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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Ago18

JANGADA

Maria João Brito de Sousa

JANGADA.jpg

 

 JANGADA

*



Olhei-te em tempo incerto, à hora errada;

Inda o dia tardava a despontar,

Já eu te olhava como se esse olhar

Pudesse dar-te tudo, sem ter nada.

*

 

Olhei-te nesse alvor de madrugada,

De manhã, à tardinha e, ao deitar,

Já esquecera que havia todo um mar

Ao qual eu prometera uma jangada.

*

 

Para te olhar, desconstruí-me inteira

E esqueci-me do mar, que nem ribeira

Cheguei a ser, sem vagas, nem marés...

*



Nessa jangada nunca mais pensei,

Se não quando de olhar-te me cansei

E vi que a tinha inteira sob os pés.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 11.08.2018 – 12.19h

 

 

 

 

 

30
Ago18

FUNDADO EM PENAS - Empenas

Maria João Brito de Sousa

FUNDADO EM PENAS.jpg

 

FUNDADO EM PENAS

(Empenas)

*





Ó bela e crudelíssima Natura,

Na ausência dos conceitos MAL e BEM,

Cada espécie se espraia e se te apura

Segundo o que funciona e que a mantém

*



E quando, dura, a vida te conjura

A seres tudo o que à VIDA mais convém,

Não hesitas e sonhas, criatura

Que nem sequer a morte te detém...

*



Sim, venho-te dizer não ser viável

Singrar perfeita, a vida, e que é expectável

Que nem sequer percebas que a condenas

*



Se lhe auspicias toda a perfeição

Que trazes, sei-o bem, num coração

Esquecido de dever fundar-lhe empenas.

*





Maria João Brito de Sousa – 26.08.2018 – 18.07h

29
Ago18

SEGUNDA CARTA ABERTA A UMA MUSA INEXISTENTE

Maria João Brito de Sousa

caliope.jpg

 

SEGUNDA CARTA ABERTA A UMA MUSA INEXISTENTE

*



O que é feito de ti? Por que partiste?

Nunca a ti te falhei; mesmo doente

Dei-te toda a atenção que me pediste

E se uma vez ou outra te fiz frente

*



Foi porque demasiado me exigiste

E, às tantas, te tornaste prepotente...

Repara que o poema em mim persiste,

Embora a tua voz lhe esteja ausente,

*



O verso seja fraco e lasso e triste

E apenas pra mostrar que não desiste

Teime em dizer-se, assim, penosamente,

*



Como quem perde a força, mas resiste,

E admite que, afinal, a musa existe,

Mesmo quando lhe chama inexistente.

*





Maria João Brito de Sousa – 26.08.2018 – 11.31h





 



 

28
Ago18

NAUTILUS E A BARCA

Maria João Brito de Sousa

Nautilus.jpg

 

NAUTILUS E A BARCA

*



Vós que credes num demo em que não creio

E que tremeis de infernos e castigos

Pois receais quanto eu já não receio.

(concretos, bem reais, sobejam perigos)



*

Vós que espreitais por frestas e postigos

E que implorais, do horrendo, o menos feio,

Mas sonhais com fortunas por sorteio

Sem parar pra pensar. Vós, meus amigos,

*

 

Vós que me sois iguais, diferentes sendo

À conta do que a alguns nos foi movendo

E, por outros, passou sem deixar marca,

*

 

Que temeis desse demo que eu não temo?

(e evoco ainda o Nautilus de Nemo

enquanto solto a amarra à minha Barca)

*





Maria João Brito de Sousa – 17.07.2018 -14.22h





Às minhas infantis memórias de leitura de Júlio Verne

 

27
Ago18

AS QUATRO TORRES DA ALAMEDA

Maria João Brito de Sousa

AS QUATRO TORRES.jpg

AS QUATRO TORRES DA ALAMEDA



*

Adeus, minha alameda sem palmeiras

Onde tanto edifício vi nascer...

Adeus, adeus, que o tempo é de beber

As ondas do meu Tejo sem fronteiras.

*

 

 

Assombrando o meu prédio, sobranceiras,

Erguem-se quatro torres. Que fazer

Se desde a prima-pedra as vi crescer

Até se me tornarem companheiras?

*

 

Adeus, pedras pisadas, repisadas,

E mais que desgastadas por meus pés.

Agora estais-me vós a ser pesadas,

*

 

 

Porque já vos não piso e estou rés-vés

Com a terra onde fostes calcetadas

Em chão roubado à concha das marés.

*



Maria João Brito de Sousa -17.07.2018 -20.53h

*



Na sequência da leitura do soneto “Adeus à Rua Castilho” de Ribeiro Couto (1898-1963)

 

 

26
Ago18

"S" de SONETO

Maria João Brito de Sousa

S DE SONETO.jpg

 

“S” de SONETO

*



Sublime silvo, sopro sussurrado,

Suave solfejo seco ou sibilante;

Sorvo-te o simbolismo segredado,

Sofro-te a sedução simbolizante.

*



Subliminar, sopraste-me o sondado,

Secreto e só, sem som sintonizante,

Supino, singular e separado,

Sumindo-te, sereno e sublimante.

*



Soberano soneto, suavemente

Segredas sempre (a)ssim, sociavelmente,

Suavíssimos, soberbos sons sentidos.

*



Sei-te sempre sincero e silencioso

Secundando-me o sonho, são, sedoso,

Secular sob os sons subentendidos.

*



Maria João Brito de Sousa – 24.08.2018 – 14.30h

25
Ago18

FÁBRICAS DE DEUSES

Maria João Brito de Sousa

FABRICA DE DEUSES.jpg

 

FÁBRICAS DE DEUSES

*



Nas fábricas de deuses passam lentas

As minuciosas horas das rotinas

Desdobrando-se infindas em sebentas

De dogmas, penitências e doutrinas,

*



Ora pregando amor, ora agoirentas,

Induzindo a posturas assassinas

Muitas vezes terríveis e sangrentas,

Que alguns nos dizem ser acções divinas.

*

 

Raramente o produto fabricado

É mais que um pensamento alienado,

Embora muitos, muitos nunca entendam

*

 

Que o verdadeiro amor é bem diferente

Dessoutro que é vendido a tanta gente

Nas lojas que alguns doutos recomendam.

*



Maria João Brito de Sousa - 24.08.2018 – 11.36h

 

 

Imagem retirada da net, via Google

 

24
Ago18

CHARADA POÉTICA

Maria João Brito de Sousa

CHARADA.jpeg

 

CHARADA POÉTICA



(soneto sem as vogais A, I e U)

*







Este pobre soneto de colete



Sente-se preso, torpe, tolo, lento;



Conhecedor do jogo, só promete



Escrevê-lo se o tempero for fermento.



*



Retomo o jogo, como me compete,



E se o som mo concede, logo o tento...



Porém nesse momento se derrete,



Como se gelo sob o sol sedento.



*



Revejo o Tejo. Doce Tejo nosso...



Norte? Nordeste? Onde me perco, posso



Esconder-me desse Tejo sofredor?



*



E prevendo esse Tejo neste jogo,



Se o vejo só rochedo e ferro e fogo,



Como crer nele e tê-lo por senhor?



*



Maria João Brito de Sousa – 04.08.2018 – 09.24h

 

23
Ago18

UMA TARDE NO JARDIM

Maria João Brito de Sousa

EU E O PAI.jpg

 

UMA TARDE NO JARDIM – Sem a letra “E”

*



Logo após as crianças saltitando

Virão os pais formando casalinhos.

Tudo junto, à distância, forma um bando

Pousando pouco a pouco nos banquinhos

 

*

À sombra do carvalho ou do arando.

Arrulham pombas, cantam passarinhos

No jardim, junto ao lago volitando,

Quais magnólias traçando altos caminhos.

 

*

Um pai, junto do filho já com sono,

Toca um braço tombado ao abandono.

A hora do jardim acaba agora.

 

*

Vai nos braços do pai, vai a dormir,

Mas inda brinca aos sonhos a sorrir,

Ainda rindo, inda ao sabor da hora...

 

*



Maria João Brito de Sousa – 05.08.2018 -19.04h

22
Ago18

CONFRONTOS

Maria João Brito de Sousa

Cegonha-com-Bebe.jpg

 

CONFRONTOS

*



Nascem versos a torto e a direito;

Aonde o dedo pouse, o verso emerge,

Inexplicado, urgente e com defeito,

Ou sem defeito, quando em som converge.

*

 

De carne, sangue e nervos sendo feito,

De nervos, sangue e carne não diverge

E pulsa-me nas veias que são leito

Do mesmo sangue que este corpo asperge.

*

 

Nascem-nos versos sem pedir licença;

Virámos costas, demos-lhes dispensa

E, de repente, sem nos darmos conta,

*

 

Nasceu mais um... mais um que, em rebeldia,

Se impõe, nos contradiz, nos contraria,

Nos conquista a vontade e nos confronta.

*

 



Maria João Brito de Sousa – 21.08.2018 – 18.50h





Na sequência da leitura do soneto NASCEM VERSOS, de MEA

(escrito à pressa. Pode conter erros ortográficos, sintáticos, métricos ou tipográficos)

21
Ago18

FORMA... E CONTEÚDO

Maria João Brito de Sousa

Mini-Sacos-de-juta-naturel-20-x-30-cm-.jpg

 

FORMA... E CONTEÚDO

*



Imputo à minha própria estupidez

Alguma culpa; a que morrer solteira!

Não fiz asneira, tendo feito a asneira

De não prever a eterna cupidez.

*

 

Pra tudo o mais me sobra a lucidez

Mas, neste ponto, não vejo maneira

De detectar a abjecta ladroeira

Se mascarada, como dessa vez.

*

 

Não vejo poesia no que digo,

Nem vejo poesia no que escrevo...

Só no compasso de um formato antigo

*

 

Reconheço o poema a que me elevo

E a forma em que me encontro, em que me abrigo,

Pra falar do que devo e que não devo...

*

 



Maria João Brito de Sousa – 18.08.2018 – 15.23h

20
Ago18

O SONETO E EU

Maria João Brito de Sousa

digitalizar0045.jpg

 

O SONETO E EU

*



Desde a mais tenra tenra idade o conheci,

Que meu avô paterno era escritor

E os tecia, ainda com fervor,

Nesse tempo já gasto em que nasci.

*



Se bem o conhecia, mais temi

Sua complexidade e seu teor...

Chamavam-me poeta, mas, valor

Nunca eu vira nos textos que escrevi.

*



Só aos cinquenta e cinco me atrevi

A dedilhar-lhe o verso e a compor

Um soneto qualquer, que já esqueci...

*



Não sei se era melhor, se era pior,

Do que este que vos deixo agora, aqui,

Mas sei que o preenchi de infindo amor!

*





Maria João Brito de Sousa – 13.07.2018- 17.19h

 

 

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