ADEUS, 2018!
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Brinde aqui, se faz favor
BALANÇO PESSOAL – 2018
*
Imoderadamente louca sou
Neste instante em que escrevo por escrever
A ideia, a memória, o que vier
Das lavras que este anseio em mim plantou.
*
Depois, paro e descubro o que ficou,
Dentre o que não ficou por se dizer
Do tanto que esse anseio pede e quer,
Mas já este soneto se acabou...
*
Assim passaram dias, meses, anos,
Auscultando o porvir sem fazer planos,
Apenas dando vida à poesia,
*
Tentando não causar-lhe grandes danos,
Apesar dos limites muito humanos
Que sempre assumi ter quando escrevia.
*
Maria João Brito de Sousa – 29.12.2018 -10.58h
DA CONTEMPORANEIDADE DO SONETO
*
Expande-se a poesia e congemina,
Para além de conceitos desgastados,
Conceitos livres, novos, enquadrados
Numa visão mais ampla e genuína
*
Que não quer dominar, nem se domina,
Se exige que fiquemos acordados
Perante os muito dúbios resultados
De quem pensa ensinar mas pouco ensina.
*
Abre, o soneto, portas e portões,
Insinua-se e explode em reflexões
Pr`além do descritivo e narrativo,
*
Ousando as suas próprias deduções,
Indo além da aparência, entre ilusões,
Num gesto sempre humano e criativo.
*
Maria João Brito de Sousa – 28.12.2018 – 11.50h
Imagem meramente ilustrativa, retirada daqui
FRUTOS DE POMAR
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Reparte-se a laranja. Gomo a gomo,
Vai-se distribuindo a polpa doce...
Quem do fruto não goste, que não troce;
Depressa se lhe of`rece um novo pomo
*
Talvez uma maçã que colho e como,
Tal qual essa maçã nada mais fosse,
Que uma segunda opção que toma posse
E que, à primeira, num segundo somo.
*
Há frutos de sobejo no pomar
De todos os que os saibam partilhar
E dessa oferta nunca me envergonho.
*
Maçãs, laranjas, peras, tangerinas,
Uvas, melões, romãs e mandarinas,
Sempre a brotar de quem desenha um sonho.
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Maria João Brito de Sousa – 26.12.2016 – 12.48h
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À Olívia. A todos os Desenhadores de Sonhos.
Imagem colhida daqui
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO
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Feliz Natal seja para quem for,
Conquanto haja trabalho e tecto e pão,
Que sempre a nossa humana condição
Pediu trabalho e pão, pr`além de amor
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E, já agora, que não haja dor
No corpo em que nos pulsa o coração,
Nem medo que nos tolha, nem nevão
Que nos prive de um pouco de calor.
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Sejam felizes, que, apesar de tudo,
O mundo ainda gira e não está mudo,
Por muito que confuso ande este povo
*
E por mais que de forma desigual
Se distribuam pão e capital,
Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
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Maria João Brito de Sousa – 22.12.2018 – 17.16h
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Maria João Brito de Sousa – 22.12.2018 – 17.16h
“IC ET NUNC”
(Aqui e Agora)
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“Ic et nunc” irão nascendo crias
Que o futuro está sempre por nascer,
E nunca parará de acontecer
Enquanto for Natal todos os dias.
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“Ic et nunc” soarão, nas melodias,
Novas razões para as desconhecer,
Se não houver quem possa conceber
A razão pra visões bem mais tardias.
*
“Ic et nunc” tudo flui constantemente
Num ritmo encadeado e natural,
Nunca culpado, jamais inocente,
*
De ter-nos feito bem, ou feito mal;
“Ic et nunc” este instante é o presente
E todo o que nasceu teve um Natal.
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Maria João Brito de Sousa – 21.12.2018 -14.17h
Imagem retirada daqui
VENTO EXPRESSIONISTA
*
O vento, que soprava em rabanadas,
Passou por mim, prendeu-me nos seus braços
E deixou-me suspensa nos espaços,
Sem chão, nem asas, ou de asas cortadas.
*
É louco o vento! Loucas as nortadas
Que me deixam assim, feita em pedaços,
De sopro em sopro e dispersada em traços
Como se fosse a soma de alguns nadas...
*
Desfez-me toda, o vento, e no entanto,
Se o seu sopro se acalma e se detém,
Volto a ficar inteira, por encanto.
*
Cada traço disperso volta sem
Errar caminho e recontrói-se o tanto
Que eu sou, que traço a traço me contém.
*
Maria João Brito de Sousa – 20.12.2018 – 15.59h
Desenho de JULIO retirado daqui
VAI DIZER AOS AMIGOS QUE NÃO PARTO!
*
Vai dizer aos amigos que não parto!
Não parto enquanto o céu relampejar
E as nuvens não pararem de ensombrar
Este meu velho, amado e escuro quarto.
*
Hoje não parto, não, que não me farto
De ler, nem de escrever e procurar
A verdade que houver no que encontrar
E até no que desdenho e que descarto.
*
Qualquer dia, talvez... eu sei lá quando!
Por enquanto, esta febre de estar viva
Vai-se-me acrescentando em fogo brando
*
E é-me cada vez mais apelativa;
Vai! Diz-lhes que fiquei! Fui mergulhando
Mas, de momento, estou do cais cativa.
*
Maria João Brito de Sousa – 19.12.2018 – 12.53h
Fonte da imagem
COM O APLAUSO DOS CEGOS E CONFUSOS
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Eu pouco ou nada entendo de alquimia
E não busco um Graal que de ouro seja;
Busco a verdade, ainda que ela esteja
Escondida por detrás da assimetria,
*
E indistinguível, que a polissemia
Já tratou de evitar que alguém a veja...
A essa, busco-a sempre e não fraqueja
A esperança de encontrá-la um qualquer dia.
*
Terceira Grande Guerra – A dos conceitos;
“Alea jacta est”! E, sorridentes,
Os fascistas, expondo os seus defeitos,
*
Usurpam a palavra aos resistentes
E, sem saber-se como, são eleitos
Por quem vão dizimando; os inocentes.
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Maria João Brito de Sousa – 18.12.2018 – 13.35h
Imagem retirada daqui
GODIVA
*
Subiu prá montada, sem estribo, nem sela,
Que o cavalo e ela não vestiam nada
E estando gelada, cobriu-se a donzela
C`o cabelo dela, ficando tapada.
*
Lá vai desnudada, ela que, de bela,
Mais parece estrela cumprindo, calada,
Nua e despojada, promessa singela
Ao esposo que, a ela, a quis ver testada.
*
Reza a velha lenda que essa nobre altiva,
Achando excessiva pra seu povo, a renda,
Prometeu, de prenda, mostrar-se passiva;
*
Das vestes se priva, segundo encomenda,
Pra que outrem suspenda tal taxa abusiva...
A essa contenda, venceu-a Godiva!
*
Maria João Brito de Sousa – 17.12.2018 – 19.02h
FINALMENTE UM SONETO DE NATAL!
(2018)
Finalmente um soneto de Natal
Escrito segundo as normas, bem festivo,
Embrulhado em papel vermelho-vivo,
Vistoso, espampanante, ornamental,
*
Ou na sua vertente social,
Citando o pobre enquanto indicativo
De altíssima virtude, se cativo
Dos maus tratos do grande capital.
*
Finalmente um Natal do qual se espera
Uma festa, um renovo, a Primavera
Da paz no mundo que o homem quiser!
*
Porém, que pode um homem quando só
Conseguir suscitar-vos pena e dó
Depois de dar-vos mais que o que trouxer?
*
Maria João Brito de Sousa – 16.12.2018 - 11.29h
Imagem retirada daqui
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