Maria João Brito de Sousa
POEMA MEU DE CADA DIA *
Sei-o só porque o sei e mais não digo
Que a estrofe, irredutível, se me impõe
Na estranha convicção que me propõe
E também na desculpa em que me abrigo *
Sei-o, tal como a terra sabe o trigo
Nessa complexidade que o compõe,
Tal como a razão trai se pressupõe
Por cada floração um rasto antigo... *
Sei-o de outro saber que é muito meu
Que se chama poema e se esqueceu
De vir documentado ou ter razões *
E por mais que o descreva apenas eu
Terei provado o mel que então escorreu
Dos versos que me encheram de ilusões *
Maria João Brito de Sousa
21.02.2012 – 19.07h ***
publicado às 11:44
Maria João Brito de Sousa
BEWITCHED *
Vou fazer uma mandinga,
uma mezinha qualquer
que exorcize uma zandinga
qu`inda há pouco estive a ler *
Porque onde a lágrima pinga
morre a esperança de vencer:
O proletário não vinga
E o burguês nem quer saber! *
Vidente não sou, nem maga,
futurismos nunca fiz,
nem sei rogar uma praga *
Mas quando torço o nariz
esqueço a flor, torno-me fraga,
Ninguém me dobra a cerviz! *
Mª João Brito de Sousa
08.01.2023 - 22.00h ***
Bewitched (Enfeitiçado) é o título original da série norte americana Casei Com Uma Feiticeira de que os leitores menos jovens ainda devem estar lembrados.
publicado às 11:34
Maria João Brito de Sousa
Faça aqui o seu levantamento
publicado às 11:57
Maria João Brito de Sousa
Tela de Murillo
UM DIA NA VIDA DE DUAS PALAVRAS * (A Egoísta e a Atrasada) *
Ergueu-se Egoísta e abriu a janela
Do quartinho dela. Lá fora gelava
Que o dia raiava e ela, só ela,
Espreitava, à cautela, a luz por que ansiava *
E se debruçava pra colher da estrela
Brilhante e amarela, o calor que emanava...
Logo outra, a Atrasada, que vinha atrás dela
Mal vendo o que a ela tanto a encantava *
Gritou: - Só faltava!, tu julgar-te-ás
Melhor que as de trás? Arreda, travessa,
Que ainda a luz cessa antes que te vás *
E eu sou bem capaz de a não ver toda acesa...
Depressa, depressa, sai já de onde estás!
Que frio que aqui faz... Quero estar onde aqueça! *
Mª João Brito de Sousa
07.01. 2023 - 12.15h ***
publicado às 12:48
Maria João Brito de Sousa
VIAGEM ESPACIO-TEMPORAL *
A Marte não posso subir nem descer
Conforme o sentido se entenda no espaço,
Mas posso ir sonhando, se bem me aprouver,
Passear nos astros sem dar um só passo *
Por lá irei estando enquanto puder
E irei descansando deste meu cansaço
Ao qual sem ter escolha me deixei prender
Até que alguém venha soltar-me do laço *
A que fiquei presa. E perco-me em Marte,
Na Terra, na Lua e por toda a parte
Vestida de abraços, sorrindo encantada, *
Por amor à Vida, transmutada em arte
Que não sei exprimir-te nem posso explicar-te
Conquanto me saiba por ela explicada. *
Mª João Brito de Sousa
01.09.2017 – 17.21h ***
(Soneto reformulado)
publicado às 10:44
Maria João Brito de Sousa
ESPÓLIO *
(Soneto monostrófico) *
Quando eu partir, amigos - já me tarda
no tempo cada passo nesta estrada -,
Guardai da leda Musa que me (a)guarda
Não mais que uma pequena gargalhada
Nunca maior que um grão dos de mostarda
Que espero que lanceis em terra arada...
Cuidai de não queimar-vos, ainda que arda,
Que o que vos deixo é tudo... e não é nada
Porque não é memória que perdure,
Ou som que repercuta e que se funda
Com qualquer outro som que configure
Mensagem que vos toque ou vos contunda...
O mais certo é que o mundo ma descure
Ou que com seus opostos ma confunda. *
Mª João Brito de Sousa
04.01.2023 - 14.20h ***
publicado às 20:00
Maria João Brito de Sousa
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publicado às 11:55
Maria João Brito de Sousa
Leia aqui , por favor
publicado às 14:05
Maria João Brito de Sousa
NEM SE ME RESTAM FORÇAS... *
"O sol se iluminasse. E fosse breve"
Este cansaço imenso que me prende
A mão que quer escrever e nada escreve,
A Musa que fraqueja e que se rende *
Esquecida já do tanto que me deve
Ou, de longe, dizendo que me entende
Tão só quando o que peço seja leve
Qual pequenina chama que se acende... *
Sendo porém complexo o que lhe exijo
E pesada a tarefa de o escrever,
Recolhe, exausta, a Musa ao esconderijo *
A que não chego por desconhecer
O peso das palavras que redijo
Nem se me restam forças prás colher. *
Mª João Brito de Sousa
01.01.2023 - 16.20h ***
Soneto criado a partir do último verso do soneto ESCREVEMOS DOCEMENTE de Fernando Echevarría, no blog A MATÉRIA DO TEMPO
publicado às 16:42