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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
25
Jan20

OS MEUS OLHOS

Maria João Brito de Sousa

EU.jpg

OS MEUS OLHOS

 

*

 

Já viram, estes olhos, tanta dor,

Tanto espanto, tristeza e alegria,

Que, agora, me condenam ao torpor

De ver dez vezes menos do que via.

*

 

Minh`alma ousa sair da letargia,

Eriça cada espinho, abre-se em flor.

Debalde o faz. Demora, a cirurgia,

Muito mais do que alguém possa supor.

 

*

 

Vou despir-me da flor, tornar à pedra,

Essa, na qual a flor só nasce e medra

Quando tiver razões pra florescer.

 

*

 

As pedras nada vêem, nunca mentem,

São tão impenetráveis que não sentem,

Tão cruas que não querem nem saber.

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 23.01.2020 – 13.12h

*

 

Lembrando o poema METAMORFOSE, por mim escrito em 1990/91

*

 

Tenho alma de papoila;

Mal se toca, mal se agita,

Caem-lhe as pétalas todas

E fica morta, despida.

*

 

Outras vezes, a papoila,

Só por força do dever,

Transforma-se em rocha dura,

Resiste à dor, à tortura,

Nada a pode demover.

 

*

Mas rocha bruta ou papoila,

No palco fica a mulher;

Eu, metamorfoseada

Em anjo ou alma penada,

Ora papoila, ora fraga,

Conforme vos convier.

*

 

Maria João Brito de Sousa – 1990/91 (?)

 

Imagem - Eu, fotografada por Carlos Ricardo 

 

20
Jan20

AINDA A VIDA

Maria João Brito de Sousa

Ainda a Vida - HP.jpg

AINDA A VIDA

 

*

Fosse este ainda o tempo em que eu sentia

Que, tal como essa flor, desabrochava

Da aridez de uma pedra nua e fria

Que, em troca, não me dava quase nada...

 

*

 

Mas não. É outro o tempo e a cada dia

Me descubro mais murcha e mais frustrada;

Não sei sonhar se vivo em agonia,

Nem florescer assim, estando vendada.

 

*

 

Nada invejo, porém. Estou velha e gasta,

Mas ver-te, flor rebelde, é quanto basta

Para saber que a vida vale a pena.

 

*

 

Da nudez do granito, pura e casta,

És grito a despontar na escarpa vasta,

Na rua ou na viela mais pequena.

 

*

 

Maria João Brito de Sousa – 20.01.20- 12.00h

*

 

NOTA - Soneto escrito para um desafio poético lançado pelo "site" Horizontes da Poesia. Também a imagem foi retirada do desafio desta semana. 

 

 

 

13
Jan20

BRINCANDO

Maria João Brito de Sousa

BRINCANDO.jpg

BRINCANDO

*

 

Pusilânime, o velcro do sapato

Abre-se e mostra a meia e expõe o pé

Que disso não dá conta, que não vê,

Nem sente quanto agora vos relato.

 

*

 

Quem nisso reparou, foi o meu gato

Que mal assim o viu, que mal deu fé

Do velcro a ir e vir como maré,

Julgou ter visto a cauda de algum rato.

 

*

 

Fundem-se, gato e pé, numa só massa

Que gato que se preze, um rato caça,

Ainda que de velcro e cabedal

 

*

 

Ninguém tirou proveito da caçada;

Escapei, mas fiquei toda esgatanhada

E dei um raspanete ao animal.

 

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 13.01.2020 – 11.48h

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