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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
14
Jan19

QUEM CANTA A VIDA NÃO SABENDO AMÁ-LA?

Maria João Brito de Sousa

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QUEM CANTA A VIDA, NÃO SABENDO AMÁ-LA?

*





Quem canta a vida, não sabendo amá-la

E quem modula um verso que não ama,

Se em espanto se lhe acende como chama

E se, à chama, não há como apagá-la?

*



Se mal começa o poema a chama estala

E sobre tudo e nada se derrama,

Como não entender que se proclama

Amor, onde a palavra se não cala?

*



Ah, se o reduzo à literalidade,

Como hei-de conceder-lhe a liberdade

De ainda o ser, depois de traduzido?

*





Se o prendo entre erotismo e sedução,

Como livrá-lo, então, da sensação

De haver usado, amado e destruído?



*



Maria João Brito de Sousa – 13.01.2019 – 13.00h

13
Jan19

A FONTE DOENTE

Maria João Brito de Sousa

LA FONTANA.jpg

A FONTE DOENTE

*


 

Qual “Fontana Malata” vou tossindo

E que Aldo Palazzeschi me perdoe

Por “fontana” e “malata” me ir sentindo,

Ainda que diversa a voz me ecoe

*


 

Do “clof, clop, cloch”, resumindo

O som que a fonte faça, o som que entoe

Enquanto assim o vai reproduzindo

Ouvido que o transcreva e não destoe.

*


 

Tanto a fonte se engasga e regurgita

Que, ao poeta, um poema então suscita,

Piedoso, solidário e fraternal


 

*

Quanto a mim, que me espelho nessa tosse,

Antes quisera que só dela fosse

Um som que, ao igualar-nos, nos faz mal.

*


 


 

Maria João Brito de Sousa – 13.01.2019 – 13.43h


 


 


 

Inspirado no poema “La Fontana Malata” de Aldo Palazzeschi, Itália, 1885-1974

12
Jan19

COISAS DE NADA

Maria João Brito de Sousa

COISAS DE NADA.png

COISAS DE NADA

*



Notícias sobre mim, coisas de nada;

Sinto uma dor no peito quando tusso

E chegou-me uma tosse desalmada

Que, sem pedir licença e sem rebuço,

*





Me deixou tão dorida e tão prostrada

Que cada verso soa qual soluço,

Cada estrofe me sai desafinada

E só em quase-nadas me esmiuço...

*



No estado em que me encontro, de momento,

Não tenho musa, força, nem talento

Para melhor escrever seja o que for,

*



Tudo o que faço é tossir e espirrar,

Mas sei que vos não vou contagiar

E talvez amanhã esteja melhor...

*





Maria João Brito de Sousa – 12.01.2019 – 11.21h

 

Imagem retirada daqui

11
Jan19

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI...

Maria João Brito de Sousa

se a navalha nos falha....jpg

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI...
*


Se, no fio da navalha caminhando,

A navalha nos falha, oscila e cai,

Tudo estremece, tudo se nos vai

E sem asas, nem chão vamos ficando...
*


A que nos agarramos se, cortando,

Até o gume nos desmente e trai

O tanto que nos nega e que subtrai

Ao pouco que antes fomos avançando?
*


A própria musa, desasada fica,

A corda, retesada, já não estica

E os versos, um a um, caem também
*


Dessa pauta invisível que os prendia

Ao fio duma navalha que os servia

E que nunca mais serve a mais ninguém.
*

 


Maria João Brito de Sousa

11.01.2019 – 12.16h
***

 



Imagem retirada daqui

 

10
Jan19

TUDO BEM?

Maria João Brito de Sousa

tudo bem.jpg

TUDO BEM?

*



Tudo bem? Menos mal? Assim-assim?

Vai-se escrevendo, enfim, vai-se escrevendo...

Mais do que a “ir andando”, sigo crendo

Que só enquanto escrevo adio o fim

*



E nunca guardarei só para mim

A frase que aqui deixo e que defendo

Como a que me traduz neste ir vivendo

Ao qual todos os dias digo sim.

*



Dissesse, “vou andando...”, e mentiria,

Porque mal empreendo uns breves passos,

Mesmo que tendo apoio e companhia

*



E enquanto escrevo, embora de olhos baços,

Ainda vou chegando aonde queria,

Conquanto já semeie uns erros crassos.

*



Maria João Brito de Sousa – 10.01.2019 – 12.50h



 

Imagem retirada daqui



















08
Jan19

SONETO ACABADO DE ESCREVER PARA UM "SONETO JÁ ANTIGO" DE ÁLVARO DE CAMPOS

Maria João Brito de Sousa

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 SONETO ACABADO DE ESCREVER

PARA UM “SONETO JÁ ANTIGO”, DE ÁLVARO DE CAMPOS

*



Raios me partam que tanto produzo

Sonetos e sonetos e sonetos

Uns atrás de outros, sem fazer projectos

Sobre os demais projectos, que recuso.

*



Se pra meu uso tanto e tanto abuso

De ininterruptos versos obsoletos,

Decerto não acuso outros objectos

Quando a simples objecto te reduzo,

*



Nem vou pedir a Daisy que, por esmola,

Diga esconder a dor que não se evola

Do seu espontâneo gesto costumeiro

*



E não há Cecily que em mim previsse

Mais do que alguns minutos de chatice,

Ou a chatice extrema, a tempo inteiro.

*





Maria João Brito de Sousa – 08.01.2019 – 18.13h

 

Imagem retirada daqui









08
Jan19

QUEM SOU? QUEM SOU?

Maria João Brito de Sousa

QUEM SOU - auto-confiança.jpg

QUEM SOU, QUEM SOU?

*



Sou contra-sensual por natureza;

Frequentemente rio quanto baste

E pouco ou nada existe que me agaste

Ainda que me insultem com torpeza

*



Ou, com habilidade e subtileza,

Alguém me considere um mero traste,

Mas pode acontecer que hoje me afaste

De quem me julga ter presa e bem presa.

*



Quem sou, quem sou? Se agora perguntaste

Por que razão de tudo saio ilesa,

Dir-te-ei que nos dias me encontraste,

*



Que nas noites me achaste sempre acesa,

Que sou aquela a quem nunca negaste

Lugar na cama e um prato sobre a mesa.

*







Maria João Brito de Sousa – 08.01.2019 – 13.49h




Imagem retirada daqui





07
Jan19

VAMOS ALÉM?

Maria João Brito de Sousa

gato preto lua.jpg

VAMOS ALÉM?

*



Vamos além? , Aonde?, inquire alguém,

E eu que nunca sei onde começa,

Nem acaba um além, respondo à pressa:

- Onde a vida nos leva, ou nos detém...

*



Sei que especulo e não me fica bem

Fazer de um pressuposto uma promessa,

Mas prevarico, embora reconheça

Que um passo implica sempre ir mais além...

*



Parto sozinho, sem pagar o preço

De sugerir atalhos inventados

Em estradas que de todo desconheço,

*



Tentando a sorte no lançar dos dados,

Aproveitando, enquanto não tropeço

Nos dados que por outrem estão lançados.

*





Maria João Brito de Sousa – 07.01.2019 – 15.52h







06
Jan19

(I)LIMITES & PARADOXOS

Maria João Brito de Sousa

LIMITES E PARADOXOS.jpg

(I)LIMITES & PARADOXOS

*



Entre vivos e mortos levantamos

Montanhas de aço vivo e de vontade

Contra as quais esbarrarão os grandes amos

Dos medos, quais torpedos de ansiedade,



*

Mas se no espanto imenso em que nos damos

Abstrusa, a novilíngua nos invade,

À nossa antiga concha retornamos,

Pela libertação da liberdade.

*



E mudamos. Ó céus!, como mudamos

Quer queiramos mudar, quer não queiramos,

Sem dúvida em excessiva velocidade,

*



Ultrapassando mesmo a ubiquidade...

Porém, na rapidez com que avançamos,

Quem mede o estado ao estado a que chegamos?

*





Maria João Brito de Sousa – 06.01.2019 – 13.44h




Tela de Jean Michel Basquiat, retirada daqui

05
Jan19

AS PEQUENINAS ASAS

Maria João Brito de Sousa

AS PEQUENINAS ASAS.jpg

AS PEQUENINAS ASAS

*



Contemplando as lonjuras circunspectas

Dos altíssimos vôos dos mais doutos

Embora, de asas, tenha uns meros côtos,

Admiro algumas asas mais concretas,

*



Mais amplas, ergonómicas, directas,

Mais densas e frondosas como soutos,

Face às minhas, pequenas como brotos

De sementes adiadas, incompletas.

*



Se cedo as minhas asas desprezei,

Tarde demais a elas retornei

E é fraco, este meu vôo, embora as penas

*



Bem mais cresçam agora que já sei

Poder guardar as penas que penei

Em asas tão modestas quão pequenas.

*





Maria João Brito de Sousa – 05.01.2019 – 12.35h

 

 

Imagem retirada daqui

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