Maria João Brito de Sousa
“Z” de ZERO
*
Zeloso. Zás. Zodíaco. Zircão.
Zebra. Zelote. Zinco. Zuma. Zero.
Zunzum. Zurzir. Zipar. Zulu. Zangão.
Zarpar. Zá-Zá. Zelar. Zuca. “(Cru)Zero.”
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Zombar. Zigoto. Zona. Zumbirão.
Zulmira. Zoa. Zorro. “Zeladero”.
Zimbro. Zaragatoa. Zangarão.
Zoar. Zoada. Zomba. Zapatero.
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Zelândia. Zagalote e Zimbawé.
Zeberim. Zaragata. Zara. Zé.
Zumba. Zen. Zigurate. Zanzibar.
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Zurro. Zumbido. Zomba. A(Z)ul. Zoague.
Ziper de zelador em ziguezague.
Zorba. Zebu. Zoei. Zéfiro. (A)Zar!
*
Maria João Brito de Sousa – 30.07.2018 – 20.49h
publicado às 09:20
Maria João Brito de Sousa
Apresento-vos o meu quarto livro de poesia. Surpresa para mim, que a sua edição mais uma vez me foi oferecida
pelo "site" HORIZONTES DA POESIA, na pessoa do poeta e grande amigo Joaquim Sustelo.
Não haverá lançamento, nem "vernissage", atendendo ao precário estado de saúde em que me encontro, mas o livro
poderá ser adquirido através dos CTT, contra o depósito de dez euros no NIB abaixo referido, desde que me façam
chegar o nome do/a depositante e uma morada para posterior envio da obra.
Alguns conhecem bem o meu endereço electrónico - e mail - outros, não. Para os segundos recomendo que me enviem esses dados através do Facebook, por mensagem privada. (Facebook.com/poetaporkedeusker )
As obras não se encontram na minha posse. O principal objectivo, para além da divulgação da obra, será o de ajudar-me a sobreviver financeiramente e eu tenderia a oferecê-las todas... ou quase todas. Além do mais, não me encontro em condições de sair de casa para proceder ao envio das obras via CTT.
O NIB referenciado é o de Joaquim Sustelo, que me ofertou esta edição - 0033 0000 500 884 32328 05.
Muito obrigada e boas e frutíferas leituras para todos vós!
Maria João Brito de Sousa
Oeiras, 28.07.2018
publicado às 10:31
Maria João Brito de Sousa
ALICE * (minha avó paterna) *
Amei-te tanto, tanto, minha avó!
Louvavas-me os “murais” da grande sala
Quando com doce e modulada fala
Me garantias: - “Nunca estarás só,
*
Transbordas vida até chegar ao nó
De quanto em ti se exalta e vibra e estala!”
Depressa em meu ouvido a voz se cala,
Que quem assim me fala há muito é pó... *
Eras, Alice, a minha avó paterna,
Mais maternal que muitas ternas mães,
E quando percebi não ser eterna *
A tua voz, a voz que já não tens,
Doeu-me tanto, que hoje ergo a lanterna
Pra sondar céus e Terra, a ver se vens. *
Maria João Brito de Sousa
26.07.2018 – 17.59h ***
publicado às 07:31
Maria João Brito de Sousa
“A” DE AMOR
*
Ardia Amor, ainda aceso amor,
Absurdo, acidental, apaixonante,
Angélico, amorável, acto-amante
De anseios de astros, de almas e de ardor.
*
Ao amado se abraça o amador.
Abismos de águas abrem-se adiante
De ávido Amor. Avante, Amor, avante!
Alerta! Arroga-te asas de alto açor!
*
Abrindo-as, aborrece altivo abismo
Que, agigantado, arrola as ameaças
E, adverso a Amor, acende antagonismo.
*
Acusa, a Amor, de abuso e de arruaças
E absurdamente o ata ao aporismo;
Arranca, Amor, atilhos e (b)araças!
*
Maria João Brito de Sousa – 23.07.2018 – 16.39h
publicado às 08:18
Maria João Brito de Sousa
O TRADUTOR DE TUDO(S)
*
Traduzia travessos travessões,
Tipificava terminologias.
Técnicas tácteis, tons, tipografias,
Transparências trocadas por tostões.
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Ténues, tremeluzentes tentações
Tendem-lhe teias. Trigonometrias!
Transpõe totais, transcende tiranias,
Tudo transfunde em tais transmutações.
*
Tingem-se tempestades temerárias!
Talvez tangíveis, toscas, temporárias,
Talvez tremendas, torpes, terminais.
*
Trágicos travessões, tiranos tiques...
Tudo transposto, tábuas e tabiques,
Titânica tarefa, a dos totais!
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Maria João Brito de Sousa – 20.07.2018 – 15.31h
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Ao código binário. A George Boole. A Stephen Hawking
publicado às 08:03
Maria João Brito de Sousa
CONCEBO CARTAZES
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Construo castelos. Cristais conspurcados,
Chaves, cadeados, cordéis e camelos.
Compro caramelos contrabandeados,
Compostos cruzados de cobra e capelos.
*
Compridos cabelos convergem, cansados;
Crescentes cuidados comportam cutelos.
Ciúmes ou “celos”? Castelhanizados,
Cuidámos, coitados, de compreendê-los.
*
Colava cartazes com cola cuspida.
Comprava comida. Compunha cabazes.
Caminhos capazes? Contente? Cumprida?
*
Cresceste. Crescida, certeira comprazes
Chavões contumazes de comprometida.
Concedo, caída. Concebo cartazes.
*
Maria João Brito de Sousa – 21.07.2018 – 15.21h
(Soneto em verso hendecassilábico com rima encadeada)
publicado às 08:34
Maria João Brito de Sousa
“STACCATO”
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Silva a serpente, salta o saltarico,
Saracoteia, samba, soma e segue!
Sento-me. Sábia sou se o sacrifico?
Severa sinto sonhadora sede.
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Sétimo selo. Sétimo salpico.
Somo silícios sobre a seca sebe,
Sinto-me suja se solidifico,
Sobrevivo ao suplício, se sucede...
*
Sintaxe sabe a sexo sem suor
Somado à sordidez de se supor
Solfejo, sopro, sola de sapato.
*
Súbito, o saldo soa sofredor;
Sublime, o socorrista sapador
Supera a situação. Stop. E Staccato!
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Maria João Brito de Sousa -22.07.2018 – 19.22h
publicado às 09:01
Maria João Brito de Sousa
VI VINICIUS
*
Vinde e vencei! Versejos vigorosos,
Vastas vitórias, verticais, vibrantes
Vos valorizam, vates! Véus velantes,
Vãs virtudes vos vetam, valorosos!
*
Vencei vitórias, ó vitoriosos!
Venenos vãos vos vendem! Verdejantes
Verborreias, vencidas, volitantes,
Vazam, vertem venenos vaporosos...
*
Válidos vinhos vituperam. Vícios!
Vivo e vitorioso, vi Vinicius
Versejando voragens e vertigem.
*
Vejo o vector vibrátil e vermelho,
Viço vilipendiado, vate velho
Virtuoso e voraz varando virgem.
*
Maria João Brito de Sousa – 20.07.2018 -12.45h
publicado às 07:25
Maria João Brito de Sousa
OBITUÁRIO
(O Terceto Final)
*
Morri, segundo fonte oficial.
A (a)creditada folha assim me informa
Num breve obituário de jornal
De pequena tiragem, como é norma.
*
Belisco-me! Duvido! É natural,
Apesar de não estar em grande forma,
Que me revolte e que me sinta mal
Por falecer a meses da reforma!
*
Leio de novo. Não, não fora um erro;
Nome completo e até data de enterro
(rebéubéubéu, zás-páz, tantos de tal).
*
Sem pressas, cerro um olho. Outro olho cerro.
Teimoso, o meu cadáver, mesmo perro,
Esboça à pressa um terceto. O terminal.
*
Maria João Brito de Sousa – 17.07.2018 – 15.46h
publicado às 09:07
Maria João Brito de Sousa
VELHA TEORIA
(Por Vezes Fico Assim...)
*
Por vezes fico assim, cega de todo
A tudo o que não seja esta vontade
Que me assalta por dentro, que me invade
E tudo me faz ver de um novo modo,
*
Tal qual eu fosse um chão passado a rodo
Pela bátega de água que se evade
E me deixa mais sede que saudade
Dos rios de onde colhi lótus e lodo.
*
É quando chega o verso e me desperta,
E me arranca de vez dessa aporia,
O tal que se escondera em parte incerta
*
Compondo e decompondo a melodia
Que me fascina e que me desconcerta,
Que a estrofe prova a velha teoria.
*
Maria João Brito de Sousa – 16.07.2018 -15.25h
(Na sequência da leitura do soneto “Por Vezes Fico Assim...” de Joaquim Sustelo)
publicado às 08:05
Maria João Brito de Sousa
VELADA VISTA VEDA-ME A VISÃO *
Velada vista, veda-me a visão. Vagas vogais vou vendo vagamente. Voejam, vertem, vagam... voarão Vigas e várzeas, verdadeiramente?
* Vejo verde/vermelho. Vejo em vão? Vestígios, viscos, velas e videntes... Víboras voam vindas do vulcão, Vermes vomitam vergonhosamente.
* Vou vendo, vou... vi vadiar o Verão, Voluptuoso, válido varão... Vê-lo-ei vicejar vibrantemente?
* Viçoso o vi dos vidros das varandas; Vivas vergônteas, velhas venerandas Viraram vultos. Verga-se-me o ventre.
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Maria João Brito de Sousa – 18.07.2018 – 17.31h ` Marc Chagall - The Promenade
publicado às 07:44
Maria João Brito de Sousa
FERA E DONO
*
Tu estavas de joelhos frente à fera,
Ao monstro que rugia e que rosnava.
Na tua face impávida, severa,
Nem sombra de temor se adivinhava.
*
A morte, ali, espreitando, à tua espera
E cada gesto teu a ignorava,
Como se protegido pela esfera
De um aço que a vontade em ti forjava.
*
- A fera é o Soneto!, afiançaste.
Não soube se o domaste, ou não domaste,
Porque a noite caiu. Fiquei com sono.
*
Fui-me deitar. Ainda vislumbrei
Em sonho os vossos vultos, mas não sei
Qual de vós dois passou de fera a dono.
*
Maria João Brito de Sousa – 16.07.2018 -13.06h
publicado às 10:11