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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
16
Abr21

TRISTE

Maria João Brito de Sousa

EU POR CARLOS RICARDO.jpg

TRISTE
*


Estou triste e sou palmeira degolada
sou ave derrubada em pleno voo,
palavra em que tropeço e me magoo
por sabê-la indefesa e maltratada...
*

Tão triste! Às vezes fico tão magoada
que nem sei s`inda sou, se só destoo
dos “grandes”, na pobreza em que me roo
e em que, inteira, me vejo mergulhada
*

Mas, na mesma palavra em que me doo,
me espelho, me confundo e sei que soo
conforme soa a coisa inacabada,
*

Sou verso e, nesse verso, o verbo arpoo;
mais triste ou menos triste, ainda ecoo
inda que melhor fora estar calada.
*


Maria João Brito de Sousa – 02.04.2015 – 17.54

*

 

Eu, fotgrafada por Carlos Ricardo - 2014

15
Abr21

"LUXO(S)"

Maria João Brito de Sousa

woman-441497_960_720.jpg

"LUXO(S)"
*


Vestiu-se de veludo e, aos cabelos
Cruzados por riachos prateados
Prendeu dois ganchos lassos, muito usados,
Cobertos de pontinhos amarelos...
*

Meteu os pés inchados nuns chinelos
Baratos, duros, gastos e cambados;
Deixaram-lhe os dois pés muito apertados,
Mas já nem se importou... sorte era tê-los!
*

Sobre os ombros lançou velha mantilha
De cor incerta, incerta na textura
Como o vão sendo as coisas já sem cura
*

Que viajaram mundos na partilha,
Mas que o vão desmentindo na postura
Porque, no mundo dela, são fartura...
*

 

Maria João Brito de Sousa - Março, 2016

*

In A CEIA DO POETA, (inédito)

14
Abr21

"M" de MULHER

Maria João Brito de Sousa

MULHER.jpg

“M” de MULHER
*

Mordaz, mordisco o M de mulher,
Magnânimo, magnífico (i)mortal...
Mágico ou mitológico morder.
Modesta me (e)molduro marginal

*

Menos mastigo o M de morrer,
Mórbido mártir (i)memorial.
Manto. Monotonia. Maldizer.
Mistério. Maldição. Medieval.
*

Mede, menina, as miras de (a)manhã,
Modifica a moléstia mais malsã.
Mirífica matriz do (i)mponderável,
*

Ministra o ministério e molda mais;
Mostra as morenas mãos monumentais
Medindo, maternais, o (i)mensurável!
*


Maria João Brito de Sousa – 06.09.2018 – 17.22h

*

(Soneto ligeiramente modificado em 11.04.2021)

*

Tela de Pablo Picasso

13
Abr21

ESTA VELHA MENINA

Maria João Brito de Sousa

VELHA MENINA.jpg

ESTA VELHA MENINA...

(Desgaste)
*

 

Esta menina, velha quanto baste,

Exibe uma grisalha cabeleira

E muito embora brinque, inda faceira,

Já dos anos acusa um bom desgaste.
*


Sorriu quando menina lhe chamaste,

Mas já percorre a rampa derradeira

Que a (re)conduz à última fronteira

E se aproxima, por mais que ela a afaste.
*


Menina que o não é mas já o foi

 E já deve algum tempo à sepultura,

Sabe bem quanto custa e quanto dói
*


Contrariar um mal que não tem cura

E a chaga que desgasta e que corrói

O fio/pavio da chama que a segura.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 12.04.2021 - 16.24h
*

Ao Gil

12
Abr21

NÃO VOLTES!

Maria João Brito de Sousa

isadora8.jpg

NÃO VOLTES
*


Não voltes, por favor! Na solitude

Que me acompanha enquanto me ilumina,

Reconstruí-me, enfim, velha menina

De astros embriagada... e quietude.
*


Ignoro a latitude ou longitude

Desta alma sedentária e peregrina;

Sei lá se subo ou desço!? A minha sina

Firmou-se ao confirmar-te a finitude.
*


O café, que não bebo, sabe agora

Às coisas que conquisto ou que supero,

Mas me seduzem. Sou a que namora
*


O ritmo inebriante de um bolero

Que (re)nasceu assim que foste embora;

Não voltes por favor. Já não te quero!
*

 


Maria João Brito de Sousa - 12.04.2021 -  10.08h

*

 

Na sequência de um texto poético do Senhor das Nuvens

*

Imagem - Isadora Duncan

11
Abr21

AMBIÇÕES....

Maria João Brito de Sousa

FLORBELA-ESPANCA-POEMAS.jpg

AMBIÇÕES
*
(Em Modo Decrescente)
*


"Eu queria ser o mar de altivo porte",

Ou a montanha imensa e pedregosa

Que desafia a alma ambiciosa

A escalá-la sem medo e sem suporte...
*


Queria provar, da flor, cada recorte,

E, das corolas, ser a mais viçosa;

Talvez a rosa que por ser espinhosa

Me faz lembrar a minha triste sorte...
*


Porém, rosa não sou... tão pouco ao mar

Me posso comparar, se tão dif`rente

Sei ser desse gigante bipolar...
*


Só posso ser, da montanha imponente,

A mais modesta pedra que encontrar

"E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!..."
*

 

Maria João Brito de Sousa - 10.04.2021 - 13.55h
*

*


Soneto criado a partir do primeiro e último versos do soneto "Desejos Vãos", de Florbela Espanca, para uma rubrica do Horizontes da Poesia

 

10
Abr21

AMOR E DOR - Trilogia (Em reedição)

Maria João Brito de Sousa

amor e dor 2.jpg

AMOR E DOR NAS FALDAS DO ARARATE
*

Chegando ao Ararate, Amor e Dor,
Sentaram-se, cansados da jornada.
Olhando o Monte, a Dor ficou sarada
E, de contente, quis curar Amor;
*

Repara, Amor, que estava bem pior
Antes de iniciar a caminhada,
Que olhei o Monte e foi-se-me a pontada,
Que sinto despontar força e vigor!
*

Vem ver, para que o mal nunca te chegue,
Para que a praga, ao ver-te, se te negue,
E não possa haver peste que te mate!
*

Ouviu-a, Amor. Olhou. Perdeu-se olhando.
Voltou sozinha Dor, de dor chorando
Por se perder de Amor no Ararate.
*

Maria João Brito de Sousa – 10.05.2018

***

AMOR E DOR II.
*

Amor e Dor, brincando se entre-chocam
E enredam-se num fio que acaba em nó...
Até então Amor vivera só
E Dor, lá nas lonjuras que se evocam.
*

Moram juntos agora e, mal se tocam,
Sentem um pelo outro um mesmo dó;
Amor, que era imortal, desfaz-se em pó
E Dor sucumbe à dor que os nós provocam.
*

Nesta paradoxal (des)união,
Sente Amor, pela Dor, tal compaixão,
Que cega, pra não vê-la sucumbir
*

E Dor, que vendo Amor, o julga são,
Mais se enreda nos nós, mais sem perdão
Se obriga a não deixar Amor partir.
*

Maria João Brito de Sousa – 13.05.2018 – 09.27h
***

AMOR E DOR - Epílogo
*

Pra rematar a saga, Amor consente
Tomar Dor por esposa e companheira
E já que sendo ainda inexp`riente,
Não sabe o que é passar a vida inteira
*

Lado a lado com Dor, que impenitente,
Inflige a Amor insónias e canseira;
Amor está cego e Dor, sendo inocente,
Não pode pressupor ter feito asneira.
*

Deu-se este enlace em tempos tão remotos
Que nem posso evocar que estranhos votos
Uniram para sempre este casal,
*

Mas garanto que afirmam ser felizes,
Que deram fruto, tiveram petizes
E se amam. Para o bem e para o mal!
*

 

Maria João Brito de Sousa – 14.05.2018 – 11.15h
***

 

In "... Até a Neve Chorará Num Dia Quente...", Euedito, 2018

 

Imagem - "Amor e Dor", Edvard Munch

09
Abr21

"T" de TAMBOR

Maria João Brito de Sousa

TAMBOR.jpg


“T” de TAMBOR
*

Trágico. Triste. Tácito. Torpor.
Talvez tabu, talvez timidamente,
Trote em tropel por traços de tangente;
Turbulento e tenaz, toca o tambor!
*


Tenta tergiversar, teima transpor,
Tã-tã-tã-tã-tã-tã, tenso, temente...
Transporta o tom, tradu-lo toscamente.
Tirânico trovão, timbre de Thor.
*


Troça o traidor. Trepida a tentação.
Toca o trompete trôpego, em tensão,
Troa, travessa, a trompa. Tudo toca.
*


Tã-tã-tã-tã-tã-tã... tempos trocados;
Tanto toca o tambor (quan)to, em trinados,
Tenta o tímido tordo a terna troca.
*


Maria João Brito de Sousa – 25.08.2018 – 13.40h

08
Abr21

"D" de DOMÍNIO

Maria João Brito de Sousa

DOMINIO.jpg

“D” de DOMÍNIO
*


Dedilho o “d” de dar, dedilho a dor.
Drama. Dedicação. Diversidade.
Dessedenta-se a (se)de à divindade,
Declara-se (in)domado o ditador
*


Defenda-se do dardo, o domador!
Deveras dorme de debilidade.
Durante. Dolo. Dão. Docilidade.
Demonizam-se, demo e dissuasor!
*


Doutrina. Dogma. Drama. Dirigente.
Dicotomia. Dante. Diligente.
Doem dedos dispersos, decepados.
*


Dilema. Dado. Dólmen. Dissidente.
Dogma. Defunto. Doxa. Diferente.
Dobrem-se os débeis, driblem-se os dotados!
*

 

Maria João Brito de Sousa – 22.08.2018 – 13.15h

07
Abr21

"E" de ELFO

Maria João Brito de Sousa

elfo.jpg“E” de ELFO

*

Ei-lo enfrentando encostas escarpadas,
Engenhosa estrutura a esmo erguida
Entre elfos e entre estopa entretecida
De estrofes a escanteio estribilhadas.
*


Estranhando, esboça entraves. Eram escadas
Emulando essa escarpa embrutecida,
Escondida em eixo esconso, era esquecida,
Estro embebido em esponjas ensopadas.
*


Engendra esfera e escopro. Eternidade!
Esculpe-se efémero em estabilidade,
Empunha o espanto, exalta entendimento;
*


Escapa-se a estigmas e excentricidade,
Extrapola essoutra esdrúxula entidade,
Estrangula ebúrneo eclipse em esquecimento.
*


Maria João Brito de Sousa – 24.07.2018 – 15.30h

*

 

(soneto em decassílabo heróico)

06
Abr21

ROLETA RUSSA

Maria João Brito de Sousa

livro.png

ROLETA RUSSA
*


Mandaram-me ir jogar roleta russa

num casino qualquer que desconheço

e tudo (ar)risco porque, ou pago o preço,

ou saio ilesa desta escaramuça...
*


Tal qual ponta de lápis que se aguça

pra registo de data ou de endereço,

(ar)risco o risco desde o seu começo,

nunca (en)fiando inteira a carapuça...
*


Deixei, contudo, pronto o testamento

porque o diabo, esse em que não creio,

já tudo me levou, excepto o talento.
*


Mais por prudência do que por receio,

deixo o meu espólio ao mar, à terra, ao vento

e a todos quantos foram o meu esteio!
*

 

Maria João Brito de Sousa - 06.04.2021 - 11.33h

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