Maria João Brito de Sousa
LUCIDEZ *
Pela Paz Entre os Povos *
Coroa de Sonetos *
Mª João Brito de Sousa e Custódio Montes
* 1. *
Se a alguns mataste, a outros deste vida
E a mim já me salvaste tanta vez,
Que se me abandonasses, lucidez,
De mim própria estaria já perdida *
Sem um rumo, uma porta de saída,
Saltando de talvez para talvez,
Desconhecendo todos os porquês
Desta vontade de me ver cumprida *
Ainda que, por vezes, de revés,
E noutras tantas vezes de fugida
Ao sabor da nortada e das marés, *
Mas sempre, Lucidez, comprometida
Com aquilo que sou - porque tu és! -
O meu cais de chegada e de partida. *
Mª João Brito de Sousa
21.03.2022 - 10.50h ***
2. *
“O meu cais de chegada e de partida”
É paz e ter amigos entre os povos
Sermos todos, os velhos e os novos
A raça entre todos protegida *
Em cada canto termos guarida
E duns e doutro nunca ser estorvos
Nem aves de rapina ou uns vis corvos
Num mundo que preserve sempre a vida *
As guerras são tormentos escusados
De crianças e jovens condenados
A um mundo sem luz nem condição *
Ergamos nossos braços na alegria
Para acabar de vez esta sangria
Que nos destrói a alma e o coração *
Custodio Montes ***
3. *
"Que nos destrói a alma e o coração"
E nos sonega a esp`rança num futuro
Bem mais igualitário, enfim seguro,
Livre da sordidez da exploração... *
Eu que à guerra entre os povos digo não,
Que sempre direi não a todo o muro,
Que acendo uma fogueira se faz s`curo
No verso em que tropeça o meu irmão *
Eu que abomino o grande deus-dinheiro
Que domina e corrompe o mundo inteiro
Para melhor passar a ser servido, *
Alguma lucidez hei-de guardar,
Já que a julgo espalhar e semear
Ao longo do caminho percorrido *
Mª João Brito de Sousa
25.03.2022 - 15.30h
***
4. *
“Ao longo do caminho percorrido”
Temos que ser capazes de escolher
Entre o bem que o dinheiro deve ter
E o mal que faz ao povo corrompido *
Ter firme lucidez é o devido
Mas muitas vezes esse dever-ser
Fica-se num querer e não querer
E erra-se a lucidez no escolhido *
Mas mesmo assim nós temos que tentar
E termos na consciência um pensar
Que afaste o que é mal e traga o bem *
Andarmos de mãos dadas como amigos
Enfrentarmos em conjunto os perigos
Sem molestar os outros nem ninguém *
Custodio Montes
25.3.2022 *** 5. *
"Sem molestar os outros nem ninguém"...
E, aqui, a lucidez faz-me parar
Para melhor pensar e perguntar:
"A ninguém molestar, a quem convém?" *
E diz-me a lucidez que há sempre alguém
A quem devemos mesmo molestar
No grande impr`ialismo secular
De que a razão dos povos jaz refém *
Por isso racional mas não grosseira
Vou molestá-los de qualquer maneira
Quando, lúcida, aponto o dedo à f`rida, *
Ou ergo o véu que esconde a sujidade...
Preferem, os "grandões" que essa verdade
Seja ignorada e fique bem escondida. *
Mª João Brito de Sousa
25.03.2022 - 17.25h
*** 6. *
“Seja ignorada e fique bem escondida”
Mas nós devemos sempre pô-la à vista
Para não se esconder a sua pista
E ser escancarada e conhecida *
E com toda a verdade esclarecida
Pomos esses mandões no rol, na lista
E com a lucidez vai-se à conquista
E a mentira então vai de vencida *
O que quero dizer “sem molestar”
É para termos armas e lutar
Fazendo sempre o bem, dando o sinal *
Mas quando ofendidos por rapace
Nunca se lhe oferece a outra face
Lutamos contra ele e contra o mal *
Custodio Montes
25.3.2022 *** 7. *
"Lutamos contra ele e contra o mal"
Que o mesmo espalha sobre o mundo inteiro...
Mas quem derrubará o deus-dinheiro
Quando o bom-senso pouco ou nada vale? *
Todavia, que o justo se não cale,
Que não abrande o passo o caminheiro,
Nem naufrague a barcaça do barqueiro
Até que o homem novo em nós se instale *
E (re)formule as multinacionais
Até que todos não tenhamos mais
Do que quanto nos baste pra vivermos *
Distribuindo equitativamente
O que mais falta faça a toda a gente:
Que um dia a todos caiba o que colhermos! *
Mª João Brito de Sousa
25.03.2022 - 21.40h ***
8. *
“Que um dia a todos caiba o que colhermos”
E que quem nada tenha possa ter
Amparo, amor e pão para comer
E a todos força dê para vencermos *
Mas para todos nós assim o sermos
A guerra e a podridão deviam ser
Extintas para sempre e só vencer
A paz e o amor e assim todos vivermos *
Seria o ideal … a lucidez
Nos trava essa conquista cada vez
Que a mão pega na pluma da razão: *
É tanta a avidez e aleivosia
Que o ser humano não se distancia
Da guerra, da miséria e podridão *
Custódio Montes
26.3.2922 ***
9. *
"Da guerra, da miséria e podridão",
E à clivagem crescente e tão brutal
Que existe entre trabalho e capital
Há-de impor-se, bem lúcida, a razão *
Do operário que estando "em construção"
Não pôde inda exigir ao seu igual...
Estará cumprida a "construção" final,
Quando a nenhum de nós faltar o pão *
Mas esta luta é outra e bem dif`rente
Do xadrez fratricida e prepotente
Dos tabuleiros dos grandes senhores *
Por isso eu escrevo LUTA, apago GUERRA
E tanto anseio pela PAZ na Terra
Quanto desejo um fim prás nossas dores. *
Mª João Brito de Sousa
26.03.2022 - 09.50h ***
10. *
“Quanto desejo um fim prás nossas dores”
Mas títeres há muitos e são tais
Que rasgam terra e mar como animais
Cidades e outeiros e arredores *
Semeiam ao redor só vis horrores
Verdugos sem princípios, anormais,
Corruptos sem vergonha e imorais
Lúciferes na morte, sem pudor *
Na luta, lutaremos sem descanso
E lúcidos faremos o balanço
Para termos vitória cá na terra *
Abaixo os sanguinários ditadores
Que só lhes sobra raiva e, rancorosos,
Atormentam os povos com a guerra *
Custodio Montes
26.3.2022 ***
11. *
"Atormentam os povos com a guerra"
Que sempre encerra int`resses inconfessos
E os inocentes são quem paga os preços
Do alto preço de cair por terra... *
E sempre que uma guerra em nós desferra
A mais brutal das fúrias dos possessos,
Somos nós os garantes dos progressos
Dessa besta que aponta e que não erra... *
Que a luz da lucidez nos ilumine
Num`outra luta que tão só domine
Quem nos imponha guerra e exploração *
E que um futuro justo e solidário
Sorria um dia a todo o proletário
Num mundo rico em Paz e farto em Pão! *
Mª João Brito de Sousa
26.03.2022 - 14.00h ***
12. *
“Num mundo rico em paz e farto pão”
Esse mundo com pernas para andar
Havendo gente boa e a mandar
E que tivesse amor no coração *
Mas há em todo o lado o figurão
Que quando lá se apanha a governar
Passa a vida a mentir e a enganar
Dizendo tudo ser pela nação *
Que o povo ao votar repare bem
Se vota na pessoa que convém
Para gerir os bens da sociedade *
Sê fino, português, dá o teu voto
A quem seja honesto, não escroto
Sê lúcido e escolhe a probidade *
Custodio Montes
26.3.2022 ***
13. *
"Sê lúcido e escolhe a probidade"
Que por enquanto, amigo, o rumo é esse;
Neste mundo nem sempre o que parece
Corresponde, afinal, à realidade... *
Mas enquanto a dulcíssima Igualdade
Lá no topo da Luta amadurece,
Dá o teu voto a esse que o merece,
Esquece o que mente em nome da verdade *
E se, indeciso, tens dificuldade
Na escolha, pensa bem, pensa à vontade
Quem melhor representa o teu interesse *
De classe, sempre que há dificuldade
E o poder de compra se te evade
Antes que finde um mês e outro comece. *
Mª João Brito de Sousa
26.03.2022 - 17.30h ***
14. *
“Antes que finde um mês e outro comece”
Nunca se perca o rumo da viagem
Para que em cada dia sem miragem
Se atinja tudo aquilo que apetece *
Mas um apetecer que se merece
E não o que pretende a vilanagem
Com tortuosidade e vassalagem
E ao lado o semelhante que empobrece *
Por isso, lucidez, a ti te peço
Que me guies a mim como mereço
E me dês, nos tormentos, guarida *
Já salvaste muita gente sobre a terra
Perdoamos-te agora, acaba a guerra
“Se a alguns mataste, a outros deste vida” *
Custódio Montes
26.3.2022 ***
publicado às 12:22