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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Set18

SONETO-DEDICATÓRIA

Maria João Brito de Sousa

soneto dedicatória.jpg

 

SONETO-DEDICATÓRIA

*



Terçando as armas que deixei pra trás,

revivalista fui, por um instante,

de um passado tão morto e tão distante

quanto o meu espanto vão, de tão fugaz.

*



Perdido o espanto, nada já me apraz,

mas se arma e sonho fossem a constante

da luta que esta vida leva avante,

então talvez... talvez morresse em paz.

*



Volto ao revivalismo abandonado,

embora velha, embora enfraquecida,

ergo o punho bem alto, bem cerrado,

*



E quem fica pra trás morta e vencida,

não é o sonho nunca conquistado,

é a derrota, nunca consentida!

*

 



Maria João Brito de Sousa – 30.09.2018 – 12.15h







Imagem - Tela de Pablo Picasso

 

29
Set18

"ERRARE HUMANUM EST"

Maria João Brito de Sousa

Errar é humano.gif

 

“ERRARE HUMANUM EST”

*

 



Se nem todos os pés pisaram uvas,

se nem todas as mãos colheram trigo,

se nem todas as nuvens geram chuvas,

se nem todos os tectos são abrigo,

*



 

Nem todo o bofetão chegou de luvas,

nem todo o que diz sê-lo é grande amigo,

nem todas as formigas são saúvas,

nem tudo o que nos dói será castigo...

*

 



Semântica, a manhosa, a traiçoeira,

vem por vezes pregar-nos a rasteira

de por-nos sob a língua algo diferente

*

 



Daquilo que intentávamos dizer

e caímos nesse erro sem saber

que para assim falhar basta ser gente...

*





Maria João Brito de Sousa – 29.09.2018- 10.01h

*

 

 

Imagem surripiada do Google, sem autoria visível







 

28
Set18

OLHEI-ME AO ESPELHO, ABRINDO UMA EXCEPÇÃO

Maria João Brito de Sousa

Olhei-me ao espelho.jpeg

 

OLHEI-ME AO ESPELHO, ABRINDO UMA EXCEPÇÃO

*





Olhei-me ao espelho, abrindo uma excepção,

mas não vi, das mazelas, os sinais...

Da dor, não vislumbrei sonoros ais

e, como tal, mirei-me ao espelho em vão.

*

 

 

Eu, que nunca lhe tive devoção,

mas que prefiro o espelho aos hospitais,

só o consultaria uma vez mais

se me desse uma sábia opinião.

*

 

 

Nada me diz, porém, que eu desconheça

e não vendo razões pra consultá-lo,

não creio que este espelho me mereça

*

 

 

Um segundo que seja para olhá-lo;

não passa de uma velha, inútil peça

que cria pó pra me fazer limpá-lo...

*

 



Maria João Brito de Sousa – 28.09.2018 – 12.45h





Na sequência do poema O MEU ESPELHO, de Joaquim Sustelo.

 

27
Set18

"F" de FUSÃO

Maria João Brito de Sousa

F de Faga II.jpg

 

“F” de FUSÃO

*



Faz frio. A fera firma-se furtiva,

finta a fuga e feroz ferra o furão.

Furioso, faz furor o furacão.

Frente fria. Formal. Facultativa.

*



Frágil, fremente, fina, (a)firmativa,

franqueia a fresta, a fenda, a frustração.

Fito. Futuro. Fímbria. Facalhão.

Faz frente à forca, firma a flor festiva.

*

 

 

Facilmente fraqueja. Frágil fica.

Frenética e fremente, frutifica,

fruto feliz da flora fecundada.

*

 

 

Fugaz, flexível, fina e florescente,

furta-se à fátua fama. Febrilmente,

fundem-se a flor e a fraga fragmentada.


*

 



Maria João Brito de Sousa – 27.09.2018 -17.41h

 

26
Set18

(IN)FLEXÃO VERBAL

Maria João Brito de Sousa

inflexão - Van Goch.jpg

 



(IN)FLEXÃO VERBAL

*



De que ventos irados, de que brumas

te chegam tantos medos pessoais

que irão queimando até que te consumas

no espasmo dos momentos terminais,

*



Quando a ti mesmo e só a ti resumas

em sons, que para ti serão sinais,

se, do que temes, sobrarão só espumas

e, do que afrontas, sobrará bem mais?

*



De que futuro agreste e controverso

te chega o marulhar de um mundo imerso

numa contradição que não tem fim?

*



Ah, se hoje é o futuro de um passado

que antes do tempo vai sendo julgado,

porque mais crês no medo do que em mim?

*





Maria João Brito de Sousa – 26.09.2018 -17.32h

 

 

25
Set18

DESACATOS DA MINHA GATA, MISTRAL

Maria João Brito de Sousa

WIN_20140727_204419.JPG

 

DESACATOS DA MINHA GATA, MISTRAL

*



Tais desacatos faz a minha gata,

que me vez de me zangar desato a rir

quando a vejo pular até cair

em torno de uma sombra que a acicata,

*



Mas se na sala entrar uma barata

- e  já me aconteceu, devo assumir... -

  • é vê-la a recuar e a fugir

    como se me implorasse: - Ó dona, mata!

    *

     

Se a cama vai ser feita de lavado,

ei-la sobre os lençóis em louca dança

a amarrotar-me o pano bem esticado...

*

 

Não pára um só segundo, nem se cansa

de o puxar para trás e para o lado

pra revolvê-la toda, sem parança...

*



Maria João Brito de Sousa -25.09.2018 – 13.57h

*





A propósito do poema “O Gato Fez Desacato” de Joaquim Sustelo

 

24
Set18

AO DEMAGOGO

Maria João Brito de Sousa

demagogia.gif

 

 AO DEMAGOGO

*



Dedico este soneto ao demagogo,

exímio enganador de multidões

que faz malabarismos com questões

e de pronto transforma um nada em fogo

*

 

 

Que, ao encontrar ouvidos, pega logo

e passa a ser lesivo pra milhões

pois irá propagar-se às gerações

que se inflamem nas chamas do seu jogo.

*

 

 

Palavras, só palavras... que lhe importam

os límpidos conceitos que transportam,

se não puderem ser compreendidas?

*

 

 

Contudo, teimo ainda em dedicá-las

ao demagogo que intentar calá-las

com verborreias falsas, corrompidas.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 24.09.2018 -16.15h

 

23
Set18

SINOPSE

Maria João Brito de Sousa

SINOPSE.jpg

 

SINOPSE

*

 

 

Provou só mais um fruto e descansou,

dormiu, sonhou, amou, teve meninos

e, vendo-se senhor dos seus destinos,

comeu todos os frutos que encontrou.

*

 

 

Foi tarde, bem mais tarde, que acordou

e viu brotarem frutos pequeninos

dos ramos, quais pequenos desatinos

de arbustos que não viu, que nem provou.

*



Foi caso extremo e não criou padrão,

que a sorte quis poupá-lo à decepção

e, afinal, tudo estava no começo...

*



Depois, os frutos foram rareando

e agora ninguém sabe dizer quando,

nem como irá pagar-se esse alto preço.



*

 



Maria João Brito de Sousa – 23.09.2018 – 11.56h







 

 

22
Set18

O RESTAURADOR DE CONCEITOS

Maria João Brito de Sousa

O Restaurador de conceitos -giuseppe-pellizza-da-v

 

O RESTAURADOR DE CONCEITOS

*

 



Construíra a palavra e quis honrá-la,

limpá-la, dar-lhe o uso adequado

para poder depois utilizá-la

em vez de remetê-la pró passado.

*

 

 

Apanhou-a do chão. Ao levantá-la,

tomou peso ao que tinha levantado

e que era o peso que o levara a amá-la

e a soletrá-la; PROLETARIADO.

*

 

 

Olhou de novo. De novo encontrou

outra palavra viva que engendrou

e se moldara à sua própria mão.

*

 

 

O mesmo peso, a mesma infinda luta

que o levara a criá-la, resoluta,

para gravá-la em si; REVOLUÇÃO.

*

 

 



Maria João Brito de Sousa – 21.09.2018 – 22.54h

 

21
Set18

AS JANGADAS DOS POETAS

Maria João Brito de Sousa

digitalizar0011.jpg

 

AS JANGADAS DOS POETAS

*





Meia dúzia de tábuas bem pregadas,

um pano velho em jeitos de improviso

e temos a Jangada das jangadas

pronta a reinventar um paraíso

*

 

 

Num mar de ondas – quem sabe? - ionizadas

um pouco – ou muito... - além do que é preciso,

São frágeis, quase sempre inacabadas,

nem visam lucro, só dão prejuízo.

*



Assim vejo as jangadas dos poetas,

assim recrio a minha e traço as metas

de tão frágil conjunto de artefactos

*



E enquanto for poeta e construtora,

também serei, de mim, dona e senhora,

e, dos mais, servidora. Sem contratos.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 20.09.2018 – 11.35h



 

20
Set18

COMO DIZER-TE? II

Maria João Brito de Sousa

O-Grito.jpg

 

COMO DIZER-TO? II

*





Ao tédio, que nego, renego e desfaço

pedaço a pedaço, com honras de apego,

com martelo e prego, sou aço sobre aço

zurzindo, qual maço, um arco que é cego,

*



Mas logo o delego pra espaços sem espaço

e nem por cansaço ao tédio me entrego

pois mudo, navego e assim não me maço

se faço e re-faço, ou se guardo e nem pego...

*



É tempo de um espanto de pura vertigem...

Tudo nos exigem. Exigem-nos tanto

que mesmo um quebranto não sei de que origem

*



Parece ser virgem escondida por manto...

Vivemos, portanto, dos medos que infligem

deuses de fuligem e aras de amianto.

*



Maria João Brito de Sousa – 19.09.2018 – 10.10h

 



(soneto em verso hendecassilábico com rima encadeada)

 

 

 

19
Set18

COMO DIZER-TE?

Maria João Brito de Sousa

 https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9_(poesia)como dizer-te II.jpg

 

COMO DIZER-TO?

*

 

 

A ti, que te entreteces num compasso

que não aceita este compasso meu

e o julga vacilando a cada passo

pra não torcer-lhe um pé* que outrem cedeu,

*

 

A ti, que o imaginas perro e lasso,

morto, a fazer-nos crer que não morreu,

como dizer-te que traz nervos de aço

em braços que lhe vão da terra ao céu

*

 

E que é fruto do próprio pensamento

tão mais liberto quanto mais ritmado,

ou que conquista espanto, espaço e tempo

*

 

E aí se firma, assim, cadenciado,

sem precisar de pauta ou de instrumento

porquanto nasce e cresce musicado?

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 17.09.2018- 15.48h

 

*

*Pé – referência ao pé métrico do verso

 https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9_(poesia)

 

 

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