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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
09
Nov21

ROTINA ANTI-ROTINA

Maria João Brito de Sousa

Café Paris.jpg

ROTINA ANTI-ROTINA

À Mesa do Café da Esquina
*


À mesa do café surgem projectos

De construção. "Voilá" outra esplanada

Ainda às três pancadas, mal esboçada;

Duas amigas, feitas arquitectos,
*


Lançaram fundações, ergueram tectos

E dão a construção por terminada

Enquanto eu fico a rir-me à gargalhada

Dos planos que são hoje os seus diletos...
*


São vinte em ponto. Os últimos gracejos

Estuam-se em gestos que simulam beijos

Sulcando a noite que já se cerrou
*


Sobre a esplanada do café da esquina

Onde se fez rotina anti-rotina

E a pró-contra-rotina se instaurou.
*


Mª João Brito de Sousa

09.11.2021 - 10.30h

 

 


***

08
Nov21

SONETO DE CORAÇÃO REMENDADO

Maria João Brito de Sousa

coração remendado.jpg

SONETO

DE

CORAÇÃO REMENDADO
*


Caiu-me o coração das mãos abertas

Sobre o marmóreo chão que me sustinha;

Já não pulsava, o pobre, a horas certas

E o que lhe aconteceu já se adivinha...
*


Quem se faria ao mar das descobertas

Num barco preso ao cais por uma linha?

Coragem, coração, que outros alertas

Há nos punhais que a dor desembainha!
*


E sobrevive ainda enquanto o vento

Emula a voz longínqua de um lamento

Que não sabe onde acaba nem começa...
*


Não sei se vos importa, mas registo

Que o Amor não tem nada a ver com isto,

Nem sabe por que o cito assim, à pressa.
*

 

Mª João Brito de Sousa

30.10.2021 - 15.50h

07
Nov21

INTEMPORALIDADE - Coroa de Sonetos - Mª João Brito de Sousa e Lourdes Mourinho Henriques

Maria João Brito de Sousa

eu e ticas.jpg

 

 

INTEMPORALIDADE
*
Coroa de Sonetos
*

Mª João Brito de Sousa e Lourdes Mourinho Henriques

*
1.
*

 

Aqui não há passado nem futuro;

O presente é fieira que não finda

E não tem de passar por nenhum furo

Embora a agulha disso não prescinda
*


E disto estou seguro, tão seguro

Quanto de não haver ninguém que cinda

A ponta que se afasta e que conjuro

Como se o tarde cedo fosse ainda...
*


Onde não há princípio nem há fim

Sou tudo e não sou nada. Este ínterim

É somente ilusão. Paradoxal?
*


Talvez sim, talvez não, talvez talvez,

Já não quero saber de outros porquês;

Quem mede esta meada intemporal?
*

 

Mª João Brito de Sousa

01.11.2021 - 10.30h
***

2.
*
“Quem mede esta meada intemporal?”

Alguém cujo engenho e muita arte

Pintando numa tela sem igual,

Expõe a sua alma em toda a parte.
*

Alguém que seus poemas nos of’rece

Cada dia que passa, que beleza,

Qual deles o melhor, e com certeza

Que sua inspiração jamais falece!
*

A Musa está presente a toda a hora,

Mas insistindo sempre, vai lutando

Contrariando a falta da visão!
*

Eis Morfeu a chegar, e a João

Pára a poesia e lá vai andando

P’rós braços dos lençóis, dormir agora!
*

Lourdes Mourinho Henriques

02.11.2021
***


3.
*
"Prós braços dos lençóis dormir agora (!)"

Como se lá por fora a noite escura

Tentasse convencer-me de que a hora

Se tornou, de repente, mais madura...
*

Irei, sim, quando a Lua tentadora

Vier falar-me da sua loucura

E, aproveitando o Sol ter-se ido embora,

Cerrar-me os olhos com toda a candura...
*


Mas na verdade, minha boa amiga,

Quando esta minha Musa me castiga

E se recusa à nossa interacção
*


Fico de mãos atadas. Pouco crio

Quando, não vendo a Musa, olho o vazio

Criado pela sua rebelião
***


Mª João Brito de Sousa

02.11.2021 - 15.40h

4.
*

“Criado pela sua rebelião”

A todos os que escrevem, acontece,

Quantas vezes de nós ela se esquece

E nos deixa grande desilusão!

 

E é enorme então a frustração

Se ao pegar na caneta p’ra ‘screver

A Musa isso não deixa acontecer

Ficando assim inerte a nossa mão!

 

Mas eis que, de repente, ela aparece

P’ra não pensarmos que de nós se esquece

E vai-nos conduzindo p’la poesia…

 

Diz-nos o que ‘screver em cada verso

E o nosso pensamento, então imerso,

Vai criando poemas… que alegria!
*

Lourdes Mourinho Henriques

02.11.2021
***

5.
*

"Vai criando poemas... que alegria(!)"

E que bela razão pra se estar vivo

É transformar-se o verbo em sinfonia

Sem da monotonia estar cativo!
*


Começa a despontar a melodia;

Se o soneto tem tempo(s) que eu cultivo

Eu sinto-me em completa sinergia

Com estas pautas das quais me não privo.
*


Mais pulsam as palavras apressadas,

Mais correm minhas mãos (dantes aladas...)

Em direcção ao fecho, à conclusão
*


E este meu remendado e velho peito,

Não sabendo correr fica sem jeito

A ver se lhe não escapa o coração...
*


Mª João Brito de Sousa

02.11.2021 - 23.10h
***

6.
*

“A ver se lhe não escapa o coração”

Que a mente está bem viva e criadora

E vai escrevendo pelo dia fora

O que na alma vai, com emoção.
*

Lembranças de quando era criança,

Memórias do tempo da ilusão,

Guardadas na gaveta da esperança

Que hoje são alento do coração!
*

Mas vai sempre insistindo, não desiste,

Lindos poemas vai escrevendo… e insiste

Em manter a mente sempre ocupada.
*

Por mais que isso lhe custe, persistente,

Os versos vão surgindo de repente

Deixando a nossa mente extasiada!
*

Lourdes Mourinho Henriques

03.11.2021
***

7.
*

"Deixando a nossa mente extasiada",

Tão extasiada quanto o Tempo fica

Quando anda com a Musa de mão dada,

Sem saber bem o que isso significa
*


Pois toda a musa é criatura alada

Que tanto o tempo pára quanto estica,

Que tudo pode sem esforçar-se nada,

Que ninguém mede e ninguém quantifica...
*


Toma cuidado, ó Tempo intemporal;

Não te quer bem, a Musa, nem quer mal,

Mas é mais livre do que jamais foste
*


E se não tens cuidado e te distrais

Ela puxa por ti, pede-te mais;

Tempo, não há quem uma Musa arroste!
*


Maria João Brito de Sousa - 04.11.2021 - 08.30h
***
8.
*

“Tempo, não há quem uma Musa arroste”

Pois ela sem esperarmos aparece

E nem que a encostemos a um poste

Ela só vem quando lhe apetece.
*

Mas se a ti se aliar, a ti se encoste

Vê se lhe concedes mais um tempinho,

Não deixes que se perca, se desgoste,

Mesmo que nos visite de mansinho.
*

Ah! Tempo, que nos limitas a vida

Que às vezes, é tão curta na partida

E a Musa nem nos chega a visitar…
*

Não queiras ser carrasco dessa Musa

Que sempre nos visita e sem recusa

Por vezes nos ajuda a inspirar!
*

Lourdes Mourinho Henriques

04.11.2021
***

9.
*

"Por vezes nos ajuda a inspirar"

E também a sorrir ela auxilia

Tal como nos ajuda a superar

As rasteiras da vida, dia a dia.
*


E musas há que gostam de sonhar,

Enquanto outras preferem a magia

De construírem castelos no ar

Ou de acenderem estrelas pr`Harmonia.1)
*


São tantas essas musas feiticeiras,

Quantas serão as nossas mãos obreiras

Das coisas que os seus dedos vão criando
*


E quando chega a hora da partida

Parte a Musa também, que assim a vida

Por igual Musa e Gente vai tratando.
*


Mª João Brito de Sousa

05.11.2021 - 08.30h

1)Harmonia- Deusa da Paz e da Concórdia na Mitologia Grega
***

10.
*

“Por igual, Musa e Gente vai tratando”

P’ra ele, ambas trata por igual,

E traiçoeiro, o tempo vai passando…

Tantas vezes as leva em vendaval!
*

Leva a Musa, tira-lhe a inspiração

Que trazia p’rá Gente… Foi ficando

Cativa... e a matou sem compaixão

Até que a Gente também vai levando!
*

Oh! Tempo, que tanto nos magoas,

Nos roubas nossas Musas e Pessoas

Que tanto gostariam de viver!
*

Não sejas tão cruel, tem compaixão,

Deixa ambas viver, dá-lhes a mão,

Só querem continuar a escrever!
*

Lourdes Mourinho Henriques

05.11.2021
***

11.
*

"Só querem continuar a escrever"

Estes poetas com sonhos nas veias

Que talvez não consigas entender

Porque te afrontam com suas ideias
*


Ó Tempo, nenhum mal te irão fazer!

Não sei, Tempo, não sei por que os odeias

Quando, afinal, te irão enaltecer

Ainda que o não saibas ou descreias...
*


Aqui irei cessar de interceder

Por poetas e musas, que morrer

Cabe a todos os vivos, afinal.
*


Só tu, ó Tempo, irás permanecer

Sempre a fluir e às vezes a correr,

Porque só tu nasceste intemporal.
*


Mª João Brito de Sousa

05.11.2021 - 15.00h
***

12.
*

“Porque só tu nasceste intemporal”

Só tu nos vês chegar, também partir,

Só tu nos vês lutar e bem ou mal

Nos vais acompanhando… vês-nos ir…
*

 

Muitas vezes seguindo por caminhos

Nunca por nós sonhados, quando em quando…

Às vezes vais-nos dando uns miminhos

Mas noutras, vais-nos deixando chorando!
*

A vida inteira tu nos acompanhas

Ao lado do Destino e suas manhas

Pregando quando em vez suas partidas.
*

A ti, ó Tempo, que és intemporal,

Ninguém te vence e não existe mal

Que te atinja, como nas nossas vidas.
*

Lourdes Mourinho Henriques

05.11.2021
***

13.
*

"Que te atinja, como nas nossas vidas",

As breves vidas que tu nos concedes,

Nem sempre alegres e bem sucedidas

E tão curtinhas face ao que tu medes
*


Que se as ambicionamos mais compridas,

Compreensíveis são as nossas sedes

De ti, Tempo, que ditas as partidas,

De ti, que não as vês nem as impedes...
*


Assim vamos vivendo enquanto passas

Sem dar conta das vidas que ameaças,

Nem das vidas que aqui viste nascer
*


Por isso, se em verdade és Tempo/Espaço,

Seremos nós quem passa, passo a passo,

Por ti, sem te sabermos entender...
*


Mª João Brito de Sousa

06.11.2021 - 10.15h
***

14.
*

“Por ti, sem te sabermos entender”

Somos nós que passamos algum tempo

Numa curta viagem, sem saber

Se ela será normal… ou a destempo!
*

Uns vivem longa vida, quantas vezes

Pedindo que se aproxime o seu fim,

Mas outros vão passando por revezes

E partem sem querer, sina ruim…
*

Ó Tempo, tu que és intemporal

E por vezes vês por nós passar o mal

Podias poupar-nos tempo tão duro.
*

Chegamos e partimos deste mundo

Que dominas, é um mistério profundo,

“Aqui não há passado nem futuro”!
*

Lourdes Mourinho Henriques

06.11.2021
***

 

05
Nov21

SENTO-ME À JANELA - Coroa de Sonetos

Maria João Brito de Sousa

sento-me à janela.jpg

SENTO-ME À JANELA
*

Coroa de Sonetos
*

Custódio Montes, Lourdes Mourinho Henriques e Mª João Brito de Sousa
*

1.
*


Sento-me à janela e olho para a porta

Atento escuto o bater do ferrolho

Abro as tuas cartas delas uma escolho

O amor nelas leio só isso me importa
*

Vejo linha a linha que tudo me exorta

Voa o pensamento, lágrima no olho

Do tempo passado a imagem recolho

Espero, espero e nada me aporta
*

Mas daqui não saio e o teu olhar terno

Aqui o espero por tempo eterno

Por noites e dias, o tempo que for
*

De volta te sinto numa caravela

Daqui eu não saio da minha janela

Que se abra o ferrolho, vem oh meu amor
*

Custódio Montes

2.11.2021
*
2.
*

“Que se abra o ferrolho, vem oh meu amor”!

Com mágoa e saudade o amigo Custódio

Vertendo uma lágrima recorda, com dor,

Ao ler uma carta de amor e não ódio.

 

Mas eis que o passado ficou lá p’ra trás

E as cartas apenas são recordações…

Momentos vividos cheios de emoções

Que o tempo sem tempo nunca mais desfaz!

 

Ainda que seja ao ler uma carta

Lembrando um amor que nunca mais se aparta

Do seu coração, é assim a vida!

 

Recordar é viver, sentir o carinho,

Trilhando por vezes o mesmo caminho…

Ao ler uma carta que não foi esquecida!
*

Lourdes Mourinho Henrirques
*

3.
*
"Ao ler uma carta que não foi esquecida"

O passado ganha a dimensão presente

E o que era saudade passou, de repente,

A ser coisa viva, palpável, sentida...
*


A leitura é chama que, reacendida,

Ilumina a vida e a alma da gente;

Sabe-o quem o escreve e sabe-o quem o sente

No corpo inocente e na alma rendida.
*


O tempo não pára mas essa janela

Não vive no tempo, vive só pra ela

E para o momento em que ela há-de voltar
*


Está escuro lá fora, mas brilham-lhe os olhos;

Vê estrelas brilhando em vez de ver escolhos

No papel da carta que abrira a chorar...
*


Mª João Brito de Sousa

02.11.2021 - 18.30h


***
4.
*

“No papel da carta que abrira a chorar..”

Relembrou uns olhos duma claridade

Que ainda os recorda com tanta saudade

Que ao entrar na porta os quer de novo olhar
*


Mas andam tão longe que tardam voltar

E eram tão lindos: era a mocidade

A força, a alegria, o carinho, a vontade

De lhe querer tanto, de tanto os amar
*


Sento-me à janela fico à sua espera

Que quem muito ama nunca desespera

Mesmo que a espera se torne ilusão
*


Mas relendo as cartas lembra-se o calor

Dos beijos ardentes e plenos de amor

E fica-se preso, freme o coração
*

Custódio Montes

2.11.2021
*

5 .
*

“E fica-se preso, freme o coração”

Como se o passado voltasse outra vez…

E serão as cartas, quem sabe, talvez

Alvo de alguns beijos cheios de emoção!
*

São o testemunho de um amor feliz

Que um dia partiu e nunca mais voltou,

As boas lembranças foi o que deixou,

Também a tristeza, a vida assim quis.
*

Mas ficar à espera é pura ilusão,

Enquanto se espera, sofre o coração

A mágoa contida sem remédio ter.
*

E as cartas velhinhas aqui recordadas

São tudo o que resta, ficarão guardadas

Com muito carinho p’ra não as perder.
*

Lourdes Mourinho Henriques

02.11.2021
***

6.
*

"Com muito carinho pra não as perder"

Guarda-as na gaveta do seu coração

Junto das saudades e do medalhão

Contendo o retrato dela, da mulher...
*


Sentado à janela, já nem quer esquecer,

Já só disso vive, da recordação

Do que recebera de amor, de paixão,

Desse tanto querê-la que foi mais que qu`rer...
*


E agora relendo, mais próximo está

Dessa que em palavras toda se lhe dá

Como se lhe dera nos tempos distantes
*


Não fecha a janela muito embora o vento

Sopre através dela louco e turbulento

Como fora em tempos, como ele era dantes...
*


Mª João Brito de Sousa

02.11.2021 - 21.30h

***

7.
*

“Como noutros tempos, como ele era dantes”

Mas forte que fosse eu ia junto dela

Não havia rosa que fosse mais bela

E bastava vê-la por poucos instantes
*


E ao ler a carta há imagens distantes

De caminho andado por rua ou viela

É essa lembrança que por mim apela

A paixão sentida que une os amantes
*

Ponho-me à janela quero relembrar

Voltando ao passado, voltamos a amar

Estendem-se os braços e lançam-se ao vento
*

Voamos no espaço, estendemos as asas

A paixão regressa pisamos as brasas

E sobre elas voa nosso pensamento
*

Custódio Montes

2.11.2021
***
8.
*

“E sobre elas voa nosso pensamento”…

E tal como outrora o amor acontece,

Momentos vividos que nunca se esquece

Que são recordados, momento a momento!
*

E a vida ao passar é por vezes tormento,

Mas deixa alegrias para recordar,

Momentos de vida do tempo de amar

Que ‘oje são saudade, da alma alimento!
*

E nessa janela que tanto lhe diz

O amigo Custódio vai sendo feliz,

Saudoso recorda todo o seu passado.
*

Que assim continue, com boa lembrança

Mesmo que a sonhar, não perca a esperança

E guarde a cartinha com muito cuidado.
*

Lourdes Mourinho Henriques

03.11.2021
***
9.
*

"E guarde a cartinha com muito cuidado",

No bolso do peito onde pode ir buscá-la

A qualquer momento. Se a carta lhe fala

Ganhou-lhe o presente, vencendo o passado
*


No instante preciso, à janela sentado,

No quarto de cama, na copa ou na sala,

Falará a carta, que amor não se cala

Se, em tempos vivido, ora for recordado.
*


Que a velha cadeira em que agora se senta

Seja a testemunha que os versos sustenta

No pinho ou nogueira em que alguém a talhou.
*


Que todos os dias a todas as horas

Lhe fale essa carta de amor e de amoras,

Dos beijos e abraços com que o cativou!
*


Mª João Brito de Sousa

03.11.2021 - 14.25h
***

10.
*

“Dos beijos e abraços com que o cativou”

Mas não têm cartas como eu recebidas

De amores de outrora, pessoas queridas

Ou de amores perdidos apenas eu sou ?
*


Ao que tenho ouvido e alguém me informou

Também as amigas andaram perdidas

E foram amadas em tochas ardidas

Por muito amor que de certo as queimou
*

Contemos a história que não a negamos

Recordamos tempos, todos nós amamos

Todos nós tivemos o nosso desejo
*

Quem não teve cartas que agora não lê

Teve bem mais sorte, teve o amor ao pé

E pôde de certo enchê-lo de beijos
*

Custódio Montes

3.11.2021
***

11.
*

“E pôde de certo enchê-lo de beijos”

Mas ficou mais pobre de recordações,

Nem todas as cartas são desilusões,

São troca de amor confessando os desejos.

 

E são essas cartas que há quem não as tenha,

Que dão o conforto, que dão a ilusão

De sentir agora a mesma paixão

Um dia sentida e que hoje a retenha.

 

Os altos e baixos que nos dá a vida

São provas de fogo que logo à partida

Nos vão ensinando a escolher o caminho.

 

Bem cedo encontrei o meu no passado

Guardei-o com ‘sprança, até que ao meu lado

Surgiu o amor que esperei, com carinho.
*

Lourdes Mourinho Henriques

03.11.2021
***

12.
*

"Surgiu o amor que esperei com carinho"

Bem cedo, tão cedo que ainda que aponte

Os dias e as noites, não há quem os conte

Entre as muitas gentes que achar no caminho
*


E eu que escrevia sobre pergaminho,

Que pintava as linhas de um novo horizonte

Por dentro de um rio ou atrás de uma fonte,

De amor nunca tive nem um postalzinho.
*


De amor estive perto e de amores me perdi

Num tempo em que a sorte de amar descobri...

Para quê escrevê-lo se assim tão de perto
*


Podia vivê-lo? Passaram-se os dias,

Os meses, os anos... surgiram magias;

Perdi-me das cartas neste desconcerto...
*


Mª João Brito de Sousa

03.11.2021 - 19.00h

***
13.
*

“Perdi-me das cartas neste desconcerto”

Mas encontrei uma entre todas elas

Abri-a e li-a era das mais belas

Devagar olhei-a cada vez mais perto
*


E fiquei contente de a ter aberto

Havia passagens lindas e singelas

Que me deslumbraram como luz de estrelas

Ao ler linha a linha um e outro excerto
*


E tinha nos olhos a mesma esperança

Dos dias passados, agora lembrança,

Que tanto queria tornar a rever
*


Recordei seus olhos e os seus cabelos

Momentos vividos tão lindos tão belos

Recuei no tempo, parei para os ter
*

Custódio Montes

3.11.2021
***

14.
*

“Recuei no tempo, parei para os ter”

E tal como outrora vivi os momentos

Como se hoje fosse, tantos sentimentos,

Paixão e carinho que nos fez viver.
*

Vivemos um amor que não é p’ra esquecer

Ambos percorremos um longo caminho,

Com altos e baixos, mas muito carinho

E que hoje num sonho voltei a rever.
*

E junto à janela eu vejo, sem fim,

Uma longa ‘strada onde esperas por mim

Quando um dia partir, quando? Pouco importa!
*

 

Só sei que acordei desta minha apatia

Que a ti me juntou… mas já vai longe o dia…

“Sento-me à janela e olho para a porta”.
*

 

Lourdes Mourinho Henriques

03.11.2021

***

Reservados os direitos de autor

 

 

 

 

 

 

 

 

04
Nov21

"ENTREI NO CAFÉ COM UM RIO NA ALGIBEIRA"*

Maria João Brito de Sousa

LES RACINES - MJBS.jpeg

ENTREI NO CAFÉ...
*


"Entrei no café com um rio na algibeira",

Pedi uma bica que nunca paguei

E sentada nas águas do rio que engendrei

Soltei as palavras numa cachoeira
*

 

Nessa "pororoca" acendi a braseira

Do verso espontâneo que não convoquei;

Fluindo e queimando, assim me encontrei

Suando o floema da antiga palmeira.
*


Nem nuvens, nem estrelas puderam mover-me;

Tudo me jorrava da mente e da derme

De dentro pra fora e de fora pra dentro
*

 

Um pássaro, enfim, quem sabe o não fizesse

Se no rio pousasse e no bico trouxesse

O suave trinado de um canto mais lento.
*

 

Mª João Brito de Sousa

03.11.2021 - 12.30h
*


*Conversando com um verso do poema homónimo de José Gomes Ferreira.

 

 

 

03
Nov21

A VISTA - Coroa de Sonetos - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

Maria João Brito de Sousa

MENINA SOL - 1999.jpeg

Tela de minha autoria

 

A VISTA - Coroa de Sonetos
*
Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa


1.
*

A vista contempla de olhos abertos

Prossegue o caminho sem se deslocar

Ao ver bem ao longe e tudo divisar

Até adivinha amores encobertos
*


Os voos das aves pelo céu libertos

A vista os alcança e ao vê-las voar

Sente a liberdade e passeia no ar

E fica contente com sonhos despertos
*


Mas não vê o cego, adivinha o caminho

Sem vista indaga, sente-se sozinho

Não se vê sem ela, sem vista há cegueira
*


Olhando em frente vê-se a paisagem

O amor, a beleza e tanta imagem…

Que bom ter-se vista, tê-la a vida inteira
*


Custódio Montes

31.10.2021

***

2
*

"Que bom ter-se vista, tê-la a vida inteira"

Pois nem a canseira que surja ou que exista

Lhe dirá, - Desista destoutra carreira!

Já não há maneira de o parar. Se a vista
*


Permite que invista, siga à dianteira,

Vá de feira em feira, resista, resista,

Que eu sigo-lhe a pista, fico à sua beira,

Não passo rasteira, só peço que assista,
*


Sou quase uma artista do tempo que avança

E alcança, se alcança, uma meta qualquer

Nas coisas do ser e nas voltas da dança
*


Veja à confiança pois, haja o que houver,

Filho de mulher nunca nega uma esp`rança

E eu pago-lhe a fiança se a esp`rança perder!
*


Maria João Brito de Sousa

31.10.2021 - 12.00h
***
3.
*

“E eu pago-lhe a fiança se a esp`rança perder!”

Eu vejo aqui poema encadeado

Mas nisso lhe digo não sou afamado

Tal como o primeiro lhe vou responder
*


Tenho a esperança de a não ofender

Não pague fiança que estou descansado

Não me deve nada meu muito obrigado

E dê a resposta como lhe aprouver
*


No soneto é livre, a João é que sabe

Eu mantenho a forma que a mim não me cabe

Mandar-lhe palpites como o moldar
*


Também desse modo se vê a grandeza

A forma e a graça e à volta a beleza

Ficando a coroa com outro brilhar
*

Custódio Montes
*

31.10.2021
***


4.
*

"Ficando a coroa com outro brilhar"

Capaz de encantar e ficando tão boa

Que quase atordoa quem venha a passar

Se acaso a olhar e ouvir como soa
*


E ao vê-la a pessoa terá de parar

Pois é singular e nada em si destoa;

Do Minho a Lisboa, num vaivém sem par,

Vamos conversar até que a voz nos doa!
*


Se o verso ressoa e nos corre nas veias

Em suaves colcheias mas sempre a correr,

Quem o vai deter? Estas vagas vão cheias,
*


Moldem-se as areias como se entender!

Já consegui VER as antigas sereias

E então convoquei-as pra virem cá ter
*


Mª João Brito de Sousa

31.10.2021 - 14.00h
***
5.
*

“E então convoquei-as pra virem cá ter”

Sereias poetas? Nunca tinha visto

Mas vejo agora e então não resisto

De vir ao poema para as poder ver
*

A vista de facto está a prometer

Ter esta visão é bonito, insisto

Outro patamar a olhar eu conquisto

Que ao redor a vista já dança a correr
*


Somos dançarinos num belo salão

Menina uma dança ? Vai ver que verão

Um par campeão com todos a olhar
*


A prega da saia e os cabelos ao vento

E nós dançarinos com todo o alento

Todos com inveja deste lindo par
*

Custódio Montes

31.10.2021
***

6.
*

"Todos com inveja deste lindo par"

Tentam melhorar um nadinha que seja

Que se assim se almeja, tudo irá mudar;

Dança-se a voar no canto que nos reja!
*


Roda e rumoreja quem queria dançar

E fica a olhar aquele que se proteja

Da dança vareja que zumbe no ar...

Depois de acabar, chega o que a corteja;
*


Chegou tarde, veja, mas não chore, não,

Que outras mais virão e, se não for embora,

Pode entrar agora que não entra em vão!
*


Não tem dimensão e nasce a qualquer hora

A dança/cantora. Eis a sedução

Que desta canção se fez compositora...
*


Mª João Brito de Sousa -

31.10.2021 - 16.00h
***

7.
*

“Que desta canção se fez compositora…”

Compôs muito bem cada vez com mais brilho

Mas eu não componho que arranjo sarilho

Mas vou aprumar a minha voz cantora
*


Treino um minuto depois meia hora

E volto à mesma sigo o mesmo trilho

Eu cantar adoro cantar é rastilho

Engrandece a alma fá-la sedutora
*


Formamos um grupo, grupo de primeira

Compõe a João e eu à sua beira

Afino a voz e dou tom à canção
*


Corremos as feiras e os campos em flor

Com muita alegria e cheios de amor

Que faz bem à alma e gosta o coração
*

Custódio Montes

31.10.2021
*

8.
*

"Que faz bem à alma e gosta o coração"

De quanta paixão possa levar-lhe a palma

Enquanto o acalma e equilibra a tensão,

Como a actuação sobre um palco de Talma
*


Não me falta a alma, mas tenho a impressão

De faltar-me o chão se não rimo com calma

E aqui se me espalma o talento. A razão

É a reacção à palavra que acalma,
*


E volta-se à alma que já desgatada

Pouco dança ou nada pois não se conforma

Com a fuga à norma. Retoma agastada
*


A roda e... coitada, pensa na reforma...

Mas a dança amorna e já mais consolada

Esquece a falta dada, não mais se transtorna.
*


Mª João Brito de Sousa

31.10.2021 - 17.15h
***

9.
*

“Esquece a falta dada, não mais se transtorna”

Corre sempre em frente, corre rodopia

A dançar esbelta com muita alegria

Quer no passo dado quer como se adorna
*


Anda pela pista de volta a contorna

E cresce em grandeza, cresce em fantasia

O povo a olhar toda aquela magia

Num passo de dança com que ela retorna
*


Se a vista parasse não podia olhar

Este rodopio dum doce bailar

Quem vê não é cego vê bem e não mal
*


Vê as maravilhas duma bela dança

Olha sempre em frente, olha e não se cansa

Vê a dançarina vai ao arraial
*

Custódio Montes

31.10.2021
***

10.
*

"Vê a dançarina vai ao arraial"

E nem leva a mal quando ela desafina;

Se ela desatina, porém, é normal

Tornar-se formal e esquivar-se à ladina.
*


Dança ou não, menina? Quem dança afinal,

Neste virtual? A sentir não se ensina,

Mas a bailarina surge tão real

No palco ideal que esta dança domina...
*


Já desce a cortina mas é cedo ainda

E a dança não finda enquanto um de nós

Tiver garra ou voz e se a voz for bem vinda
*


Estamos na berlinda mas não estamos sós;

Seremos avós da canção que se alinda

Ao tornar-se infinda, suave e tão veloz?
*


Mª João Brito de Sousa

31.10.2021 - 19.20h
***

11.
*

“Ao tornar-se infinda e suave e tão veloz?”

E a fugir tanto parece uma ave

A voar os céus ao longe sem entrave

Os sons se ouvindo em canto de alta voz
*


E nessa orquestra cantando só nós

Destoando o canto como é suave

Baixamos o tom e mudamos a clave

E ninguém nos ouve cantamos a sós
*


Estamos malucos com esta vaidade

Mas o sonho avança por qualquer idade

Que poeta e louco qualquer pode ser
*


Tendo disso um pouco vamos avançar

Cada dança nova deve-se dançar

Andemos na roda sem nos esconder
*

Custódio Montes

31.10.2921
***

12.
*

"Andemos na roda sem nos esconder"

Da chuva a bater e do vento e da poda

Que é cáustica soda que nos faz arder...

Andemos a ver, pois, se esta festa toda
*


Deixa de ser moda pra quem entender

Que um` outra qualquer bem melhor se acomoda

Pra dar azo à boda sem surpreender

Quem nela estiver e quem ainda a açoda.
*


Se alguém se incomoda porque as notas soam

Altas que atordoam, paciência! Amanhã

Volta o nosso afã das canções que atroam
*


E estas notas voam numa dança sã

Como uma romã. E se hoje se me escoam,

Sei que me perdoam; não sou um titã...
*


Mª João Brito de Sousa

31.10.2021 - 21.00h
***

13.
*

“Sei que me perdoam; não sou um titã...”

Nem tenho que o ser, dançarei ao meu jeito

Na rua em casa ou quando me deito

Vou dormir agora mas volta amanhã
*

Vejo a dançarina como uma irmã

Discuto com ela muito me deleito

Porque é minha amiga, amiga do peito

E dança comigo com todo o afã
*

Com olhos a vejo e assim me regalo

Vou calar me agora e amanhã lhe falo

Também fecho os olhos mas quero-a ver
*

A dançar no baile toda enfeitada

É bom que a veja que é engraçada

Melhor tê-la à vista que ela se esconder

*

Custódio Montes

31.10.2921

***

14.
*

"Melhor tê-la à vista que ela se esconder"

Sem deixar-se ver e por muito que insista,

Perdê-la na pista pra me não perder...

- Eu pude escolher. Que uma Musa me assista
*

 

Na rota imprevista em que lanço o meu ser

De olhos inda a arder. Sendo a protagonista,

Sinto-me optimista, não me vou render;

Se Morfeu me quer, que espere ou que desista!
*


Cantemos a vista qu`inda bem despertos

Estão meus olhos certos de irem num repente

Até mais à frente fazer uns acertos
*


E vão, entre apertos, até onde a mente

Concede ou consente; bosques ou desertos

"A vista contempla de olhos abertos".
*

 

Mª João Brito de Sousa

31.10.2021 -23.00h
***

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

02
Nov21

SONETO DA INTEMPORALIDADE

Maria João Brito de Sousa

IA 2.jpeg

"Sem Título" - Tela de minha autoria

SONETO

DA

INTEMPORALIDADE
*

 

Aqui não há passado nem futuro;

O presente é fieira que não finda

E não tem de passar por nenhum furo

Embora a agulha disso não prescinda
*


E disto estou seguro, tão seguro

Quanto de não haver ninguém que cinda

A ponta que se afasta e que conjuro

Como se o tarde cedo fosse ainda...
*


Onde não há princípio nem há fim

Sou tudo e não sou nada. Este ínterim

É somente ilusão. Paradoxal?
*


Talvez sim, talvez não, talvez talvez,

Já não quero saber de outros porquês;

Quem mede esta meada intemporal?
*

 

Mª João Brito de Sousa

01.11.2021 - 10.30h
***

Sonetos da Matrix

 

01
Nov21

SONETO FANTASMA

Maria João Brito de Sousa

soneto fantasma.jpg

SONETO FANTASMA
*


Da memória do signo renascido

Venho agora por trilhas de mistério

Espalhar este meu sal de deus perdido

Que em tempos sonhou ser um deus a sério.
*


Se te fizer sentido, faz sentido,

Se te não faz sentido eu ser etéreo

Serei um deus em cacos destruído,

Caído, como cai qualquer império.
*


Não sei bem se estou morto ou se estou vivo,

Se sou, ou não, impulso criativo

Que recusou a morte e que prossegue.
*


Vigio-vos ainda, inda vos prendo

A tudo o que analiso e compreendo;

Vivo de ir assombrando o que me negue!
*

 

Mª João Brito de Sousa - 01.11.2021 -09.30h

***

 

Sonetos da Matrix

 

 

 

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