Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
28
Jan19

DA GRALHA - A Bainha Descosida

Maria João Brito de Sousa

DA GRALHA.jpg

DA GRALHA

(A Bainha Descosida)

*





Das gralhas que passam vestindo sorrisos,

Dos gestos precisos que, acaso, as refaçam,

Das névoas que embaçam contornos concisos

Dos passos nos pisos que nos ameaçam

*



Se súbito passam a lisos, tão lisos

Que aos próprios sorrisos ali despedaçam

Sem que outros renasçam. Sisuda e sem siso,

Compõe longo friso, a gralha, se a caçam.

*



Letrinha a letrinha me força a escrever,

Só para a não ver a tornar-se rainha

Da escrita que é minha, enquanto eu puder.

*



Mas se eu a esquecer e escrever mais asinha,

A maldosa gralhinha vai sem se deter

Esgaçar, descoser, do vestido, a bainha.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 28.01.2019 – 11.05h







27
Jan19

ORA PAPOILA, ORA FRAGA II

Maria João Brito de Sousa

ORA PAPOILA, ORA FRAGA.jpg

ORA PAPOILA, ORA FRAGA II

*



Não me levem as asas. Pouco ou nada

Me vai restando do que em tempos tive

E nem a rocha bruta sobrevive

Caso em cascalho seja transformada

*



Se progressivamente triturada

Até que recidive e recidive

Na total frustração que a prenda e prive

De ser flor, sendo rocha assoreada.

*



Devo-me à vida até que a morte chegue

E, antes que soe a hora da partida,

À vida entrego o que me foi entregue

*



Multiplicada, se diminuída,

Entre o que me esclareça, o que me cegue

E aquilo que colhi, sendo colhida.

*





Maria João Brito de Sousa – 26.01.2019 – 12.33h

 

 

 

Imagem retirada daqui

26
Jan19

SONETO ESCRITO PARA UM DESAFIO PROPOSTO NO "HORIZONTES DA POESIA"

Maria João Brito de Sousa

Cataratas-do-Iguacu.jpg

REFLEXÃO EM QUEDA LIVRE

*



Reboa qual aço e desfaz-se em brancura,

Caindo sem cura do alto do espaço

E mal me refaço de vê-la tão pura

Entro na aventura, descrevo-a num traço,

*



Como se, em abraço, lhe ousasse a candura

E na partitura soltasse esse laço...

Sei bem que o não faço, que o sonho não dura,

Mas sonho é procura e sem sonhos não passo.

*



Se eterna, se breve, depressa, depressa

Sei que recomeça, que faz o que deve,

Qual branca de neve que não desfaleça

*



E bem reconheça que tudo prescreve;

Tão grande e tão leve... apenas promessa,

Ou firme confessa de a quanto se atreve?

*



Maria João Brito de Sousa – 20.01.2019 – 12.18h

25
Jan19

RISCOS E QUEDAS

Maria João Brito de Sousa

RISCOS.jpg

RISCOS E QUEDAS

*



Homem e mulher a galgar seus caminhos

Juntos mas sozinhos, que tal se requer

A quem se atrever a dar alguns passinhos

Pra fora dos ninhos, depois de nascer.

*



Se os não conhecer e nem mesmo os vizinhos

Souberem dos linhos que podem tecer

Dos mais comezinhos fiozinhos que houver

No quanto nascer de seus gestos asinhos,

*



Talvez vão passando, passando invisíveis

Ou mal discerníveis no meio do bando

Que vai aumentando e traçando impossíveis

*



Nos velhos desníveis que vão confrontando

No como e no quando que os tornam passíveis

Das quedas temíveis que alguns irão dando.

*





Maria João Brito de Sousa – 25.01.2019 – 10.56h

 

Imagem retirada daqui

24
Jan19

TEMPO HUMANIZADO

Maria João Brito de Sousa

cronos.jpg

TEMPO HUMANIZADO

*



Dois velhos, tão velhos que o Tempo os media

Por noite e por dia, pedindo conselhos

Que espelhos e espelhos, tão só espelhos via

Se os surpreendia, doridos de artelhos,

*



Cobrindo os joelhos na tarde mais fria,

Que o frio que sentia era o frio desses velhos

E os mesmos joelhos cansados trazia

O Tempo que ouvia, dos homens, conselhos.

*



Ah, Tempo irmanado com quem te resiste,

Ser velho é tão triste... ou estarás errado

Ao ver-te espelhado em quem nunca viste?

*



Aquilo que existe de certo e provado

No texto inventado em que a Musa me assiste,

É que me sorriste, Tempo humanizado.

*



Maria João Brito de Sousa – 24.01.2019 – 07.00h




Imagem retirada daqui

23
Jan19

A METÁFORA DO LIMOEIRO

Maria João Brito de Sousa

limoeiro (1).jpg

A METÁFORA DO LIMOEIRO

*



Repara que a doce acidez dos limões

Não teve intenções de fosse o que fosse

E, sendo precoce, releva as razões

Das repercussões de quem dela troce.

*



Mal tomara posse, florira em botões

Sem provocações. E conquanto remoce,

Mais acre, ou mais doce, mantém os padrões

Sem mais ambições que, nestes, sagrou-se.

*



Verdes e viçosos serão os pomares

Se tu os regares quando sequiosos;

Tais serão teus gozos, assim que os provares

*



E se o não negares, mais e mais gostosos

Frutos bem cheirosos perfumando os ares,

Serão, do que ousares, filhos extremosos.

*





Maria João Brito de Sousa – 23.01.2019 – 14.43h







 

22
Jan19

EI-LA A SER CASA E FOCO E FORTALEZA

Maria João Brito de Sousa

ei-la a ser casa....jpg

EI-LA A SER CASA E FOCO E FORTALEZA

*



Ei-la a ser casa e foco e fortaleza,

Erguendo-se dos braços da cidade,

Demarcando-lhe as veias com firmeza,

Nutrindo-a de calor, de intimidade,

*



Desse supremo bem que hoje despreza

Tudo quanto a viola, castra, invade,

Tudo o que, vindo pôr-lhe pão na mesa,

Lhe cobra o preço da privacidade.

*



Ei-la a ser casa, ainda que invadida

Por olhos que a verão comprometida

Por faltas que não são nem foram suas.

*



Ei-la a ser fortaleza porque o sabe

E agradece sorrindo, inda que acabe

Desfeita em mil estilhaços pelas ruas.

*



Maria João Brito de Sousa – 22.01.2019 -11.34h




Imagem retirada daqui

21
Jan19

AQUELE TEU VERSO PERDIDO

Maria João Brito de Sousa

Aquele teu verso perdido.jpg

AQUELE TEU VERSO PERDIDO

*

 

 

Àquele verso que se te escapou

Enquanto passeavas na cidade,

Julgo ter sido eu quem o achou

No chão caído e morto de saudade

*



Desse poema que nem começou

Por culpa sua, ainda que a vontade

Lhe pedisse uma urgência que calou

Porque perdera a oportunidade.

*



Quis devolver-to mas, fragilizado,

Dissolveu-se inteirinho ao ser tocado

Embora eu lhe tocasse tão de leve,

*



Que simulavam seda, estes meus dedos;

Versos perdidos, tal como os segredos,

Estão condenados a ter vida breve.

*



Maria João Brito de Sousa – 21.01.2019 – 14.12h

*



Ao soneto “Aquele Verso”, de Joaquim Sustelo.

19
Jan19

MERA ILUSÃO

Maria João Brito de Sousa

MERAILUSAO.jpg

MERA ILUSÃO

*



Um vinco suspeito no cetim da frase,

Destrói pela base aquilo que aceito

Sobre tal defeito. Passo à nova fase;

Que nada me atrase, pois nada é perfeito

*



E eu fico sujeito a que mais me arrase

Se tão só vir gaze num modelo eleito

Tecido a preceito por mão kamikaze

Que se revoltasse de o ver tão escorreito.

*



Uma imperfeição assim, tão pequena,

Não vale uma pena da minha atenção

Sem hesitação, permaneço serena

*



Olhando essa amena, pequena infracção

Com que a má visão desconcerta e me acena;

Que espanto, ou que pena! Era mera ilusão!



*



Maria João Brito de Sousa – 19.01.2019 – 12.25h




Soneto em verso hendecassilábico com rima interior encadeada

 

Imagem retirada daqui

18
Jan19

DEZASSETE DE JANEIRO

Maria João Brito de Sousa

17 de Janeiro.jpg

DEZASSETE DE JANEIRO

*

Irei desintegrar-me em dez segundos

Após a conclusão do que decreto

Aqui, preto-no-branco, a branco e preto,

Em caracteres enormes e rotundos

*



Quais vermes a soltar viscos imundos

Sobre o que já foi sonho e foi projecto

E agora pode ser o mais abjecto

Dos saldos sujos e nauseabundos.

*



Nada de novo aqui, neste poema;

Bem melhor abordou o mesmo tema,

Henriques Britto, o bom soneticida

*



Que no seu Dezanove de Janeiro

Fuzilou um soneto passageiro,

Meteu-se no seu carro e fez-se à vida.

*





Maria João Brito de Sousa – 17.01.2019 – 14.09h



Ao soneto “19 de Janeiro”, de Paulo Fernando Henriques Britto, Brasil.

 

Imagem retirada daqui

17
Jan19

ARPÉU

Maria João Brito de Sousa

ARPÉU.jpg

ARPÉU

*



Por tudo, por nada e por coisa nenhuma,

A voz se me esfuma, dolente, abafada,

Morrendo arrastada na franja da espuma

Que uma onda costuma bordar, se espraiada

*



Na areia molhada em que a voz se presuma

O véu de uma bruma jamais desvendada,

Tão espessa e velada que nada ressuma

Da alvura que assuma quando desfraldada.

*



Mas do espesso véu que aqui vos descrevo

Se a tanto me atrevo, sou vítima e réu,

Pois não sendo meu, sempre a todos o levo

*



E dói-me o que escrevo, mas lanço o arpéu,

Pois não posso eu pagar quanto devo

Senão neste enlevo convulso de ilhéu.

*



Maria João Brito de Sousa – 17.01.2019 - 11.33h

 

Soneto hendecassilábico com rima interior encadeada

 

 

Imagem retirada daqui

16
Jan19

"ERTO A OYIDDNIO E UENTGLAN"

Maria João Brito de Sousa

SMS.png

“ERTO A OYIDDNIO E UENTGLAN”*



(Soneto a esta sms, por mim enviada)

*



Não sei por que decifro a voz das horas

No infindo rumorejo dos instantes,

Nem a razão de ser de umas demoras

Que entre uns e outros sejam demarcantes

*



No propagar de frases detentoras

De conteúdos bem ou mal soantes,

Conforme ecoem óbvias e canoras

Ou, bem pelo contrário, tão distantes

*



Que se nos mostrem muito inacessíveis

Mostrengos colossais, armas temíveis

Concebidas tão só pra confundir...

*



Contudo, oiço-as a todas; intangíveis

Podem vir a tornar-se bem legíveis

Pra quem queira aprender a traduzir.

*



Maria João Brito de Sousa – 16.01.2019 – 12.24h



*”Erto a oyddnio e Uentglan” - Estou a oxigénio e Ventilan

Pág. 1/3

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!