Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
"Que encontro a força pra mover montanhas" E destrono a Musa feiticeira, Que de repente em manhas e artimanhas Dá volta ao miolo e traz canseira! *
Ah, como me apraz saber-me capaz De improvisar sem ter fada madrinha P'ra o toque final, tão bem que isso faz! Não sendo ingrata, também sou estrelinha! *
Venha o pôr do Sol, que eu desfilo ao lado! Haja mar altaneiro e mais natureza Para me consolar no poema amado! *
Se tiveres de novo a delicadeza De sobrevoar o meu céu estrelado Serás o luar dos meus dias de tristeza. *
IV * "Soube acender em mim tanta incerteza..." Por minha culpa, entreguei o coração Num dia núveo p'ra sentir firmeza Na minh' alma ao compor uma canção; *
Mas, dias não são dias, hoje sei bem O quanto tu me amaste na surdina; Se me foges é porque queres-me bem E eu sempre preciso da lamparina... *
Ah, quantas as noites o Morfeu não vem! E, o que me têm acesa noite adentro És mesmo tu: ó Musa de todos sem... *
Querubina da colina, epicentro Da retina, qual o horizonte advém Liberto, peculiar do circuncentro! *
X * "Nada do que foi escrito é escatológico" São meros laivos de raízes profundas Ao vocábulo impugnando o lógico Da maré, que se adivinha nas fundas! *
Assim, esvaziado o pote mágico Calcorreado vai o pensamento Ao leme dum desnorte nostálgico Implorando pelo sentimento. *
Desvanece o modo de frasear Porque escasseia a leda inspiração, Que só dotados sabem desenrolar. *
Cabe-me mover montanhas p'ra achar O dom que outrora abria o coração Num leque emotivo de fascinar! *
Ró Mar | 20/01/2022 ***
XI *
"Num leque emotivo de fascinar(!)"
Lançou ao vento um punho de sementes;
De pé ficou, cerrados os seus dentes
Que mais não tinham para mastigar *
Já que as sementes rodavam no ar
Todas seguindo rotas bem diferentes...
Que faria sem ter ingredientes
Pra pôr na mesa o pão do seu jantar? *
Por que razão tivera tais repentes
E perdera as sementes sem pensar?
O vento não devolve em pratos quentes *
Palavras acabadas de idear,
Mas pode um poema ser manjar de gentes,
Tentear-lhes a fome... e até sobrar? *
Mª João Brito de Sousa
20.01.2022 - 19.15h ***
XII * "Tentear-lhes a fome... e até sobrar" Para procriar fiapos noutra sequência Expetante que venha a melhorar O cardápio com dose de paciência. *
E, por este labirinto sequiosa Duma boa prosa escarafuncho Até aos confins, nada receosa, Embora se denote o caruncho. *
Tenha eu ainda alguns dentes molares Até ao dia de partir... hei-de sorrir, Dar dentadas nas côdeas e acenares *
Ao universo o uno verso de devir Num cear coerente de afagares Saciar famintos de estro... coexistir... *