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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
16
Abr20

CORAÇÃO SUBURBANO E REMENDADO

Maria João Brito de Sousa

coração suburbano e remendado.jpg

CORAÇÃO SUBURBANO E REMENDADO

*

 

Coração suburbano e remendado

É qual punhado de coisa nenhuma

Que perdido entre agulhas de caruma

Julgasse que afinal fora encontrado.

 

*

Ao sentir-lhe o pulsar (des)compassado

Como o de vaga ao desfazer-se em espuma,

Ao mar o lançaria se outra escuna

Mo levasse e trouxesse renovado!

 

*

Mas nem o mar me of`rece tal benesse,

Nem eu lhe of`recerei o que parece

Desafinado, ainda que o não esteja.

*

 

Pulsa enquanto pulsar lhe for possível,

O punho ora rebelde, ora sensível,

Que me traz presa à vida e que lateja.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 16.04.2020 – 18.00h

16
Abr20

VIAGEM POR DENTRO DE UM POEMA

Maria João Brito de Sousa

Fotografia de meu pai.jpg

VIAGEM POR DENTRO DE UM POEMA

*

 

Partiu de si à hora do costume,

Sem ter de precaver-se em demasia

Já que nesta viagem ficaria

A léguas de si mesmo e do cardume.

*

 

De si partiu depois de aceso o lume

Da candeia do espanto, antes vazia

Duma urgência que agora a consumia,

Inda que à pandemia fosse imune.

*

 

Partiu de si por tempo indefinido;

Por um minuto ou dois terá partido,

Ou talvez fossem dias, meses, anos...

*

 

Partiu! Foi sem destino nem sentido

Atrás de um verso em fuga, perseguido

Por dogmas, frustrações e desenganos.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 16.04.2020 – 10.52h

*

 

Fografia de António Pedro Brito de Sousa, meu pai

14
Abr20

A HORA DO LOBO II

Maria João Brito de Sousa

A HORA DO LOBO II.jpg

A HORA DO LOBO II

*

 

 

Percorri estepes que nunca pisei

Usando a voz do lobo que não sou;

“Matei, sempre que a fome mo ditou,

Mas nunca além de quanto precisei

 

*

Fui pai ou mãe dos filhos que gerei,

Uivei de orgulho sempre que outro uivou,

Morri quando o meu tempo se acabou

E, quer creiam, quer não, também chorei.

*

 

Chorei a morte do meu companheiro

Que devolveu à estepe o corpo inteiro

Quando por vós seguido e acossado.

 

*

Alma, não sei se a tenho ou se a não tenho,

Mas do mais alto abismo me despenho

Antes de algum de vós me haver domado!”

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.04.2020 – 17.46h

13
Abr20

NÓS, HUMANOS

Maria João Brito de Sousa

...PEQUENO MUNDO....png

NÓS, HUMANOS

*

 

Cremos em anjos, demónios e santos,

Criamos deuses de humanas fachadas,

Tememos bruxas, duendes e fadas...

E frágeis somos, mesmo sendo tantos!

*

Vemos mostrengos por detrás dos mantos

Das nossas mentes pouco habituadas

A questionar-se quando confrontadas

Com dogmas pré-impostos por uns quantos.

*

 

Assim somos! Assim nos coube ser

Na profusão de vidas a nascer

Que povoou este astro todo inteiro.

*

 

O que me cabe a mim senão escolher,

Já que negá-lo seria perder,

Teimar que isto que afirmo é verdadeiro?

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 10.04.2020 – 17.38h

12
Abr20

ESCONDER O NILO EM TAÇA DE ESPUMANTE

Maria João Brito de Sousa

1972.jpg

ESCONDER O NILO EM TAÇA DE ESPUMANTE

*

 

“Nas águas inquietas deste açude”

Se banha o mundo inteiro em convulsão;

Sonham os velhos com a juventude,

Jubilam  jovens na antecipação

 

*

 

De um futuro ideal. Se algum se ilude

E cai na muito humana tentação

De apenas vislumbrar sonho e virtude

Onde se abre uma porta à decepção,

*

 

Não posso condená-lo nem puni-lo,

Nem poderei tentar dizer que aquilo

Que julga estar tão perto, está distante...

*

 

No entanto, é possível consegui-lo!

Impossível será esconder o Nilo

Numa pequena taça de espumante.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.04.2020 – 12.09h

*

 

NOTA IMPORTANTE - Soneto criado a partir do último verso do soneto "UM AÇUDE DE ÁGUAS INQUIETAS", de MEA, seguindo o exemplo de JOAQUIM SUSTELO que assim criou o soneto "CHAMASTE POR MIM?".

11
Abr20

GRAUS DE CONSCIÊNCIA

Maria João Brito de Sousa

graus de consciência 2.jpg

GRAUS DE CONSCIÊNCIA

*

 

No asfalto, é devagar, devagarinho

Que hoje se avança. O tempo é de clausura;

Quem a quebre e se faça ao (des)caminho,

 Tudo e a todos arrisca na aventura.

*

 

“Daqui à nossa meta, é um tirinho”,

“A fuga à regra nunca foi loucura”,

“É triste estar em casa tão sozinho”,

“Tanto confinamento é já tortura!”,

*

São argumentos muito pertinentes

Dos que serão (ou não...) sobreviventes

Desta praga sem nome ou dimensão.

*

 

No fundo, todos somos dependentes

De alheios corpos e de alheias mentes;

Uns disso estão cientes, outros não.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 10.04.2020 – 11.16h

10
Abr20

"PELO SEU PRÓPRIO PÉ"

Maria João Brito de Sousa

pelo seu pé.jpg

“PELO SEU PRÓPRIO PÉ”

 

*

Há pouco, ouvi o canto insinuante

De um pedaço de verso. Um verso alheio

Que ficou a rondar-me e, neste instante,

Ecoa cá por dentro qual gorjeio

*

 

De ave que em mim pousasse e que, hesitante,

Em seguida mostrasse algum receio...

Não reisti. Segui-lhe o rasto errante

Quando partiu cantando. Que outro meio

*

 

Teria eu de ouvi-lo novamente

Se é livre cada pássaro que a gente

Sente pousar em nós, quando acontece

*

 

Ver-se ou ouvir-se um verso irreverente

Que canta e soa tão divinamente

Que tudo o mais ofusca e empobrece?

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 09.04.20-20 – 10.30h (?)

08
Abr20

"VA PENSIERO"

Maria João Brito de Sousa

VA PENSIERO.jpg

“VA PENSIERO”

*

 

Voa pensamento nas asas douradas

Que hoje amordaçadas espalham seu lamento...

Voa contra o vento que sopra em rajadas

Por ruas e estradas. Redobra de alento,

 

*

 

Voa como eu tento quando as madrugadas

Passam demoradas, suspensas no tempo...

Voa! Voa atento às gentes magoadas,

Marginalizadas, murchando ao relento...

*

 

Que isso que te eleva te não leve em vão;

Que te sobre o pão e que ninguém se atreva

A pensar que deva pôr qualquer travão

*

 

A quem, por paixão, dê de quanto escreva...

Na próxima leva, leva e traz-me, então,

Mais uma fracção do que ilumina a treva!

 

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 08.04.2020 – 23.57h

 

08
Abr20

TOMAR GATO POR LEBRE ou LOBRIGAR RISCOS ONDE BRILHAM ESTRELAS

Maria João Brito de Sousa

VER RISCOS EM VEZ DE ESTRELAS.gif

TOMAR GATO POR LEBRE

ou

LOBRIGAR RISCOS ONDE BRILHAM  ESTRELAS

*

 

Mal vejo porque os olhos baços, baços,

Mais baços do que os vidros das janelas,

Não deixam vislumbrar mais do que uns traços

Das coisas mais comuns e  mais singelas.

*

 

Abrem-se-me horizontes, surgem espaços

Nos quais vislumbro absurdas caravelas

Cruzando um céu cortado em mil pedaços

Por estranhas setas que afinal são estrelas...

*

 

Ainda exijo aos olhos que não parem

De ver loucuras, se a tal me obrigarem!

Ainda não entrei em desespero!

*

 

Antes ver pouco e mal do que não ver

Sequer aquilo que algo parecer,

Desde qu`inda discirna esse exagero...

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 07.04.2020 – 17.11h

 

 

07
Abr20

NINGUÉM CORTA A RAIZ AO PENSAMENTO

Maria João Brito de Sousa

Potro Radiculado.jpeg

NADA CORTA A RAIZ AO PENSAMENTO

*

 

"E se for amanhã, não será tarde"
Que o homem novo não é apressado,
Nem costuma fazer o grande alarde
Que faz um homem menos assisado...
*



A chama inda em nós freme, inda em nós arde,
E esse amanhã constrói-se lado a lado!
Sejam bem vindos, valente e cobarde,
Ao mundo que tivermos conquistado!
*



Aos muitos que tombaram, honraremos
Nos hinos e poemas que criemos
Durante os tempos de confinamento
*

Porque afinal é certo e está provado
Que jamais houve espada, nem machado
Que cortasse "a raiz ao pensamento"!

*




Maria João Brito de Sousa - 06.04.2020 - 11.40h

 

*

Mais um soneto-resposta a um poema-comentário de Rogério V. Pereira.

05
Abr20

CIDADE ENTRE MURALHAS

Maria João Brito de Sousa

VAZIA, A CIDADE ENTRE MURALHAS.jpg

 CIDADE ENTRE MURALHAS

*

 

Está vazia, a cidade entre muralhas...

Vestindo um pálio verde acinzentado,

Espelha agora reflexos e migalhas

Do que era humano, urbano e povoado.

*

 

Há silêncios brotando destas malhas

Pelo homem tecidas no passado;

Hoje, nem um sinal de humanas falhas

Contraria o vazio aqui estampado.

*

 

Suspensa, a vida humana mal murmura,

Mas permanece a esp`rança. Essa perdura

No sonho que entre muros se encerrou.

*

 

Quem sabe quando chega esse amanhã

Que há-de trazer consigo a vida sã

Que todo o homem são sempre sonhou?

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 05.04.2020 – 19.28h

 

*

 

Soneto criado ontem para o desafio “Imagem/Poema” do site Horizontes da Poesia.

(muito ligeiramente reformulado)

05
Abr20

AGUARDO A MÚSICA DE UM VERSO

Maria João Brito de Sousa

eu e Nice - Dafundo.jpg

AGUARDO A MÚSICA DE UM VERSO

*

 

Garanto que jamais procuro um tema;

É um verso qualquer que, de repente,

Se aproxima de mim, me vem à mente,

Mesmo antes que eu pensasse num poema.

*

Depois, o tema surge e, sem problema,

Vai-se desenvolvendo qual semente

Que brota de uma terra que a consente

E a aceita sem cuidar de mote ou lema.

*

Estou sempre atenta ao som de cada frase

Que elaboro ao pensar. Até à crase

Presto toda a atenção. Estou sempre à espera

*

Da toada inerente ao verso incerto,

Que não sei se está longe ou se está perto,

Que nem sei se vem mesmo ou se é quimera.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 04.04.2020 – 17.00h

 

*

Soneto-resposta ao soneto "TEMA" enviado pelo poeta Raymundo Salles, Brasil

 

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