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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Out18

DE NAVEGANTE PARA NAVEGANTE

Maria João Brito de Sousa

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DE NAVEGANTE PARA NAVEGANTE



*



Solidária me encolho se te acolho

não tendo senão chão sob os meus pés

e presa à inclemência das marés

só sei que enfrento a morte a cada escolho,

*



Mas posso dar-te o pouco que recolho

nesta barca sem templos, nem convés,

onde sempre escrevi quanto em mim lês,

o sal que me preserva e nunca molho.

*



Não sei que mais te ofereça, de momento;

Pousei os remos. Rói-me, a cada traço,

Éolo, adormecido a sotavento

*



Dest` ilha que navego em pleno espaço

e abordar-te não sei. Só sei que tento

dizer-te que lamento. E que te abraço.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 31.10.2018 – 14.17h

 

 

Imagem retirada daqui

 

29
Out18

HOJE, EXCEPCIONALMENTE...

Maria João Brito de Sousa

 

FRATERNA IGUALDADE

*



A hora de Inverno chegou fria e escura

pintando a candura com laivos de inferno,

mas nada é eterno, nada tanto dura,

nem cabe a tortura no tempo moderno

*



E, no meu caderno, na minha moldura,

não há ditadura vestida de terno,

que eu cá me governo! Poeta e madura,

decreto a ternura de um mundo fraterno!

*



Viva a liberdade... mas a verdadeira,

que não tem fronteira, que nunca se evade

pois traz a vontade como companheira

*



Sempre à dianteira, beijando a verdade!

Que beije à vontade e que seja a primeira

a ser, toda inteira, fraterna igualdade!

*





Maria João Brito de Sousa - 29.10.2018 – 11.30h







 

 

28
Out18

SONETO CONTRA-RELÓGIO

Maria João Brito de Sousa

CONTRARELÓGIO.jpg

 

SONETO CONTRA-RELÓGIO

*



Contra o relógio escrevo e, respirando,

aspiro à tal certeza que só tenho

porque nenhuma esperança tem tamanho,

nem morre enquanto a vida for pulsando

*



E faço frente ao medo, acreditando

no espanto em que me meço e redesenho

ódios sofridos nos tempos de antanho,

que os justos sempre foram derrotando.

*



Que vista, a esperança, almas de toda a cor,

que a lucidez desperte finalmente

e acenda em vós quanto haja de melhor

*



Porque, mais do que nunca é , hoje, urgente

saber que o mundo aspira a mais amor

e cresce em esperança para toda a gente.

*





Maria João Brito de Sousa – 28.10.2018 – 11.52h



A todos os irmãos brasileiros 

 

 

Imagem retirada daqui

 

27
Out18

DA REALIDADE DE UM PESADELO

Maria João Brito de Sousa

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DA REALIDADE DE UM PESADELO

*



Brandam-se espadas, (des)dobrando a esquina

do tempo dos relógios sem minutos

e morra o papagaio que se empina

e partam-se os pincéis, já devolutos!

*



Queimem-se os óleos com terebentina,

troque-se a ordem dos demais produtos

pois, no final, há sempre alguém que ensina

que a morte e que a tortura colhem frutos.

*



Não sei que história narro. Se a repito

como um disco riscado, ou como um grito,

é porque a vejo vir, mesmo não crendo

*



Que possa repetir-se o pesadelo

desse Brasil, tão verde e amarelo,

esquecido do que em tempos foi sofrendo.

*





Maria João Brito de Sousa – 27.08.2018 – 14.10h

 

 

 

Imagem retirada daqui





 

 

26
Out18

COM TODOS OS CRAVOS DO MEU JARDIM À BEIRA MAR PLANTADO

Maria João Brito de Sousa

 

COM TODOS OS CRAVOS DO MEU JARDIM

À BEIRA MAR PLANTADO

*





Não será populismo mas, provado,

tem do fascismo o pútrido sabor

e a mesma virulência de um passado

coberto de torturas e de horror.



*

É fascismo!Fascismo descarado

alardeado em gritos de furor,

tomando as ruas como um tresloucado,

calando o samba pra se ouvir melhor.

*



Ah, quando um cego toma a dianteira

para impor por decreto essa cegueira,

faz cegar pela força e destrói tudo,

*



E não há factos, nem há argumentos

que possam sobrepor-se-lhe se, atentos,

fizerem frente à besta a que hoje aludo.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 26.10.2018 – 08.10h

*

 

Vídeo retirado daqui



 

24
Out18

PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA II

Maria João Brito de Sousa

PREENCHENDO ESPERAS II.jpg

 

PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA II

*



Podia ter vestido a seda antiga

que guardo no baú da minha infância,

mas vesti-me de chita que, à arrogância,

nunca a tive por musa, ou por amiga.

*



Podia estar cantando outra cantiga,

mas não dou à aparência essa importância

e escrevo enquanto aguardo uma ambulância,

sentada num degrau, qual rapariga,

*



E não qual velha dama atormentada

por vértebra dorida ou herniada,

pois mais pode um poema do que a dor.

*



Assim, sobre mim mesma enrodilhada,

componho versos ao som da toada

da minha melodia interior.

*





Maria João Brito de Sousa – 23.10.2018 – 18.15h

*



No HSFX, aguardando a chegada do veículo de transporte de doentes não urgentes.

 

23
Out18

PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA

Maria João Brito de Sousa

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PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA

*



Eu gosto das cidades que adormecem

e se espreguiçam quando, ao sol nascente,

libertas dos cansaços que entorpecem

transformam as manhãs num mar de gente,

*



Gente pulsante em ruas que se oferecem

aos passos de quem chega, aos residentes

e às lendas urbanas que alguns tecem

no tear das questões mais transcendentes...

*



Mas não sou de cidade, nem de aldeia,

brotei à beira-mar, berço de areia

de sábios e de ignaros, por igual.

*



Aqui, onde me sei, não sou sereia,

mas guia-me a maré quando bem cheia

e quase inteira sou de água com sal.



*



Maria João Brito de Sousa – 23.10.2018 – 15.35h

*





No HSFX, aguardando a consulta de Ortopedia/Trauma

 

22
Out18

DORES E FASCÍNIOS

Maria João Brito de Sousa

DORES E FASCÍNIOS.jpg

 



DORES E FASCÍNIOS

*

 

 

Olha a vida que nasce e nos alegra,

repara na que parte e faz sofrer...

Observa a maravilha que congrega

cada pequena vida por nascer

*

 

 

Que sabiamente em células se agrega

para dar alma à forma em que couber,

a que a todos nos cabe e nos integra

e a tudo desintegra por morrer!

*

 

 

Creio ser certo ser a morte tida

por cruel, prepotente e pervertida,

sendo, afinal, apenas condição

*

 

 

Para a renovação da própria vida...

Dói-nos a perspectiva da partida,

mas bem mais nos fascina a gestação!

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 22.10.2018 – 13.22h

 

21
Out18

COM UM COPO DE CÓLERA E DE ESPANTO

Maria João Brito de Sousa

COPO DECÓLERA.jpg

 

COM UM COPO DE CÓLERA E DE ESPANTO

*



Com um copo de cólera e de espanto,

te saudarei, irmão que inda acreditas

e que cantas mais alto do que eu canto

nas horas de euforia ou de desditas.

*



É nesse mesmo copo, que levanto

por tudo o que relembras e creditas,

que verto, em simultâneo, raiva e pranto

e contigo partilho o que tu citas.

*



Se o copo for partido, não se cala;

Há sempre alguém que ergue outro e volta à fala,

que há sempre alguém que abraça o gesto justo

*



E ainda que a barbárie abra caminho,

não poderá roubar-nos todo o vinho

há muito conquistado a grande custo.

*





Maria João Brito de Sousa – 21.10.2018 – 12.51h



A Raduan Nassar

 

19
Out18

SINOPSE II

Maria João Brito de Sousa

SINOPSE II.jpg

 

SINOPSE II

*

 

 

Desfazemos os nós, pintamos pombas,

Acudimos ao fogo, aos temporais,

Fatiamos o pão com facas rombas

Desgastadas ao fio... e somos mais!

*

 

Outros, sem pena, vão lançando bombas,

Engendram belicosos rituais,

Roubam-nos luz e movem-se nas sombras

Das chagas que em nós abrem seus punhais.

*

 

Assim se perspectiva a história humana

E quem assim a vê, pouco se engana,

Que a isto a nossa vida se resume.

*

 

Mas do lado de cá da barricada,

Do lado que escolhi, não estando errada,

Reinventa-se o mundo, aceso o lume.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 19.10.2018 -13.28h

 

 

 

Desenho - "Trabalhador", Vincent Van Gogh

 

18
Out18

NARRATIVA DE UMA DESPEDIDA

Maria João Brito de Sousa

O ENCANTADO - António de Sousa.jpeg

 

NARRATIVA DE UMA DESPEDIDA

*

 

 

Nos teus olhos encontro vida, ainda,

E uma espécie de encanto, indecifrável,

Discreto, porque a vida se te finda

Mas, como tu, directo, franco, afável,

*

 

Pronto pra confirmar que a vida é linda,

Ainda que tão curta e sempre instável,

Apesar do pesar com que nos brinda,

Sendo-te, embora, a morte inevitável.

*

 

E adormeces comigo à tua beira

Deixando uma mensagem derradeira

Que criou vida própria e que perdura

*

 

Até hoje e até sempre, enquanto eu viva.

(trinta e sete anos conta, a narrativa,

e eu não vos sei dizer se estou madura)

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 18.10.2018 – 14.54h

*

 

 

 

Soneto inspirado na leitura do poema “A Vida em Teu Olhar”, de Joaquim Sustelo.

Neste soneto, narro a partida do meu avô poeta, António de Sousa, trazendo-a para o momento presente.

 

17
Out18

OUTRAS NUVENS , OUTRAS TEMPESTADES

Maria João Brito de Sousa

outras nuvens.jpg

 

OUTRAS NUVENS, OUTRAS TEMPESTADES

*



 

Dobro a esquina de um lapso temporário.

O espanto errava então pela cidade

E não havia bruto ou visionário

Que não previsse aquela tempestade.

*



Temeram-na o boémio, o solitário

E mesmo o aspirante à santidade

Se confessou às contas de um rosário,

Rogando abrigo, em vez de eternidade.

*



Com que cimento o medo os reunia

Na mera suspeição da ventania,

Quando uma brisa sempre os separara?

*

 



Cimentem-se vontade e lucidez

Sobre razões de idêntico jaez

Ou, desta, a tempestade sai-nos cara.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 17.10.2018 – 16.53h

 

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