Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Mai20

UM SONETO PARA ANTÓNIO DE SOUSA

Maria João Brito de Sousa

ANTÓNIO DE SOUSA.jpg

 

UM SONETO PARA ANTÓNIO DE SOUSA
*


São de astros os dez mastros dos teu dedos
E destros os teus estros decantados
Que enquanto livres voam são escoltados
Por montanhas cobertas de arvoredos,
*

Picos armadilhados de rochedos,
Vales numa vertigem desenhados,
Despenhadeiros quase despenhados
De alturas outras, que não geram medos.
*

São de astros feitos, esses teus sonetos,
Poeta da casaca de cometas,
Razão em suspensão sobre os afectos
*

Que calam, nos silêncios que prometas,
A lucidez dos nomes simples, rectos,
Que, lá do topo, vão lançando as setas.
*


Maria João Brito de Sousa - 31.05.2020 - 15.20h

31
Mai20

CANSAÇO

Maria João Brito de Sousa

Filinto de Almeida,.jpg

CANSAÇO

 

*

 

 

"A velhice é cansaço... e esse cansaço"

Mais alto soa que qualquer cantiga,

Mais bem me vence do que me castiga,

Melhor me prende que o mais terno abraço.

*

Já pouco faço e, disto que faço,

Evola-se um suspiro, uma fadiga,

Uma exaustão severa e muito antiga

Que não tem tempo e se perdeu no espaço.
*

Quero alcançar-te e já não tenho braço,

Tento elevar-me e fico tonto e lasso

Esmagado pela dor que me mastiga.

*

Descanso o corpo e fico preso ao laço;

Repouso em vão que a cada novo passo

"Esse mesmo repouso me fatiga!"
*

 


Maria João Brito de Sousa - 30.05.2020 - 09.45h

*

Soneto inspirado em dois versos de Filinto de Almeida, 1857/1945

*

 

Poema elaborado no site Horizontes da Poesia a partir de dois versos (o primeiro e o último) indicados pelo poeta e administrador Joaquim Sustelo.

 

WIN_20200529_18_10_28_Pro.jpg

 

29
Mai20

UM SONETO PARA JUSTINA

Maria João Brito de Sousa

Justina.jpg

UM SONETO PARA JUSTINA

*

Procura-se osga-moura pequenina
De seu nome Justina a Justiceira.
Dá-se uma recompensa financeira
A quem saiba dar novas de Justina
*

Ou me possa dizer por que a ladina
Me desapareceu desta maneira
Depois de cativar-me toda inteira
Como se eu fosse ainda uma menina.
*

Talvez o réptilzinho adivinhasse
Que, caso nesta casa pernoitasse,
De ceia à minha gata serviria...
*

Não, não darei alvíssaras, lamento!
Melhor fica Justina livre, ao vento,
Do que em barriga alheia ficaria.
*


Maria João Brito de Sousa - 29.05.2020 - 16.13h

28
Mai20

"SONETTO" DA CONFIRMAÇÃO DA NEGATIVA

Maria João Brito de Sousa

magritte-610x350.jpg

"SONETTO"[1] DA CONFIRMAÇÃO DA NEGATIVA
*


De fel me cubro se de mel me cobres;
Já não há beijo que esta boca adoce
Nem há paixão carnal que me destroce,
Ainda que em doçura te desdobres.
*

Nos cantos que tomei por meus alfobres
Não houve espaço, por menor que fosse,
Para que conseguisses tomar posse
Do não-sei-quê que nunca em mim descobres
*

Terás de perceber que estou velhinha,
Que nada crio se não estou sozinha,
Que da amizade sei tirar prazer
*

E que, quando era jovem, um bastou
Pra que soubesse que esta que hoje sou
Decerto quebraria sem torcer.
*


Maria João Brito de Sousa - 28.05.2020 - 18.58h

*

[1] do italiano cançãozinha ou soneto

 

Imagem - Tela de René Magritte

27
Mai20

COROA DE SONETOS A QUATRO MÃOS

Maria João Brito de Sousa

21369570_1684788654879075_555575265246463992_n.jpg

 

SIGAMOS MAIO AFORA
*


Sigamos Maio afora confiantes
Sabendo, embora, quanto nos espera;
Sejamos mais do que o que fomos antes
Em cada Maio e em cada Primavera,
*

Que Maio sempre fez de nós gigantes
Diante da malícia de uma fera
Que nos tem por dispersos, vãos, errantes
Cavaleiros do sonho e da quimera.
*

Sigamos Maio afora; Junho e Julho
Esperam por nós, de nós terão orgulho,
Tal como cada mês que está por vir
*

Nos há-de abrir os braços, finalmente,
Quando o futuro se tornar presente
De quanta gente em Maio o construir!
*

Maria João Brito de Sousa - 02.05.2020 - 08.39h

***
2
"De quanta gente em Maio o construir!"
Esse futuro por agora tenso
Que o mês de Maio irá fazer surgir
Envolto em sonhos bons tal como penso

*


Junho há-de com mais força também vir
A força de vencer, que me convenço
Depois deste "maduro Maio" florir
Irá florir o mundo ao qual pertenço

*


Confio em ar mais puro... a atmosfera
Irá consolidar a primavera
Nos campos e nas almas desta gente,

*


Que agora ainda está na incerteza

Mas que depois verá com mais clareza

Todo um futuro alegre e sorridente.

*


Joaquim Sustelo

***
3

"Todo um futuro alegre e sorridente"
Há-de chegar um dia, não duvido,
Mas ainda haverá que fazer frente
A um tempo difícil e dorido.
*

Sou optimista, não inconsciente
Dos riscos do caminho já escolhido
E tu, que és meu irmão, terás em mente
Que há que roer este osso... e bem roído!
*

Não se pode sonhar... sonhando apenas
Como se o tempo fosse de açucenas
E apenas nos bastasse acreditar
*

Que há pão na mesa que vemos vazia
Ou música se sopra a ventania...
Também há que lutar, lutar, lutar!

*

Maria João Brito de Sousa

***

4


"Também há que lutar, lutar, lutar"
E nessa luta haver vários reveses
Não basta nós ficarmos a esperar
Pelo Maio passar e mais uns meses

*


Só muitos, muitos mais a ajudar
Mas em tempo contínuo e não às vezes
Muit'água pelos rios há-de passar
Há-de pregar-se em muitas dioceses

*


Mas sempre com querer, com confiança
Que a última a morrer é a esperança
E o homem quando quer pra melhor muda

*


Então vamos fazer, nós, todo o povo,
Que nasça brevemente um mundo novo
Que quase em horizonte nos saúda.

*


Joaquim Sustelo

***

5


"Que quase em horizonte nos saúda"
Pois nunca poderemos lá chegar
A menos que uma coisa mais graúda
Nos lance, de repente e sem tardar...
*

Não espero que minha alma inda se iluda,
Já que tem a razão para a amparar,
Mas, meu irmão, às vezes fica muda
De tanta coisa estranha contemplar...
*

Mas, não, nunca descri dos amanhãs
Que hão-de falar de coisas menos vãs
Cantando alto e bom som, ou sussurando,
*

Que há justiça na Terra para os povos!
Não será para nós, é para os novos,
Pró homem, prá mulher que vão chegando!
*


Maria João João Brito de Sousa

***

6

"Pró homem, prá mulher que vão chegando!"
Talvez ele até venha um mundo novo
Com calma a pouco e pouco se implantando
Com grande f'licidade em todo o povo

*


Eu creio. E nessa fé cá vou pensando
No que será... Por vezes me comovo
Quando se adensa o sonho, ou seja quando
Mais forte o sinto em mim e o renovo

*


Nós não estaremos cá, vamos de "férias"
Porém não penses que isto é tudo lérias
Pois tenho até uma forte convicção!

*


E vamos passo a passo, rua a rua
Num sonho que por ora continua
A adentrar-me a alma e o coração.

*


Joaquim Sustelo

***


7

"A adentrar-me a alma e o coração"
Como se um bando de aves me adentrasse
Gerando vida, espanto, evolução
Que a morte nunca visse, nem sonhasse.
*

Sonhar é também ter a convicção
De mais tentar, ainda que bastasse
À nossa muito humana condição
Um nada de ambição que um desenlace
*

Mais ou menos feliz, desse à função,
Dessa existência, quando se apagasse
A pequenina chama da razão.
*

Talvez, depois, a fome já não grasse
Nem a doença, nem a frustração
Com que o tempo nos brinda neste impasse...
*

Maria João Brito de Sousa

***


8

"Com que o tempo nos brinda neste impasse..."
Que afeta todos nós em mais ou menos
Mudando a cada dia a nossa face
Por nossos pensamentos não serenos

*


Como se este Covid não bastasse
Os tempos que aí vêm, nada amenos,
Nem fazem com que a gente aqui já trace
Tão boas plantações pelos terrenos...

*


Porém, se o pensamento em nós já lavra,
Sabemos ser a força da palavra
Aliada a um crer, forte... eficaz,

*


Duma forte mudança, o seu fator
E do ressurgir pleno do Amor
Que até hoje não trouxe ainda a paz.

*


Joaquim Sustelo

***

9

"Que até hoje não trouxe ainda a paz"
Pela qual tanto, tanto nós pugnamos
E que tão grande falta ao mundo faz
Embora o contradigam grandes amos...
*

Talvez a nossa voz seja incapaz
De se fazer ouvir, mas bem tentamos
E há sempre uma vozita mais audaz
Que sobe ao alto dos mais altos ramos,
*

Ou que grita mais alto, embora atrás
Dos que já se destacam, entre humanos,
Perecíveis... que importa se subjaz
*

Esta vontade imensa? Longos anos
Faltarão pra sabermos que nos traz
O tal futuro que hoje lobrigamos,
*

Maria João Brito de Sousa

***


10

"O tal futuro que hoje lobrigamos",
Não vem em nosso tempo nem lá perto
Por ele há muito tempo que lutamos
Mas o caminho é... inda algo incerto

*


Porém fazer por ele sempre vamos
No campo da poesia, neste "aperto",
Em que a nossa vontade apregoamos
Se bem que o chão se mostre algo deserto

*


Virá o Junho, o Julho e o Agosto
Virão os outros meses e aposto
Que sempre alguma coisa vai mudar

*


"Se nós mudarmos todo o mundo muda" (*)
Ah que ninguém se fique e nem se iluda
Pois este mundo velho há de cessar.

*


(*) frase do dr. Lair Ribeiro


Joaquim Sustelo

***


11

"Pois este mundo velho há-de cessar"
E havemos de tomar um novo rumo
Sem que haja sempre alguém a cobiçar
Do fruto humano a polpa, o próprio sumo.

*

Um mundo bem mais justo, um mundo-lar
Do qual cada um seja o fio-de-prumo,
No qual a luz do sol possa brilhar
E onde se não se morra envolto em fumo.
*

Nisto, sei que vou sendo idealista...
Talvez o que aqui sonho nunca exista,
Talvez não passe de uma outra utopia
*

Mas não me peças nunca que desista
De te falar do sonho. Cada artista
Compõe conforme sente a melodia...
*

Maria João Brito de Sousa

***

12

"Compõe conforme sente a melodia..."
E toca consoante o instrumento
Indo todos criar a sinfonia
Que se for bem tocada dá alento

*


Tocar muito melhor, sim, eu queria
Se bem que à melodia esteja atento
Porém há sempre um toque de mestria
Que não vou atingir, se bem que tento...

*


Somos uns idealistas? Não faz mal
Todos devemos ter um ideal
E este é dos melhores que há na vida

*


Imaginar a estrada especial
Pugnar por ela vir de pedra e cal
Assim atapetada... assim florida...

*


Joaquim Sustelo

***

13

"Assim atapetada... assim florida"
Como se jardim fora, ou astro errante
Soltando a cabeleira colorida,
Coberta de poeira flamejante...
*

Irmão, juntei ao astro a cor da vida
E vi, ou julguei ver, por um instante,
A humanidade menos dividida,
Mais forte, mais feliz e mais pujante;
*

Poetas e também trabalhadores
Cantavam, lado a lado, os seus amores
Como se nada, nada fosse em vão
*

Mas, nesse mundo que mal vislumbrei,
Não pude ver que houvesse qualquer rei,
Nem vi que a alguém faltasse tecto ou pão.
*

Maria João Brito de Sousa

***


14

"Nem vi que a alguém faltasse tecto ou pão"
Havia um equilíbrio, uma equidade
Que todos adquiriram a noção
De a ter de pôr em prática. Em verdade,

*


Ganhavam dia a dia o seu quinhão
Pelo que produziam, não metade
Do que cabia à mesa do patrão
Que açambarcara dantes com maldade

*


Fosse sonho ou não fosse o que tu viste
Uma etapa feliz já coloriste
Pintando a de cor negra que era dantes

*


A pouco e pouco iremos... e sorrindo
Sabendo que esse tempo ele é bem-vindo
- Sigamos Maio afora confiantes.

*


Joaquim Sustelo

*


NOTA - Coroa de sonetos dialogada a quatro mãos e em menos de doze horas.

Poema registado ao abrigo dos direitos de autor, a editar brevemente.

26
Mai20

ALEGORIA DE UMA ZANGA

Maria João Brito de Sousa

pardais-foram-flagrados-em-2010-lutando-por-comida-1.jpg

ALEGORIA DE UMA ZANGA
*

(Em verso hendecassilábico com rima encadeada)
*


Maduros os mostos, montada a treliça,
De pronto se atiça uma zanga nos rostos
E os pressupostos de haver nova liça
Incham qual carriça espantando os opostos.
*

 

Confrontam-se os postos, deflagra a cortiça
Na chama castiça de antigos agostos
Que a tudo dispostos, jubilosa eriça
Com fúria maciça explodindo em compostos.
*

 

Dos mostos maduros mais bem fermentados,
Serão decantados os vinhos mais puros...
Não sei que futuros nem sei que passados
*

 

Só sei que há legados funestos e duros
E outros com furos muito bem guardados
Por lábios cerrados, disfarces e muros.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 26.05.2020 - 12.28h

 

25
Mai20

E PARA QUASE TODOS, QUASE NADA

Maria João Brito de Sousa

WIN_20200522_16_43_43_Pro.jpg

 

DEPOIS

ou

E PARA QUASE TODOS, QUASE NADA

*

Depois a gente chora, a gente ri,
A gente, como dantes, nasce e morre
E há-de calar-se a voz que em mim discorre
Sobre as coisas que agora escrevo aqui
*

Alguém virá dizer-vos que morri,
Outro alguém cuidará do que me sobre
(que não é pouco, embora eu seja pobre)
E talvez sobreviva o que escrevi.
*

Isto temos por certo, mas enquanto
Houver lugar prá vida e para o espanto,
Aproveitemos esta caminhada
*

Que quase nunca é fácil e segura
Já que pra muito poucos há fartura
E para quase todos, quase nada.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 24.05.2020 - 10.50h

 

 

Eu, ontem. memorando Maria Velho da Costa.

24
Mai20

"D" de DÉDALO

Maria João Brito de Sousa

minotauro.gif

“D” de DÉDALO

*

 

Deu-me Dédalo duas dedaleiras.

Dueto d`ouro Dédalo me deu;

Duplamente o dador se (con)doeu,

De dedos despojado e de dedeiras.

*

Dispondo-me a (ce)der, dobei doideiras.

De duro dardo (a)dentro descendeu,

De delícias desfeita me (per)deu...

Doces divagações (d)entre (ca)deiras.

*

 

Doseio a delicada doação,

Demoro e dignifico a duração

Desta deliquescência dedilhada.

*

 

Declino docemente a deplecção

Da doçura durante a digressão;

Dificilmente doo deturpada.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 24.05.2020 – 00.15h

*

 

Imagem do labirinto do Minotauro (knossos, Grécia) retirada daqui

 

23
Mai20

"D" de DESVENDAR

Maria João Brito de Sousa

mural Jackson Pollock.jpg

“D” de DESVENDAR

*

(Em decassílabo heróico)

*

 

Dedo-duro, disseste... digo, dizes

Dos desumanos dardos desta dor.

Direi dormir, dourar e decompor

Dogmas e dados em dez directrizes.

*

 

Dei-te demais. Desenlacei deslizes

Dos deslocados dados do dador.

Demências dissequei. Do ditador

Derrubei dois demónios. Dois? Desdizes!

*

 

Dócil Diana, deve-me ditados,

Dezenas de dedais, dúzias de dados...

Deve dar-tos depois. Descansa, dorme,

*

Divide em dúcteis dobras delicadas

Duas diagonais desencontradas;

Disseca-me e desfruta-me, ó disforme!

*

 

Maria João Brito de Sousa – 23.05.2020 – 15.40h

 

*

 

Imagem - Tela de Jackson Pollock

23
Mai20

"P" de PECADO

Maria João Brito de Sousa

10378132_899693433388605_775169036780792756_n.jpg

 

“P” de PECADO

*

 

Pequei! Pesada pena, pausas parcas,

Postulam prolongadas privações.

Penosamente parem patriarcas,

Póstumo pó, perpétuas punições.

*

 

Perdido o prumo, pesa(m)-me Petrarca(s).

Procuro pastos. Prendem-me prisões

Profanadas por penas de plutarca(s).

Proféticas. Prováveis. Previsões.

*

 

Púdicos pés pisei. Pratos parti.

Perdidamente presa, paz perdi.

Palimpsesto. Pintura. Palco. Ponto.

*

 

Provei paz paralela. Podre paz!

Pobreza pressenti. Pão pertinaz...

Produzo; pumba, pumba! Peco? Pronto!

*
 

 

Maria João Brito de Sousa – 25.07.2018 – 13.51h

*

 

Imagem - Eu, no quarto dos brinquedos da casa de Algés

22
Mai20

BEM-SE-SABE

Maria João Brito de Sousa

Paul+Cezanne+-+Still+Life+with+Apples+.jpg

BEM-SE-SABE

 

*

 

(Soneto em verso eneassilábico)

*

Bem se sabe o que julga saber-se,

Mal se sabe o que nem se adivinha;

Se bem sabe o que possa comer-se,

Mal nos sabe o que aos frutos definha.

*

Que bem sabe um bom doce de alperce

Preparado por quem o cozinha

Com o toque alquimista que exerce

Sobre quanto de si se avizinha.

*

Se pra tudo houver contrapartida,

Bem melhor percebemos que a vida

É mudança imparável, constante,

*

E se tudo se move e renova,

Bem se sabe o que a vida comprova;

Quem parar vai morrer nesse instante.

*

 

Maria João Brito de Sousa – 21.05.2020 -  13.00h

*

 

Imagem

Natureza Morta com Maçãs - Paul Cézanne

20
Mai20

ALEA JACTA EST

Maria João Brito de Sousa

almada-negreiros-lanterna-magica.jpg

ALEA JACTA EST

*

 

 

Depois do gelo, a terra abre-se em flor

E à flor segue-se o fruto do costume,

Como à faísca irá seguir-se o lume

Ao qual se há-de seguir seja o que for. 

 

* 

 

Lançam-se os dados. Busca-se o factor

Que satisfaça as ânsias do cardume

Que aguarda ordeiramente e nem presume

Poder cair nas mãos do pescador.

*

 

Na praia, três pulguinhas, das da areia,

Vão emulando o canto da sereia

A bem da tradição... e dos seus egos.

*

 

Sobe a maré e cumprem-se os destinos

Dos cardumes, dos homens, dos meninos

E até dos que são loucos ou estão  cegos.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 20.05.2020 – 10.14h

 

Imagem - "La Luna Rota", Almada Negreiros -

Retirada daqui

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!