Maria João Brito de Sousa
LOUCURA SAUDÁVEL
Gosto de gente fora do normal,
Gente que tenha um pouco de loucura,
Que faça desta vida uma aventura,
Uma festa constante, um arraial!
Gosto de quem se ri da desventura
Com ar descontraído e jovial…
De quem desvaloriza o que está mal,
Tendo sempre o remédio para a cura…
Ser sempre concordante, consensual:
É, como alguém já disse, um pão sem sal!
Quiçá, um zé ninguém, fraca figura…
Ser perspicaz, empático, frontal,
É para a discussão fundamental!
Gosto de gente assim: louca mas pura!...
José Manuel Cabrita Neves
Carnaxide 6-02-2016
LOUCURA(S)?
"Gosto de gente fora do normal",
De gente sã, de gente bem madura
Que entenda que um poeta não tem cura,
Pois poderá ser cura, esse seu mal...
"Gosto de quem se ri da desventura",
Mas que possa explodir num choro tal,
Que a todos desconcerte e, por igual,
Enfrenta, sem vergar, sorte e tortura...
"Ser sempre concordante, consensual",
Não ter, sequer, coluna vertebral;
- Eis o grande ideal da ditadura!
"Ser perspicaz, empático, frontal",
Conseguindo manter-se racional,
Fará, de um pobre, um silo de fartura...
Maria João Brito de Sousa -06.07.2016 - 14.48h
publicado às 09:10
Maria João Brito de Sousa
TRISTEZA...
Tristeza, a que me invade não tem fim... Sem que possa afastar a escuridão, Que quase permanente vive em mim Ensombrando-me assim o coração. Perdi até meus sonhos... Sei que sim, Perdi também o amor e a ilusão... Aquela pouca paz que tinha, enfim... Tudo isto se esfumou... Caiu ao chão. Tento ainda lutar, pois sou assim... A força que guardei dentro de mim Aos poucos já se esvai de minha mão... Tristeza, a que me invade não tem fim... Sem que possa afastar a dor de mim, Apenas me acompanha a solidão.
Helena Fragoso - 21.04.2016
RESILIÊNCIA(S)
"Tristeza que me invade e não tem fim" Esta de não saber se estás melhor, Sabendo quanto estás longe de mim, Pensando que talvez te esmague a dor... "Perdi até meus sonhos...Sei que sim", Pressentindo, impotente, esse rigor De entender que esse mal te deixa, enfim, Tão longe do Poema, amor maior... "Tento ainda lutar, pois sou assim"; Tão frágil quanto a haste do jasmim, Mas tão teimosa quanto qualquer flor... "Tristeza, a que me invade não tem fim(...)", Mas ambas somos flor`s de um só jardim Que ostenta a Resistência por pendor!
Maria João Brito de Sousa - 06.07.2016 -16.08h
publicado às 15:09
Maria João Brito de Sousa
PEDISTE-ME UM POEMA
Pediste-me um poema... que dissesse o quanto para mim tu representas. Não sei o que te deu, que impulso esse, vai ser com ele, amor, que te alimentas?
Será que me pediste como em prece que enaltecesse as trocas ternurentas de beijos que nós demos... ou só desse guardado na distância em que me tentas?
Pediste-me um poema... como o faço dizendo o que te quero em breve espaço se o espaço entre nós dois já não existe?
Um traço só de ti, ou uma ideia? Se ocupas minha alma, que bem cheia só a pensar em ti ela me insiste?!
Joaquim Sustelo
(em COMO UM RIO)
PEDISTE-ME UM POEMA...
"Pediste-me um poema... que dissesse",
Das nuvens que alcancei, tacto, sabor
E um pouco desse tanto te trouxesse,
Se o pudesse reter, em mim, de cor...
"Será que me pediste como em prece",
Ou pressentiste, apenas, quanto ardor
Nessas nuvens encontro, se mas tece
Meu estranho vôo de asas de condor?
"Pediste-me um poema... como o faço"
Se as asas se me alongam nesse abraço,
Antes de eu te saber dizer porquê?
"Um traço só de ti, ou uma ideia(?)"
Daquelas que o meu corpo não cerceia
E a alma não planeia, nem prevê?
Maria João Brito de Sousa - 05.07.2016 - 14.29h
publicado às 12:40
Maria João Brito de Sousa
Patrono: Manuel Maria Barbosa du Bocage
Académica: Maria João Brito de Sousa
Cadeira:06
BOCAGE
(Soneto em decassílabo heróico e rima encadeada)
Manuel Maria foi vate erudito
Que fez, do verso escrito, o seu combate,
Ousando algum dislate, usando o grito
Que de si fez proscrito, embora vate...
Sonetos de quilate eu lhe credito
Num breve plebiscito em que arrebate
E abarque o que o meu vate deixou escrito;
Seu estro, esse infinito, e seu remate!
Barbosa du Bocage, o dos sonetos,
Homem de mil trajectos, que reage
Improvisando, o que age sem projectos
E que em versos directos, tece ultrage
Aos "nobres" - "quel dommage!"*- mais infectos,
Mas nunca aos seus dilectos: - Eis Bocage!
Maria João Brito de Sousa -07.07.2016 - 14.00h
* "Quel dommage!" - Que pena!, em francês.
publicado às 16:15
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
Carente? Sou, mas nunca de conselhos; Só da matéria-prima necessária À minha natureza proletária Que quer morrer de pé, não de joelhos!
Tão pouco o sou de afectos, porque os velhos E os poetas são, de sorte vária, Capazes de engendrar paixão contrária À superficial, vendida em espelhos...
Carências? Tenho tais e tão prementes Que alguns duvidam - mesmo os mais carentes...- Que eu possa ser carente, se o não for
Das coisas que uns entendem mais urgentes, Como abraços, sorrisos, flor`s e dentes E, para culminar, beijos de amor...
Maria João Brito de Sousa - 04.07.2016 - 17.23h
publicado às 08:47
Maria João Brito de Sousa
QUE AMOR É ESTE AMOR?
*
Amar-te, só amar-te, e construir amor e mais amor no amor já feito, amor quase infinito, amor perfeito, amor em flor, florindo o que há-de vir.
E ao amar-te assim, quero sentir que o meu amor por ti não está no peito: percorre toda a pele, a carne, o leito, regressa à boca a tempo de sorrir.
Que amor é este amor, esta vontade de nunca te perder e de escrever-te sabendo que és a própria liberdade?
E em cada dia que não posso ver-te não tenho vida, tempo, nem idade, não tenho nada que não seja ter-te.
*
(Inédito)
Joaquim Pessoa
(A)PRENDER-TE...
"Amar-te, só amar-te, e construir"
A cada dia, amor, mais vida ainda,
É tudo quanto sei, que a vida é linda,
Mas só enquanto, viva, eu a fruir
"E ao amar-te assim quero sentir",
Ó vida, quanto amor a ti me cinda
Na esp`rança duma vida que não finda
Enquanto o mesmo amor em mim florir...
"Que amor é este amor, esta vontade"
De manter-te a pulsar, de não perder-te,
Mesmo quando essa esp`rança se me evade?
"E em cada dia que não posso ver-te",
Mais desta vida perco em quantidade,
Mas menos morro, à força de (a)prender-te.
Maria João Brito de Sousa - 29.06.2016 - 21.37h
publicado às 11:33