DA AUSÊNCIA
DA AUSÊNCIA
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Da tua ausência e – porque não? – da nossa,
Emana uma aura fosca e baça e crua,
Uma ilusão de luz, como se lua
De um astro em que se fez menina e moça.
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Enquanto essa ilusão de nós se apossa
Qual rio que em calmo lago desagua,
A ausência, mais que minha, mais que tua,
É sal que salga a vida e mel que a adoça.
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Nessa ausência, que vai ganhando vulto,
Transmuta-se a abstracção em verbo oculto
A que o sonho dá corpo e cristaliza
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E tudo o que era ausência é já presença
Que dita o que se sente, o que se pensa,
E cresce enquanto a mente idealiza.
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Maria João Brito de Sousa - 30.12.2019 – 10.15h
Imagem retirada daqui
NOTA - Despedindo-me de 2019 e abrindo os braços a 2020, boas entradas para todos vós, companheiros de jornada!