Maria João Brito de Sousa
POR UM MELHOR 2022! *
Rogamos ao Futuro um bom futuro
Cansados já do ano que é passado
Ao qual pagámos o bem alto juro
Do que sonhámos... e nos foi negado *
Criámos uma ponte? Um novo muro
Nela se ergueu - caminho bloqueado! -
E a cada passo dado, o chão, de duro,
F`riu-nos de morte assim que foi pisado... *
Ainda assim sonhámos e sorrimos,
Acreditámos no que nunca vimos
E seguimos em frente. É isto, a vida... *
Nós, pedacinhos dela, nós, que amamos,
Ignoramos as pedras e escalamos
Os grandes muros da Razão perdida. *
Mª João Brito de Sousa
31.12.2021 - 19.15h
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publicado às 19:44
Maria João Brito de Sousa
PÁSSARO DE LÍTIO *
Meu reino por um teste negativo!
Soa ao longe este apelo que é pungente
De alguém que não conheço e, de repente,
Tudo é fugaz, incerto, inconclusivo *
Pra mim, que já não saio nem convivo
E que não posso ser senão prudente
Por força do que o corpo me consente
Desde que por inépcia está cativo... *
No céu, voa um pardal de asas de lítio
Pronto a pousar, ou não, em qualquer sítio
Em que descubra verso onde pousar *
E brota o verso, a custo, das sementes
Duma incerteza que nos cerra os dentes
Sobre a paixão que no-los faz rilhar... *
Mª João Brito de Sousa
29.12.2021 - 13.00h
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publicado às 13:22
Maria João Brito de Sousa
Brinde aqui, por favor.
publicado às 11:27
Maria João Brito de Sousa
SEM TÍTULO III
*
Quando o Verão voltar, se cá estiver,
Se me somar ainda aos resistentes
E se puder escolher o que escrever
Com estas mãos tolhidas e dormentes *
Talvez fique melhor e nem sequer
Me renda à triste sombra dos ausentes...
Vá, coração, não pares de bater
Se um pouco mais de vida me consentes! *
Mas se o que ora te peço transcender
O alcance dos teus frágeis componentes,
Descansa, não te irei repreender; *
Quem se não verga aos corações ardentes
Que nem sequer a morte ousou deter
E que tão loucos foram quão valentes? *
Mª João Brito de Sousa
27.12.2021 - 10.30h
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publicado às 10:42
Maria João Brito de Sousa
MAIS UM NATAL *
Natal! Como se o Céu pudesse agora
Modificar de um sopro a Terra inteira,
Reconstruindo o Mundo de maneira
A decidir quem nasce e a que hora... *
Como se o Sol, que a todos revigora,
Fosse o supremo fim desta canseira
E a luz que dele emana a derradeira
Tábua de salvação de quem cá mora... *
Natal! Como se as águas não jorrassem,
Como se as terras virgens não pulsassem
Na gestação selvagem dos seus lírios *
Como se as pedras não desmoronassem
Nem as chamas acesas se apagassem
Geladas nos pavios dos gastos círios. *
Maria João Brito de Sousa *
18.12.2011 – 15.17h
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Imagem - Tela de Candido Portinari
publicado às 16:21
Maria João Brito de Sousa
FELIZ NATAL! *
Prometi que olharia este Natal
Tal qual via o Natal quando menina...
Embora agora assim o não defina,
Será na minha infância que, afinal, *
Acharei a semente original,
O pouco do qual tanto se origina,
Longínquo e tão profundo quanto a mina
Na qual cresceu a gema do meu sal; *
Daí vêm o musgo e a lareira,
O conforto que enchia a casa inteira
E o forte aroma a seiva e rabanadas... *
Hoje, sobra-me a baga de azevinho
E um cacto que reluz em cada espinho
Pra celebrar os meus pequenos nadas. *
Mª João Brito de Sousa * 23.12.2021 - 12.30h
publicado às 12:42
Maria João Brito de Sousa
SE OS TEUS DEDOS DESENHAM... *
Se os teus dedos desenham sobre a areia
O errático esboço de uns anseios
Que em gestos vagos, breves devaneios,
Pareçam transformar-se numa teia, *
Logo a Musa se chega e regateia
E configura, por seus próprios meios,
Os traços teus que não lhe sendo alheios
Não são exactamente o que ela anseia... *
Poderosa na sua inexistência,
Personifica a própria incoerência,
Esse não-sei-o-quê que te transcende, *
Que se te entrega ou foge sem razões
E ora te traz a paz ora os tições
De um fogo que te abrasa mal se acende *
Mª João Brito de Sousa
03.11.2021 - 11.30h
publicado às 10:50
Maria João Brito de Sousa
SEM TÍTULO II *
Inda a serenidade não chegou
Ao cais invicto da nossa vontade
Nem esta imensa barca se livrou
Do torpor abissal da ambiguidade *
Que veio sorrateira e se infiltrou
Como se (in)filtra o sol por uma grade
Pra subjugar a quantos enganou,
Confundida que foi com liberdade... *
Mais tarde chegará! Virá de rubro
Em braços proletários, como Outubro
Floriu em tempos num país distante, *
Ou como na tomada da Bastilha
Quando a Revolução se fez partilha
De uma luta tão justa quão constante. *
Mª João Brito de Sousa * 20.12.2021 - 19.30h
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Imagem - Mural de Diego Rivera
publicado às 10:07
Maria João Brito de Sousa
Devido a um problema técnico não foi possível seguir com esta emissão do LUSO[BRASIL]FONIA.
Em Janeiro, tentaremos de novo cruzar este TANTO MAR ENTRE NÓS...
O meu forte abraço ao Baltazar e a todos os que tenham tentado acompanhar esta malograda emissão.
VIDEO
publicado às 09:40
Maria João Brito de Sousa
SEM TÍTULO *
Nossa barca, de sonhos construída,
É do mar que retira os alimentos
E, mal ou bem, enfrenta os elementos
Com que se confrontar. É morte ou vida! *
Vogara outrora por ânsias movida
De novas terras, glória e condimentos
Que o tempo era então tempo de portentos
E esta humana nave era aguerrida *
Cresceu, porém, a barca. A do presente,
Navega noite e dia um mar diferente
E já não será glória o que procura, *
Que antes avança em busca da Verdade;
No bojo leva a própria humanidade
E a força que hoje a move é razão pura. *
Mª João Brito de Sousa
16.12.2021 - 10.30h
publicado às 10:45
Maria João Brito de Sousa
SONETO INVERTIDO
(A quatro mãos) *
Revolução! Direi a vida inteira!
Só pra te ver na luta, na trincheira,
Com teus versos em punho, de plantão! *
Não para impor qualquer ideologia,
Mas pra, também, matar a hipocrisia
Que dá vida e nos prende à Tradição! *
Jay Wallace Mota - Óbidos, Pará, Brasil
*
Que sempre que a tristeza nos invade,
Nos possamos lembrar que é na mudança
Que os povos devem pôr a sua esp`rança,
A sua força, a sua identidade *
E que há Verdade, ainda que a verdade
Use as sujas mordaças da finança
Que a desmente sem pejo. Quem avança?
"Quem aqui venha pela Humanidade"! *
Maria João Brito de Sousa - Oeiras, Lisboa, Portugal
14.12.2021 ***
publicado às 11:21
Maria João Brito de Sousa
FORÇA, MEU CAPITÃO! *
Coragem, capitão! Há terra à vista!
A bombordo, senhor, a vejo agora...
Lá estaremos mais hora, menos hora,
E um porto vislumbrado é já conquista! *
Coragem, capitão! Nunca desista!
Já a borrasca amaina e há-de ir embora
Sem ter lançado um`alma borda fora
Que a mão que o leme firma é mão de artista! *
Vá, capitão, alegre esse semblante
Que a barca da esperança ruma avante
E os tripulantes cantam no convés. *
Força, meu capitão! A terra espera
Sem saber se em jangada se em galera
Vem quem sobre ela irá pousar os pés! *
Maria João Brito de Sousa - 16.10. 2021 - 19.30h *
Ao poeta/sonetista e companheiro de sonetos José Manuel Cabrita Neves
publicado às 10:24