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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
15
Jun24

O IMORTAL SONETO ALEXANDRINO

Maria João Brito de Sousa

Homem Vitruviano - L.V. (1).jpg

Homem vitruviano

Leonardo da Vinci

*

O IMORTAL SONETO ALEXANDRINO
*


Abre-se em leque extenso, amplia-se e seduz

Como raio de luz em nevoeiro denso...

Por vezes surge tenso, em fogo se traduz,

Mas é um ai-jesus tão suave quanto incenso
*


Jamais houve consenso entre quem lhe faz jus,

Mas ninguém o reduz pois jus faz ao bom senso

E quando um ódio intenso o quer levar à cruz,

Levanta-se e reluz, mostra-se infindo, imenso!
*


Ou suscita paixões, ou raivas e desprezo,

Mas lá renasce ileso imune às agressões

E prenhe de ilusões, vivo, brilhante, aceso!
*


Tem forma sem estar preso às velhas convenções,

Resiste às tentações, sustenta-lhes o peso...

Sabe bem quanto o prezo e, a mim, dá-me lições.
*

 

Maria João Brito de Sousa

15.06.2020 - 15.23h
***

13
Jun24

ESSÊNCIA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

young lady with cat pint (1).jpg

Imagem Pinterest

*

ESSÊNCIA
*

Mudas de espanto e sem fazer sentido

Nascem palavras, brotam sensações

Que se entrechocam num ponto perdido

Gerando prados, montanhas, vulcões
*


Trocando as voltas ao que foi pedido,

Emudecendo a voz de outras questões

Com que se tenham já comprometido,

Muito senhoras das suas razões!
*


Como ecos fundos, chegam sons distantes

Que, cá por dentro, fazem ressoar

Roucos murmúrios de ideias constantes
*


Músicas loucas, vibráteis, pulsantes

Em que o desejo se ousa decifrar

Na pauta insone de uns versos cantantes
*


Maria João Brito de Sousa

16.05.2014 – 16.54h
***

 

13
Jun24

BANDEIRA DE CORSÁRIO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

old boat pint (1).jpg

Imagem Pinterest

*

BANDEIRA DE CORSÁRIO
*


À nuvem que crescia ordenei: - Gela!

E ela estremeceu, mas não gelou.

Quis pintar qualquer coisa e gritei: - Tela!

Mas ela fez-se surda ou nem escutou
*


Restava-me a memória, esta sequela

De um sonho (in)conquistado que passou,

Escondida onde nem eu dava por ela,

Murchando à sombra desta que hoje sou
*


Escrava da minha própria liberdade,

Jamais o burburinho da cidade

Me há-de arrancar à paz do meu estuário
*


Sobre o convés do galeão, que piso,

Disparo o meu canhão, sem pré-aviso,

E desfraldo a bandeira de corsário.
*


Maria João Brito de Sousa

19.07.2018 – 17.15h
***

Às minhas memórias de Emílio Salgari

10
Jun24

SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Avó Alice, avô poeta e eu - Algés.jpg

Eu com a avó Alice e o avô poeta na varanda da casa da rua

Luís de Camões

***

SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA
*


Se hoje escrevo com força de trovão

E o chicote do raio me ilumina,

São as minhas memórias de menina

Que, debruçadas neste coração,
*


Me enfunam das razões que há na razão

Essa improvável vela que, à bolina,

Singra agora indomável peregrina

Dos ventos que vão rumo ao furacão
*


Lembras-te, avô poeta, desses dias

Das chuvas fortes e das ventanias

Que tanta vez saudámos fascinados
*


P´las vergastas de luz que ribombavam

Colorindo as rajadas que açoitavam

Os nossos rostos mudos e assombrados?
*

 


© Maria João Brito de Sousa - Julho, 2020
*

(escrito no dia a seguir à grande trovoada de Verão)

 

10
Jun24

DIA DE PORTUGAL DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS

Maria João Brito de Sousa

 

 

Luiz Vaz de Camões

*

LVC (2).jpg

*

OLHOS FERMOSOS EM QUEM QUIS NATURA

*

Olhos fermosos, em quem quis Natura

mostrar do seu poder altos sinais,

se quiserdes saber quanto possais,

vede-me a mim, que sou vossa feitura.
*


Pintada em mim se vê vossa figura;

no que eu padeço retratada estais;

que, se eu passo tormentos desiguais,

muito mais pode vossa fermosura.
*


De mim não quero mais que o meu desejo:

ser vosso; e só de ser vosso me arreio,

por que o vosso penhor em mim se assele.
*


Não me lembro de mim, quando vos vejo,

nem do mundo; e não erro, porque creio

que, em lembrar-me de vós, cumpro com ele.
*


Luís de Camões
***

16 - Mai 2024 - Cabêlo de Maria João.JPG

Eu no meu melhor ângulo, fotografada por Carlos Ricardo

*
I
*

Tal quis Natura por um breve instante

Que está Natura sempre em movimento

E nunca hesita em nos privar de alento

Se algum de nós se mostra algo ofegante
*


Ao vate juvenil, forte e pujante

Que cria versos ao sabor do vento

E que, sorrindo, a tudo esteja atento

Dá-lhe Natura o dom de ser galante
*


Porém ao que envelhece e que hesitante

Mal pode garantir o seu sustento

Rouba Natura a graça e só garante
*


Que a Morte em breve finde o seu tormento

E que o guarde consigo, enfim distante

Dos mais a quem legou esforço e talento
*

II

*
Nunca nos dá, Natura, um dom constante,

Que para tal não tem consentimento

E o maior esplendor não fica isento

De transformar-se em cinza fumegante
*

 

Que o Tempo é, de Natura, eterno amante

E ao moldar-nos o corpo é violento:

Jamais vereis as rugas que ora ostento,

Nem o meu passo já cambaleante...
*


Estais muito longe e disso me contento

Porquanto não sabeis quão humilhante

Fora poder mostrar-me um só momento:
*


Tão gasta estou e tão deselegante

Que implorarieis pl`o distanciamento

Desta  que credes bela e fascinante.
*

 

Mª João Brito de Sousa

10.06.2024 - 00.00h
***

O soneto de Camões foi retirado do blog Sociedade Perfeita

 

 

 

 

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