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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Abr18

UM POEMA QUE NÃO É UM SONETO

Maria João Brito de Sousa

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MOAXAHA



Eis o meu fruto. Foi este e só este

O que te alimentou enquanto o leste.



Poderá ser-te doce ao paladar

Ou, ao contrário, pode-te amargar,

Mas certa estou que te há-de alimentar

Ainda que a acidez o torne agreste.

Alimentou-te, e bem, quando o mordeste!



Outros não posso dar-te, que os não tenho;

Só estes brotam deste velho lenho

Que embora frágil, tortuoso e estranho,

Te fará recordar o que esqueceste,

Se acaso te esqueceres de que os comeste.





"Pelos seus frutos os conhecereis"



*Citando a Bíblia – Novo Testamento - Mateus 12:33





Maria João Brito de Sousa – 29.04.2018 - 23.28h

 

 

Gravura de Manuel Ribeiro de Pavia

26
Abr18

MÃO(S) II

Maria João Brito de Sousa

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MÃO(S) II



A mão que molda o barro, ao barro torna

Pra que não falte barro às mãos por vir,

Pra que haja novas mãos a ressurgir,

Pra que varie o barro, ao tomar forma.



Abençoada a mão que foge à norma

E se recusa ao gesto de oprimir;

Abençoada a mão que resistir

Moldando o mesmo barro a que retorna.



Olho esta minha mão. A tua. A nossa.

Sei que há-de fazer tudo quanto possa

Pra que outras sobrevenham depois dela.



À minha mão velhinha, em tempos moça,

Já o tempo a descarna e a desossa

Sobre um barro que a fez menina e bela.





Maria João Brito de Sousa – 26.04.2018 – 15.02h

 

22
Abr18

QUASE, QUASE, QUASE...

Maria João Brito de Sousa

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QUASE, QUASE, QUASE...

Quase, quase, quase... que ninguém se atrase

Na primeira fase desta caminhada,

Porque é longa a estrada, fica longe a base

E, caso se arrase, não serve pra nada

*



Quase na chegada, quase, quase, quase,

No perfeito envase da planta regada,

Força nessa enxada, ninguém se desfase

Que está mesmo quase, a nossa empreitada

*

 

E, neste momento, está quase cumprida

Esta nova vida que se solta ao vento

Se inda sobra alento, depois da corrida

*

Porque repartida, tentas como eu tento

E para o mais lento tem de haver saída:

Amem quanto é vida, cumpram-se em talento!

*

Maria João Brito de Sousa – 22.04.2018 – 10.28h

*

À MEA e a todos os poetas. Aos sonetistas. A Abril. À VIDA. Escrito a correr porque estou de saída. Peço desculpa pelos eventuais erros métricos, sintáticos e/ou morfológicos.

 

21
Abr18

A TODOS OS CRAVOS DE ABRIL QUE ESTÃO POR VIR

Maria João Brito de Sousa

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Quase a vinte e dois, espero o vinte e cinco.

Espero com afinco que venha depois.

Quanto mais me dóis, menos rio, mas brinco;

A porta, no trinco, a canga sobre os bois,



Sejamos heróis! Eu já pouco trinco

E caibo num vinco de quanto constróis,

Tu, que o trigo móis e que suas a pingo.

Eu, sei que não vingo. Tu, ages por dois.



Estou velha e doente. Tu trabalhador,

Jovem produtor, seguirás sempre em frente,

Que ele há muita gente dando o seu melhor.



Também o pior hás-de ver. Sê prudente,

Que ao mundo, demente, sobra engano e dor

E eu já sei de cor que nada é transparente.





Maria João Brito de Sousa – 21.04.2018 – 12.57h

 

19
Abr18

O FEITIÇO DA ÁGUA

Maria João Brito de Sousa

FEITIÇO DA ÁGUA.jpg

 

 

O FEITIÇO DA ÁGUA

 

 

Cobriste-me de dogmas e de ideias,

Ingénuas, umas, outras, consistentes.

Conheces as razões por que as semeias

E a ti te contradizes, se as desmentes.

 

À luz, porque a procuras com candeias?

Às trevas, se as houver, por que as consentes?

Nas malhas que teceste, por que enleias

Fios que eu desenredei usando pentes?

 

Vens cobrir-me de um pó viscoso e espesso,

Mas a minha vontade não tem preço

E bem me basta o pó de cada dia.

 

Leva contigo o visco que te sobra,

Que eu não sirvo de pau pra toda a obra.

Antes serei maré. Mesmo vazia.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 19.04.2018 – 14.07h

 

 

 

Imagem retirada da net, via Google

 

 

 

16
Abr18

"IMAGINE"

Maria João Brito de Sousa

IMAGINE.jpg

 IMAGINE

*

Imagine-se a dor da companheira,

Da mãe que o concebeu, da sua irmã,

A angústia da família, toda inteira,

Que foi vê-lo partir nessa manhã,

*



Imagine-se a bela cigarreira

De que Pessoa fala, intacta e vã,

Caída mesmo ali, à sua beira,

Como um grito de paz na terra chã.
*



Imagine-se o todo, em pormenor;

A surpresa, a revolta, o espanto, a dor

E o buraco negro que os sucede

*



Imagine medir, se capaz for,

A grandeza, o tamanho desse horror

Que eu tenho para mim que se não mede...

 *

 



Maria João Brito de Sousa – 16.04.2018 – 13.11h



NOTA - Na sequência da leitura de um poema homónimo de António Manuel Esteves Henriques

14
Abr18

SOB ATAQUE (14.04.2014)

Maria João Brito de Sousa

guerra mundial.jpg

 

Um míssil corta o ar. Como sorrir?

Como saudar o sol num dia assim,

Como parar para pensar em mim,

Como saber se vai haver porvir?



É disparada a bomba. Se eu fingir

Que nem sequer a vi - mas vi-a, sim!-

Talvez a minha paz não chegue ao fim...

(dirão alguns, porque eu não sei mentir)



Da minha grande, imensa pequenez,

Assaltam-me as perguntas que talvez

Também te tenhas feito neste dia.



Olho através de um denso nevoeiro

E, nada vendo, vejo o mundo inteiro

Mergulhado na dor de outra agonia.

 



Maria João Brito de Sousa – 14.04.2018 – 12.44h

 

 

Imagem "emprestada" pelo blog conversaavinagrada.blogspot.com

 

13
Abr18

PERMANÊNCIAS

Maria João Brito de Sousa

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Atrás das pegadas, sigo passo a passo,

Negando o cansaço, sem horas marcadas,

Nem rotas pensadas, pisando o sargaço,

Meu rasto e meu traço nessas caminhadas

 

Das tardes passadas. Do que já não faço,

No tempo e no espaço, restam, recordadas,

Todas as passadas de umas pernas de aço,

Pedaço a pedaço, velhas, desgastadas.

 

Olho o mar distante. Mudou de lugar

E veio morar, líquido, exuberante,

No poema errante que estou a criar.

 

Quem o procurar, não crê que o gigante

Fique um só um instante onde o instalar,

Mas dou espaço ao mar se acuar em vazante.

 

 

Maria João Brito de Sousa -13.04.2018 – 20.13h

 

 

 

Na sequência do soneto "Ausências", de MEA

12
Abr18

FADO CHOVIDO

Maria João Brito de Sousa

FADO CHOVIDO.jpg

 

FADO CHOVIDO

 

Quando a Chuva me leu, fez-se uma aberta,

Deixou que o Sol sorrisse por instantes

E aqui estou eu, tão seca quanto antes

Do apelo ser lançado em rota incerta.

 

Porque um apelo foi, nunca um alerta

Ao coração das águas abundantes,

Foram, as nuvens, meigas e galantes

Pra com uma poeta mal coberta.

 

Agradeço-te, ó Chuva, a gentileza;

Tal cuidado revela uma grandeza

Maior que a que eu podia ter esperado.

 

Não sei qualificar tanta nobreza,

Nem poderei sentar-te à minha mesa,

Mas posso aqui compor-te um novo fado!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.04.2018 -17.01h

 

À MEA/Chuva

11
Abr18

ASSIM QUE ME (IN)CONCLUO

Maria João Brito de Sousa

QUANDO ME CONCLUO.jpg

 

 

Num segundo construo e desconstruo,

noutro, revejo a coisa construída

à custa de um suor que já nem suo,

de mim, se por mim mesma fui seguida.



Às tantas... quem sou eu, se apenas fluo?

O que resta de mim se diluída

nas palavras que penso, exalto, intuo,

sou mais de ideias feita que de vida?



Cobre-me o corpo inteiro a voz que estuo

e é esta mesma voz, de que usufruo,

que urge a tentar colar-me, se partida,



Que, caco a caco, vem manter-me unida,

que me chama criança quando amuo

e me renova, assim que me (in)concluo.





Maria João Brito de Sousa – 10.04.2018 – 15.30h

 

10
Abr18

NAQUELA NOITE

Maria João Brito de Sousa

NOITE.jpg

 

Naquela noite, toda a noite riste.

Eu, mera narradora do que observo,

Observava-te inteiro, nervo a nervo,

Curiosa, inda que absorta, inda que triste.



Naquela noite, nem sequer me viste,

Não foste o meu senhor, nem o meu servo,

Foste a razão de ser do que eu preservo

E o pouco que de ti em mim persiste.



Não sei do que falaste. Eu não falei.

Olhei-te tanto quanto a mim me olhei

No espelho do teu sono e do teu riso



E quanto mais te olhava, mais preciso

Se me tornava olhar-te como olhei,

Nessa noite em que riste e eu não chorei.





Maria João Brito de Sousa – 10.04.2018 – 11.11h

 

06
Abr18

UM FADO À MINHA PORTA

Maria João Brito de Sousa

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UM FADO À MINHA PORTA



Quando um fado vier bater-me à porta

Não lhe peço respostas prá razão

Que faz da voz magoada em que se exorta

Mais do que simplesmente uma canção.



Se a sua silhueta se recorta

Na escada onde se apoia ao corrimão

E vislumbro a guitarra que transporta,

Abro-lhe a porta, não lha fecho, não.



Talvez, por uma tarde, conversemos

De coisas que ninguém tem de saber,

Talvez me contagie e então cantemos



Aquilo que em poema acontecer,

Ou talvez simplesmente ambos sonhemos

Até Morfeu chegar pra nos render.

 



Maria João Brito de Sousa – 06.04.2018 – 11.10h

 



NOTA – Na sequência do soneto “Há Algo no Fado”, da autoria de MEA.





 

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