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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Nov22

SONETO PROLETÁRIO

Maria João Brito de Sousa

Peasant woman - V. V. Gogh (1).jpg

SONETO PROLETÁRIO
*


Nas redacções do meu imaginário,

Agora menos fértil, mais cansado,

Se (a)colho um verso humilde e proletário,

Fico segura de não ter errado
*


E sigo em frente. O texto, solidário,

Flui no papel como regueiro em prado

E a Musa empunha o sacho do cenário

Que enquanto escrevo vai sendo lavrado
*


Mas se perto do fim as mãos me doem,

Se os olhos se me cerram de cansaço

A quatro versos - ai! - do fim do texto,
*


São os sachos que lavram e compõem

Estes últimos versos, traço a traço,

Pra que o regueiro venha aguá-los, lesto.
*


Mª João Brito de Sousa

30.11.2022 - 10.50h
***

 

Imagem - "Peasant Woman", Vincent Van Gogh

29
Nov22

AQUELE VERSO QUE UM DIA PERDESTE- Reedição

Maria João Brito de Sousa

Aquele teu verso perdido (1).jpg

AQUELE VERSO QUE UM DIA PERDESTE
*

 

Àquele verso que se te escapou

Quando te passeavas na cidade,

Julgo ter sido eu quem o achou

No chão caído e morto de saudade
*


Desse poema que nem começou

Por culpa sua, ainda que a vontade

Lhe pedisse uma urgência que calou

Por ter perdido a oportunidade.
*


Quis devolver-to mas, fragilizado,

Dissolveu-se inteirinho ao ser tocado

Embora eu lhe tocasse tão de leve
*


Que pareciam seda, estes meus dedos...

Versos perdidos são como os segredos:

Se descobertos, têm vida breve.
*

 

Maria João Brito de Sousa

21.01.2019 – 14.12h
***

Poema reformulado

28
Nov22

FOI NUM NATAL MUITO FRIO

Maria João Brito de Sousa

foi num natal muito frio.jpg

FOI NUM NATAL MUITO FRIO
*

I
*
Era o Inverno mais frio

De que podia lembrar-se,

Mas nem tentou lamentar-se:

Se gritou, ninguém ouviu
*


Corressem-lhe, embora, a fio

As águas, a agigantar-se

Cada dor até soltar-se

O filho que então pariu...
*


Era o vento que soprava,

E era a chuva que, impiedosa,

Açoitava o velho quarto
*


Mas só no filho pensava

Quando sobre a colcha rosa

Suportava as dores do parto
*

II
*

Nunca teve anjo, nem estrela

Que a viesse iluminar,

Só o menino a chorar,

Num cestinho à luz da vela
*


A criança, o cesto e ela,

O improviso de um lar

Onde ela o põe a mamar

Sob um céu que a agride e gela...
*


Não veio nenhum rei mago

Trazer-lhe ouro, incenso e mirra,

E nem sequer José veio
*


Fazer-lhe um pequeno afago

Na desmedida barriga

Nem dar-lhe um pão de centeio
*

III
*

Nesse Dezembro gelado,

Nem vaquinha, nem burrico,

Só da chuva algum salpico

Saudou o recém chegado
*


Pequenino ali deitado,

Tão pobre e de amor tão rico

Quão emocionada fico

Por havê-lo aqui citado...
*


Mas esse menino existe!

Citá-lo é citar milhares

De crianças sem futuro,
*


Ou na situação mais triste

Que, sem esforço, imaginares

Se o teu coração for puro.
*

 

Mª João Brito de Sousa

27.11.2022 - 18.30h
***


Poema em sonetilhos inspirado no título do poema de Dália Micaelo

"Era o Inverno Mais Frio..."

 

 

25
Nov22

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI - Reedição

Maria João Brito de Sousa

se a navalha nos falha....jpg

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI
*


Se, no fio da navalha caminhando,

A navalha nos falha, oscila e cai,

Sem um suporte, tudo se nos vai

E sem asas, nem chão vamos ficando...
*


A que nos agarramos se, oscilando,

Até o gume, de repente, trai

Aquilo que nos nega e que subtrai

Ao pouco que antes fomos avançando?
*


A própria Musa, desasada fica,

A corda, retesada, já não estica

E os versos, um a um, caem também
*


Da tal pauta invisível que os prendia

Ao fio duma navalha que os servia

E que não serve agora a mais ninguém.
*

 


Maria João Brito de Sousa

11.01.2019 – 12.16h
***

 

24
Nov22

OBITUÁRIO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

obituário.jpeg

OBITUÁRIO
*

 

Morri, segundo fonte oficial...

A (a)creditada folha assim me informa

Num breve obituário de jornal

De pequena tiragem, como é norma.
*

 

Esfrego os olhos! Duvido! É natural

Que apesar de não estar em grande forma,

Me revolte e entenda que está mal

Morrer sem ter gozado da reforma
*

 

Leio de novo. Não, não era um erro,

Podia ler-se a data do enterro:

"Rebéubéu, zaz-traz-paz, tantos de tal".
*

 

Sem pressas, cerro um olho. Ao outro o cerro...

Contudo, o meu cadáver, mesmo perro,

Ergue-se e escreve o verso terminal.
*
 


Maria João Brito de Sousa

17.07.2018 – 15.46h
***

23
Nov22

CATIVEIRO

Maria João Brito de Sousa

Cativeiro.jpg

CATIVEIRO
*


Como meridiano-de-mulher

Na divisão do Ser em hemisférios,

Sou o imponderável dos mistérios

Que explica o seu mistério a quem quiser
*

 

Falo a quem me entender, a quem souber

Dentro de si achar outros impérios,

Se farto das prisões e cemitérios

A que a futilidade os quis prender
*


Falar-vos-ei de um tempo-antes-do-tempo

Bem como dos futuros-infinitos

Que ainda estão por vir no mundo inteiro
*

 

E de um maior, mais justo entendimento...

 Tudo quanto se ler nestes escritos

Nasceu da liberdade em cativeiro.
*

Maria João Brito de Sousa

14.05.2008 - 02.53h
***

(Poema ligeiramente reformulado)

22
Nov22

MEMORANDO FLORBELA ESPANCA E JOSÉ MANUEL CABRITA NEVES

Maria João Brito de Sousa

 

José Manuel Cabrita Nevess.jpg

ACRÓSTICOS A FLORBELA
*
Memorando Florbela Espanca e José Manuel Cabrita Neves
*

ACRÓSTICO
*

Fui a tristeza, a mágoa, a solidão!

Longe da felicidade e da alegria,

Ostentei um caminho que sabia,

Reverso e controverso de paixão…
*

Bebendo silenciosa a nostalgia,

Enquanto eu era toda adoração,

Lia nalguns olhares condenação,

A esse amor tão puro que sentia…
*

Errei pois por amar quem não devia,

Seguindo a terna voz do coração,

Peregrina fiel duma ilusão,

Alimentando a cega idolatria…
*

Não creio haver sequer comparação,

Com esta minha entrega doentia,

Ao dedicar-me inteira ao próprio irmão!...
*

José Manuel Cabrita Neves
***

ACRÓSTICO- RESPOSTA
*
*

Fui, sim, tristeza e mágoa e solidão,

Lamento de infindável nostalgia

Ornato de candura e poesia,

Remate de perfeita (in)confecção
*

 

Bordado a ponto-cruz sobre aflição,

Errando, ou não, - conforme a disforia... -,

Louca, talvez, que muito bem sabia

A que conduziria tal paixão...
*

 

Estou livre, no entanto - quem diria? -

Singrando agora uma outra imensidão,

Passando, sem passar de mão em mão,

Adivinhando já o que antes qu`ria...
*

 

Não pude responder-te - ó decepção! -,

Cuidando, embora, que te respondia...

Ah, que me importa? Nunca amaste em vão?
*


Maria João Brito de Sousa

09.02.2016 - 17.21h
***

FLORBELA FOTO (2).jpeg

20
Nov22

NAS ARTÉRIAS E V(E)IAS DA CIDADE - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Nas artérias e ruas da cidade.jpg

NAS ARTÉRIAS E V(E)IAS DA CIDADE

Reedição
*

 

O sangue inunda as veias da cidade

Vindo da fonte humana que o contém

E só por uns instantes se detém

Para beber um copo na Trindade,
*

 

Para dizer bom dia a quem lá vem,

Pra dar-se num abraço de saudade,

Pra comer uns natinhas em Belém

Ou na Avenida que é da Liberdade...
*

 

Corre esse sangue em estranho descompasso

Do Marquês ao Terreiro que, do Paço,

Passou a ser do povo que é sa(n)grado,
*

 

E nessa infinda, imensa hemorragia

Esvai-se a cidade inteira, dia a dia,

Ao som das mansas notas do seu fado.
*

 

Maria João Brito de Sousa


22.06.2018 -15.48h
***

 

 

Pág. 1/3

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