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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
08
Set16

CRIVO(S) & SENTIDO(S)

Maria João Brito de Sousa

Nascente-do-Tejo  - Serra de Albarracin.png

 

Não me apontem sentidos quando eu vejo

Que sigo um rumo próprio e produtivo

Que irá bem mais além, se eu tenho ensejo

De enchê-lo das razões de que me privo



Quando, num verso, encontro o tal solfejo

E, num soneto o esboço, agreste e vivo!

De assim, tão vivo o ver, logo o protejo

Quer passe, quer não passe, pelo crivo



De quem julgue que eu própria o não cotejo

- embora em gesto quase intuitivo... -

Enquanto o vou escrevendo, se o desejo



Como sempre o desejo; sensitivo,

Ritmado - francamente! - e, como o Tejo,

Valente, renovado e compulsivo...





Maria João Brito de Sousa - 08.09.2016 - 13.48h

 

 

Imagem da nascente do Tejo, serra de Albarracín

 

06
Set16

GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE III

Maria João Brito de Sousa

mar-revolto (1).jpg

 

PALAVRAS AO LUAR

Vim! E trouxe comigo mar bravio

Que destrói esta praia que me deste

Ao ver-te, alga, arrastada por navio

Num trajecto sem rumo e tão agreste

 

Há ondas que me afundam num vazio

Quando sinto, que nada, já fizeste

Que te afaste do mal negro e sombrio

Que assombra o teu caminho como peste

 

Acalmo este meu mar, de ondas gigantes

Teço-me de faróis, só vigilantes

Porque pra nada mais sou soberana

 

Perfumo as tuas noites, de luar

Pra que quando em teus braços se deitar

Leve a minha saudade, da semana

 

 

Maria da Encarnação Alexandre

05/09/2016

(Ainda à minha mãe)

 



CONFISSÃO...



"Vim! E trouxe comigo o mar bravio"

Desde o primeiro instante em que cheguei...

Depois, provei a fome e tive frio,

Mas não desdisse o mar, quando o provei!



"Há ondas que me afundam num vazio"

E outras que me juram que voei,

Que fiz, de cada vácuo, um desafio,

Que, por perder-me, muito mais ganhei...



"Acalmo este meu mar de ondas gigantes"

Na plenitude destes meus instantes

De breves, semi-breves e colcheias,



"Perfumo as tuas noites de luar",

Mas sou, mais do que tudo, onda de um mar

Que aspira a circular nas tuas veias...



Maria João Brito de Sousa - 06.09.2016 - 13.56h



(A todos os poetas que ousam navegar...)



 

03
Set16

GLOSANDO A POETISA HELENA FRAGOSO II

Maria João Brito de Sousa

rebentação.jpg

 

SONHEI CONTIGO...



Sonhei que era contigo que sonhava

E que nesse acordar era verdade...

O sonho tão real se me mostrava

Aos meus olhos de espanto, de saudade.

 

Sonhei ver esse rio que me cantava

Seus fados e canções, na mocidade,

E os jacarandás! Como adorava,

Na avenida mais bela da cidade...

 

Sonhei que nas ameias me sentava

E que meu peito aberto mergulhava

Daquela Torre em saltos de ansiedade...

 

Que no meu Tejo, ali, mesmo nadava.

Quando acordei confesso, já chorava,

Pois só em sonho foi realidade.

 

 

Helena Fragoso





REBENTAÇÃO...

 

"Sonhei que era contigo que sonhava",

ó minha casa-mãe, meu berço e chão,

e que eras tal e qual te recordava,

bem mais do que uma antiga construção...

 

"Sonhei ver esse rio que me cantava"

como se fosse líquida, a canção

e me tornasse, inteira, uma onda brava

numa estranha e complexa solução...

 

"Sonhei que nas areias me sentava"

olhando a vaga quando rebentava

nos mil estilhaços dessa insurreição,

 

"Que no meu Tejo, ali mesmo, nadava"

sonhando que ao sonhar me transmutava

em espuma branca, qual rebentação...

 

 

Maria João Brito de Sousa - 02.09.2016 - 16.31h

 

 

 

 

Pág. 2/2

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