conversa sobre o V`rão
*
*
Até depois, amigo, até depois
Que amanhã cá estaremos, nós os dois,
A festejar em grande esta estação!
*
*
Mª João Brito de Sousa
23.06.2025 -23.40h
***
9
*
“A festejar em grande esta estação!”
Coitada, a estação tem-me esquecido
Desviei para assunto ora vivido:
As rusgas na maré do São João
*
*
Mas agora que as festas já lá vão
E hoje é feriado apetecido
Depois de descansado e bem dormido
Volto ao tema deixado do verão
*
*
Calor aqui em Braga é por demais
Sem as brisas de Oeiras ou Cascais
Mais frescas por estarem junto ao mar
*
*
Se fosse como aí iria ver
Não me havia jamais de esquecer
Estaria o verão sempre a lembrar
*
*
Custódio Montes
24.6.2025
***
10.
*
"Estaria o verão sempre a lembrar"
Aqui na minha Oeiras cuja saia
Se vai estendendo até chegar à praia
Para no oceano a mergulhar
*
*
Eu, contudo, só vejo desse mar
Uma nesga azulinha que se espraia
E nel`vislumbro ao longe uma catraia
Em que algum pescador anda a pescar...
*
*
Mais logo - talvez sim ou talvez não -
Pode bem ser que desça ao rés do chão
Abra a porta e apoiada ao andarilho
*
*
Que tem rodas, travões e até assento,
Vá até ao café em passo lento
E tudo o que sentir aqui partilho.
*
*
Mª João Bito de Sousa
14.06.2025 - 13.00h
***
11.
*
“E tudo o que sentir aqui partilho”
O sol, este calor que nos arrasa
A sesta que início aqui em casa
Depois de regressar e findo o trilho
*
*
Que percorri do Porto, e até com brilho,
Até chegar a Braga com grão na asa
Para lhe responder, jogando a vasa
De cartas e um soneto que é meu filho
*
*
Mas voltando ao verão, o que lhe digo
É que assim tão intenso é um castigo
Em vez de tempo bom para se andar
*
*
Por essa rua fora a ouvir cantigas
E ver flores bonitas, raparigas
Como essas que se exibem junto ao mar
*
*
Custódio Montes
24.6.2025
***
12.
*
"Como essas que se exibem junto ao mar"
Brincando com as ondas ou na areia...
Será que alguma delas é sereia?
Não o sei, não lho posso assegurar
*
*
Mas se nalguma delas vislumbrar
Escama que tanto brilhe que encandeia,
Mudarei, certamente, a minha ideia
E nelas passsarei a acreditar!
*
*
Por cá, no meu estuário azul turquesa,
Jurou Camões que as houve e que em beleza
As humanas deixavam para trás
*
*
Quando vinham espreitar jovens casais
Que se amavam em ternos rituais
Julgando estarem sós e terem paz...
*
*
Mª João Brito de Sousa
24.06.2025 - 22.00h
***
13.
*
“Julgando estarem sós e terem paz…”
Estando distraídas e a amar
Nunca pensando andarem a cocar
Olhando para a frente e para trás
*
*
Quem ama sem temor não é capaz
De à sua volta ver ou imaginar
Quem o queira seguir ou espiar
Seja mulher ou homem ou rapaz
*
*
Com chuva toda a gente se atrapalha
Mas no verão, na praia, com toalha
Há quem com jeito e arte e atrevido
*
*
Se esconda numa duna junto à areia
Com o sol de verão que encandeia
E estenda o seu olhar e apure o ouvido
*
*
Custódio Montes
25.6.2025
***
14.
*
"E estenda o seu olhar e apure o ouvido"
Não vá alguém escutar ou mesmo ver
O que então ali está a acontecer
Que, a amar, sempre se faz algum ruído...
*
*
Dizem que amor de V`rão é sem sentido,
Que é amor que se acaba antes de o ser,
Que não dura e depressa irá esquecer
Quem por amor assim for consumido...
*
*
Tudo o que sei e posso garantir
É que o meu levou tempo a consumir
Embora eu fosse ainda uma catraia...
*
*
Amor de V`rão da minha adolescência
Que nem se apercebeu da tua ausência:
"Começo do verão, tempo de praia"
*
*
Mª João Brito de Sousa
25.06.2025 - 00.00h
***
Imagem processada pelo ChatGPT
*
O DIA EM QUE O MAR TREMEU
*
"A vista embebe na amplidão das vagas"
A velha mãe do jovem pescador
Mas nada enxerga além de pranto, dor
E um mar que, de tão cru, criava garras
*
Há quantos dias levantara amarras
E se fizera ao mar o seu amor,
O seu menino pleno do vigor
E da alegria própria das cigarras?
*
Sobre o areal branco o negro vulto
Confronta o mar num derradeiro insulto
Ao azul impassível que o roubara
*
E, toda raiva e fúria, avança agora
Rasgando as águas em que o filho mora:
Pra quê esperar se a dor já a matara?
*
Mª João Brito de Sousa
20.06.2022 - 13.45h
***
Poema criado a partir do verso final do soneto MATER DOLOROSA de Gonçalves Crespo e inspirado
pelas glosas feitas por Joaquim Sustelo ao mesmo texto poético.
***
Imagem gerada pelo ChatGPT
***
SONETO SEM TÍTULO IX
*
Vamos lá preparar-nos para a guerra
Com fisgas e forquilhas e bengalas
Pra tentar defender a nossa terra
De bombas de neutrões... e de cabalas!
*
*
Sei bem quanto a ameaça nos aterra:
De nada servirá fazer as malas
E correr para o mar ou para a serra,
Que de mísseis fugimos, não de balas!
*
*
Quem disse "sim" aos yankees na Terceira
Hipotecando assim as nossas vidas,
Os nossos sonhos, as nossas vontades?
*
*
Quem põe em risco a pátria toda inteira?
Quem a quer ver coberta de feridas?
Quem nos envolve em tais cumplicidades?
*
Mª João Brito de Sousa
25.06.2025
***
Imagem gerada pelo ChatGPT
*
VERÃO
*
Começo do verão, tempo de praia
O tronco nu, ao sol e bem exposto
Moreno o corpo, o peito e todo o rosto
Vestidos sobretudo de cambraia
*
*
A perna nua, mal se vê a saia,
Pulseiras penduradas e com gosto
Em junho, julho e todo o mês de agosto
E andam namorados de olho posto
*
*
A sombra não se vê, anda apagada
O riso gira impante na esplanada
Há férias e festas, bailaçào
*
*
Convívios com amigos e jantares
Arruadas em festas populares
E tudo isso e mais há no verão
*
*
Custódio Montes
22.6.2025
***
VERÃO II
*
"E tudo isso e mais há no verão"
Que está a dar os seus primeiros passos
Neste ano de recursos muito escassos
Como vai sendo moda... ou tradição
*
*
Salto a fogueira do meu coração
Que para as outras não encontro espaços
E é assim que finto os meus cansaços
Quando festejo o bom do São João
*
*
Os mais jovens, erguendo os martelinhos,
Arrancam das cachopas mil risinhos
Que podem prometer - quem sabe? - um beijo...
*
*
Pobre do alho porro que, esquecido,
Em nome do progresso foi banido
E já não representa amor/desejo...
*
*
Mª João Brito de Sousa
23.06.2025 -21.30h
***
Imagem gerada pelo Chat-GPT
a partir da leitura/processamento do poema
*
ACORDEI
*
"Tive pena, muita pena por ser dia"
E saber irreal quanto sonhara
Naquele instante-quase-alegoria
Dum ideal que sempre me guiara
*
Acordei tarde e cedo entenderia
As razões da tristeza em que acordara
Num mundo que eu pintara de alegria
E que em tragédias mil se me depara.
*
Em sonhos o criara e já perdia
Esse ideal de mundo, essência rara
Que em sonho e só em sonho existiria
Já que a realidade é sempre avara
*
E não nos dá sequer a garantia
De a madrugada vir a nascer clara
Depois da tempestade ou da avaria
Ou dos ventos que varrem a antepara
*
Da barca deste mundo. Que ousadia
Sonhar o que sonhei! Isto não pára,
Que os loucos de um poder que eu mal sabia
Vão abrindo uma f`rida que não sara
*
Maria João Brito de Sousa
21.06.2020 - 14.20h
*
Poema inspirado e criado a partir do último verso do poema "SONHEI..." de Joaquim Sustelo
***
Imagem Pinterest
*
O MONSTRO
*
O Monstro ataca em força quando f`rido
Na vaidade que tem ou se pressente
Que vai ser confrontado e salta em frente
E grita e gesticula enlouquecido...
*
O Monstro é cauteloso e prevenido
Porque antes de atacar aguça o dente
E vai falando até fintar a gente
Que tremerá, depois, ao seu rugido...
*
Este Monstro repugna, mas convence:
Sabe usar a mentira em seu proveito
E raramente hesita quando o faz
*
E muito embora pouco ou nada pense
Já desistiu de andar de cravo ao peito
Mas ainda se diz cultor da paz.
*
Mª João Brito de Sousa
20.06.2025 -23.24h
***
Imagem gerada pelo Chat-GPT
após leitura/processamento do texto poético
*
SEM TÍTULO VIII
*
Tão só te procurasse e não te encontraria:
Fosses breve euforia em astro que orbitasse
E logo o desenlace, o fim da sintonia,
De mim te esconderia até que eu te olvidasse...
*
Trazes na tua face o sol do meio dia
E em perfeita harmonia aceitas que em ti trace
Um arco que te enlace em graça e fantasia,
Luz que em ti brilharia enquanto eu a mandasse...
*
Se mais alguém te amasse e eu não soubesse quem,
Perguntaria a alguém que o visse ou o soubesse,
Mas ninguém te conhece e eu sinto desdém
*
Por quem não queira bem a quem tanto enaltece
Não o que só parece e sim o que É... Porém,
Tudo em ti resplandece e eu estou-te sempre aquém...
*
Mª João Brito de Sousa
20.06.2025
***
À Musa que mora em mim
*
Soneto Alexandrino com rima entrançada
AB,BA,AB,BA - AB,BA,AB,BA - AC,CD,DC - CD, DC, CD
***
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