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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Abr20

VERDADE(S) III

Maria João Brito de Sousa

O GATO - 1999.jpg

VERDADE(S)III

EM (genuíno) SONETO ALEXANDRINO

(a da genuinidade)
*


Tudo pondo em questão, duvido sem parar
Da placidez lunar até à suspeição
Com que encaro a fissão de teor nuclear,
Não vá ela levar o mundo à perdição...
*


Sou fiel como um cão, mas sou gato a sondar
Tudo quanto encontrar espalhado pelo chão;
Ignoro a frustração e afasto-a se chegar
A mim sem me enlevar, nem me pedir perdão.
*


Duvido por sistema e não deixo de crer
Num versito qualquer que aspire a ser poema
Seja qual for o tema a  que se propuser,
*


Portanto, mal puder, desfaço o tal dilema
E não há voz suprema ou espada de aluguer
Que me force a ceder se o verso em mim já rema.
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 29.04.2020 - 13.00h

29
Abr20

VERDADE(S) II

Maria João Brito de Sousa

singularidade.png

VERDADE(S) II

(a da singularidade)
*

 

Creio na insustentável lucidez
Do verso acabadinho de eclodir
Que noutros se replica, achando vez
Pr`acrescentar-se até se despedir.
*

 

Creio no homem que consegue rir
E no que chora ao fim de cada mês
A fome que está farto de sentir
E a raiva que lhe impõe novos porquês.
*

 

Creio na irreverência dos felinos,
Na clara transcendência de alguns hinos,
Nos amanhãs que um dia cantarão,
*

 

Nas doutas obras e nas comezinhas
Coisas do dia-a-dia. Até nas minhas
Óbvias fraquezas, que tão fortes são...

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 28.04.2020 - 16.30h

 

Imagem retirada daqui

28
Abr20

VERDADE(S)

Maria João Brito de Sousa

verdade - passarola.jpg

VERDADE(S)

(a da evolução)
*


Na verdade guardada a sete-chaves
No cofre de uns arcanos poderosos,
Não creio, não, que anseio como as aves
Por simples vôos livres, silenciosos.

*

 

Na verdade que embarca em grandes naves
Movida por segredos tenebrosos,
Também não creio, não, que ponho entraves
A testemunhos pouco rigorosos.

*

 

Não creio, não, numa única verdade
Mas creio em cada espanto que a vontade
Desperta em cada homem quando, atento,

*

 

Se permite aceitá-la inda inconclusa,
E, assim, creio na fome que, profusa,
Do próprio fruto retira alimento.
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 27.04.2020 - 15.58h

 

27
Abr20

A DATA-TERMO DAS NOSSAS FACTURAS

Maria João Brito de Sousa

facturas II.jpg

A DATA-TERMO DAS NOSSAS FACTURAS
*


Não sei se pelos meses vou passando,
Se pelo fim do prazo das facturas
Que, mês a mês, me impõem ir pagando,
Tal qual fazem as outras criaturas
*

Humanas como eu, que vão gastando
Água, energia e gás. E que aventuras,
Que ginásticas vamos engendrando,
Que milagres pedimos, que figuras

*

Fazemos quando o prazo está findando
E os euros já se foram nas verduras,
No arroz e no pão, nada sobrando...
*

Segunda conta-aviso... e mais tremuras!
É iminente o corte, aniquilando
De vez, sonhos e nervos. Vidas duras...
*


Maria João Brito de Sousa - 27.04.2020 - 10.39h

 

 

 

26
Abr20

SONETO SEM TÍTULO

Maria João Brito de Sousa

SONETO SEM TÍTULO.jpg

SONETO SEM TÍTULO

ou

NAUFRAGANDO, SEM MAREAR

*

Por que fomes passaste, companheiro
Feito de pó de estrelas como eu?
Que sede insaciável te bebeu
Sonho, sangue e suor do corpo inteiro?

*


Por que alto mastro ou por que chão rasteiro
Passaste a vida que te anoiteceu
Enquanto um velho sonho te prendeu
À pulsão de ir ao mar sem ter veleiro?

*

Assim te vejo. Assim me aconteceu,
Velho ou menino, casado ou solteiro,
Lembrar-te ou inventar-te enquanto réu

*

De imaginário tribunal costeiro,
Entre barcas com velas azul-céu
E ondas moldadas em rodas de oleiro.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 26.04.2020 - 14.25h

 

 

Imagem retirada daqui

24
Abr20

25 DE ABRIL, SEMPRE!

Maria João Brito de Sousa

25 de Abril - do Relógio de Pêndulo, 2020.jpg

25 DE ABRIL, SEMPRE!
*

 

Chegou enchendo as ruas da cidade,
Pintando cada casa de vermelho,
Deixando que um do outro fosse o espelho
Que em cada um espelhava a liberdade.

*


Semeou as sementes de igualdade
Nas já cansadas mãos de cada velho
E do jovem também, sem um conselho,
Que tempo nunca teve, ou mesmo idade.

*


A todos pertencia e, por igual,
De todos foi repasto e comensal
Na grande mesa da libertação.

*


Fomos nós, povo, quem o conquistou
E a nós cabe lembrar que, se murchou,
Reavivá-lo está na nossa mão!
*

 

Maria João Brito de Sousa -24.04.2020 - 10.30h

 

Imagem carinhosamente roubada do blog Relógio de Pêndulo

22
Abr20

TERRA

Maria João Brito de Sousa

TERRA II.jpg

TERRA

*

 

Era uma rocha bruta, hostil à vida,

Soturna de aparência e fervilhante

De explosões e da lava borbulhante

Que toda a recobria, como ferida.

*

 

Milhões de anos passaram de corrida

Pela árida rocha inda expectante,

Ainda de estar viva tão distante

Quanto de pela vida ser traída.

 

*

 

Depois, foi tanto o tempo que passou

Bebendo a luz do sol, que germinou

Em moléculas simples, toda inteira.

*

 

A evolução foi sábia no que fez

Quando aos poucos cobriu, de lés a lés,

De vida o que antes foi fogo e poeira.

 *

 

Maria João Brito de Sousa – 22.04.2020 – 17.49h

*

 

Imagem retirada daqui 

21
Abr20

ESTATUETA ANTIGA DE PEQUENO PORTE

Maria João Brito de Sousa

EU, desenhada por mim no Paint básico (1).jpeg

ESTATUETA ANTIGA DE PEQUENO PORTE

*

 

Já fui menina. Tonta de impossíveis,

Bebi marés de sal, movi montanhas,

Moldei filhos e versos nas entranhas,

Fui-me ajustando ao nível dos desníveis.

*

 

Se contada, contei-me entre os passíveis

De estranhos serem entre almas estranhas,

Se não contada, ousei, como as aranhas,

Ir fabricando  teias invisíveis.

*

 

Já fui a voz de todas as crianças.

Inspirei belas telas e faianças.

Fui de aguarela e de tinta-da-China.

*

 

Cresci, envelheci, fiz frente à morte;

Estatueta antiga de pequeno porte,

Eis o retrato desta velha ruína.

*

 

Maria João Brito de Sousa – 21.04.2020 – 11.30h

 

19
Abr20

SEDE(S)

Maria João Brito de Sousa

Picasso.jpg

SEDE(S)

*

 

 

Bem mais depressa morro se desisto

De analisar o mundo, o sonho, a vida...

E analiso aquilo e, depois, isto

Perspectivando a coisa então escolhida.

*

 

É imenso, esse nada que conquisto

Através desta sede desmedida

Que posso descrever-vos como um misto

De espanto e de humildade. Se traída,

*

 

Não sabe como nem por que viver,

Murcha, entristece e deixa-se colher

Pela grande gadanha, sem protestos.

*

 

Enquanto viva e sempre que puder

Tudo analisa, quer é aprender,

Mesmo que lhe não sobrem senão restos.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 17.04.2020 – 12.50h

 

Imagem - "Duas Mulheres Correndo na Praia" - Pablo Picasso

18
Abr20

METROS QUADRADOS

Maria João Brito de Sousa

metros quadrados II.jpg

METROS QUADRADOS

*

 

 

Metros quadrados, poucos, que palmilho

No limiar da minha (im)paciência,

Formam o palco da minha existência

E o berço destes versos que partilho.

*

 

Metros, uns tantos, que amo e que perfilho

Como se impostos pela consciência

Dessoutra voz sem cor nem consistência

Que sussurra e ressoa qual estribilho.

*

 

Nestes metros quadrados me enraízo,

Observo o mundo e teço o meu juízo

Que sempre deixo aberto a novos dados.

*

 

De pouco, muito pouco mais preciso,

Pra vos não dar excessivo prejuízo,

Pr`além de uns tantos metros (en)quadrados.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 18.04.2020 – 09.50h

17
Abr20

LINDA!!!

Maria João Brito de Sousa

Eu, no quintal do Dafundo.jpg

LINDA!

*

 

Linda! Que bem vestida e bem calçada

Passava uma menina ali defronte...

Um pouco além, na linha de horizonte,

Outra passava suja e desgrenhada.

 

*

Coubera-lhe outra sorte e não ter nada,

Andar descalça, beber duma fonte

E morar na cabana lá do monte

Era-lhe igual a ter capa dourada...

*

 

Se era criança, ainda! Era-lhe igual

Trincar côdea ou bolacha de água-e-sal

E até a dura enxerga era bem vinda

*

 

Quando o sono chegava de mansinho

Depois do pão molhado em leite ou vinho

Que tivera por ceia. E como é linda!

 

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 17.04.2020 -14.22h

 

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