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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
05
Abr21

MEMÓRIAS DE FEITICEIRA

Maria João Brito de Sousa

me da-da.jpg

 

MEMÓRIAS DE FEITICEIRA

*

Não haverá deus ou homem

Seja poeta ou guerreiro,

Que me prenda a uma estrada

Ou me acenda uma fogueira,

Que eu fiz o voto-votado

De nunca ser cativada

Nem comprada por dinheiro.

*

Fiz o voto de ser eu;

Sem assumir cores alheias,

Prometi a Prometeu

Nunca adorar outro deus,

Nem meter-me em espopeias.

*

Fiz o voto-votadinho

De me viver por inteiro

Muito longe do meu ninho,

Muito longe do canteiro,

Nunca mais corpo-de-pão,

Nunca mais sangue-de-vinho...

*

Ficou-me um vago cheirinho

De mel e de rosmaninho;

Memórias de feiticeira

Com fama, sem ter proveito,

De chama em seara alheia.

 

*

Maria João Brito de Sousa

1994

 

03
Abr21

CAPTURAS E CATIVEIROS

Maria João Brito de Sousa

26231493_1802641519760454_7568759051065723924_n.jp

CAPTURAS E CATIVEIROS
*


"Acostumei-me a vê-lo todo o dia"

Assim que ao debruçar-me da janela

Olhava a rua, quem passava nela

E quanta flor na rua florescia.
*


Ele era um simples ponto que crescia

Num horizonte em que a manhã singela

Coloria de azuis a vasta tela

Que o pequenino ponto percorria
*


Até delinear o vulto vivo

Do beija-flor que hoje ante ti deponho,

Porquanto aqui to trago já cativo,
*


Enquanto a cativar-te me proponho;

É como se sem isco, nem motivo,

"Aquele beija-flor fosse o teu sonho!"
*

 

Maria João Brito de Sousa - 03.04.2021 - 13.30h
*
Entre aspas, versos de Auta de Sousa. Soneto criado para uma rubrica do Horizontes da Poesia.

 

Imagem -  Tela de Rick Beerhorst

02
Abr21

CADA POEMA

Maria João Brito de Sousa

o parto da viola - amadeo sousa cardoso.jpeg

CADA POEMA

Cada poema
Tem asas de papel nascendo incertas
Como velas rumando à descoberta
Da Ilha de S. Nunca da partida

*

Quando ressurge
Muito embora vencido é temerário
Como a luta tenaz de cada operário
Que aspira à igualdade prometida

*

Onde um termina
Começa um outro verso inevitável
Cada um deles gerando um infindável
Rosário de memórias de uma vida

*

Cada poema
Tem alma de mulher, corpo de chama
De onde irrompe uma voz que então proclama
O culminar da luz na pele rendida

*

Cada poema
É raiva, urgência, amor,
Silêncio, grito e voz da mesma dor
Numa explosão domada ou incontida

*

Cada poema
É mais do que uma inércia ou um transporte,
É eixo, é a matriz deste suporte
Das minhas transgressões de fera ferida

*

Cada poema
Tem sempre a dimensão de um corpo estranho,
Imensurável, pois não tem tamanho,
Porta-voz de uma força indesmentida

*

Quando ressurge
Muito embora vencido é temerário
Como a luta tenaz de cada operário
Que aspira à igualdade prometida

*

Onde um termina
Começa um novo verso inevitável,
Cada um deles gerando um infindável
Rosário de memórias de uma vida.

*

 

 



Maria João Brito de Sousa – 16.09.2010 – 14.38h

 

 Parto da Viola, Amadeo de Souza-Cardoso

01
Abr21

É DAQUI QUE TE ESCREVO

Maria João Brito de Sousa

cravo de Abril.jpg

É DAQUI QUE TE ESCREVO

*

 

É daqui que te escrevo,

desta vontade que me veste de Abril

de poemas e de trapos, também

 *

Daqui,

de onde me reconheço em ti espelhada

embora o perfil simples do meu cravo

sem nome nem espinhos

e

tão menos glorioso

pareça vergar-se a cada verso que canta

*

 

Mas é daqui,

deste lado aguerrido de mim

onde vestida de um Abril em farrapos

não dispo Abril

apesar do despontar

duma resistência que te não sei explicar

mas presumo que

ninguém imaginaria florescendo ainda

*

 

Daqui,

de onde também eu

aprendi a amar a solidão

e

a recriar o mundo

na sombra da ausência

dos anos – tantos… -  do verde caule

de um mesmo sonho de pétalas ao rubro

*

Daqui

e

porque o poema me apetece

insurrecto e vermelho

este escrever-te

sem rima nem medo

com as armas florindo num canto maior

 *

 

Maria João Brito de Sousa – 19.06.2011 – 16.31h

*

 A um camarada que ainda estava entre nós 

no ano de 2011

Pág. 3/3

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