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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Out15

CALAR PALAVRAS...

Maria João Brito de Sousa

CD.jpg

 

Calar quando as palavras se me adentram

E me correm nas veias galopando,

Calar quando, ind` além do que comando,

Sou razão das razões que elas concentram

 

Se, nunca me bastando, mais me tentam

E mais me justificam se, cantando,

Nos dedos que são meus, frutificando,

Me crescem, me revelam, me sustentam...

 

Como calar-me, então, sem ser calada,

Mesmo por força bem intencionada,

Por falta de que sei estar inocente?

 

Como tornar-me, então, neutra, indif`rente

E reduzir-me, em vida, a quase nada,

Antes de assim sentir-me amordaçada?

 

Maria João Brito de Sousa - 28.10.2015 - 21.06h

 

Gravura de Cipriano Dourado

 

28
Out15

OEIRAS

Maria João Brito de Sousa

Bugio_vista_ae_rea_num_postal_antigo_sem_data.jpg

 

(Soneto em verso eneassilábico)



Tens a sorte, ou a graça divina,

de o teu corpo crescer debruçado

sobre um Tejo que corre à bolina

pelas ondas de um mar já salgado,



Que te acena e te chama menina,

ou te abraça e te encharca - cuidado,

que ele é mestre nas voltas que ensina,

mas depressa te afoga, se irado! -



Nos teus braços nasci. Pequenina,

fui crescendo contigo, a teu lado,

e hoje abraço esta casa de esquina,



Onde evoco presente e passado,

quando nela relembro essa sina

devolvendo-te ao sonho encantado.



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 21.31h

 

 

16
Out15

O FINGIDOR

Maria João Brito de Sousa

FINGIDOR

(Soneto em decassílabo heróico)

 

Poema dá-nos voz, matéria-prima,
Tacto, conhecimento e, sobretudo,
Tendo, ou não tendo métrica, nem rima,
Um bom-senso apurado e muito agudo;

 

Oferece quanto baste de auto-estima,
Podendo fornecer-nos quase tudo
Do que possa elevar-nos muito acima
De quanto nos eleva um qualquer estudo.

 

Fingido? Sê-lo-á quanto lhe baste!
(mas se o não for demais, tanto melhor)
Pois, levando o conceito ao seu desgaste,

 

Plasma-se em quanto exista em seu redor
e faz da crua dor com que o cantaste
sofisma de um que diz ser FINGIDOR.

 

 

Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 17.19h

11
Out15

UM SONETO PARA SÁ DE MIRANDA

Maria João Brito de Sousa

sa-de-miranda.jpg

 


I

O sol é grande: caem coa calma as aves,

Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.

Esta água que alto cai acordar-me-ia,

Do sono não, mas de cuidados graves.



Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,

Qual é tal coração que em vós confia?

Passam os tempos, vai dia trás dia,

Incertos muito mais que ao vento as naves.



Eu vira já aqui sombras, vira flores,

Vi tantas águas, vi tanta verdura,

As aves todas cantavam de amores.



Tudo é seco e mudo; e, de mistura,

Também mudando-me eu fiz doutras cores.

E tudo o mais renova: isto é sem cura!



Francisco Sá de Miranda - 1481/1558

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te.

 



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te...



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

08
Out15

PONTO DE FOCAGEM (aplicado à palavra)

Maria João Brito de Sousa

casa-do-gato1.jpg

 

(Soneto em decassílabo heróico)



Procuro um quase-nada; o ponto exacto

onde a palavra abraça o designado,

usando quanto engenho e quanto tacto

nasçam de gesto tão determinado...



Procuro usando mente, usando olfacto

e usando um coração que, acelerado,

não dispensa a razão, que o deixa intacto

depois de loucamente ter pulsado...



Procuro, encontro e julgo ter, de facto,

atingido, no texto aqui deixado,

o ponto onde a palavra faz contacto



Com o que então designa... ou, tendo errado,

fiz tanta confusão que o meu retrato

se apresentou tremido... ou desfocado?



Maria João Brito de Sousa – 07.08.2015- 17.42h



Soneto dedicado aos amantes da fotografia, bem como a todos os que se batem pela sobrevivência das consoantes mudas nas palavras escritas em Língua Portuguesa.

 

 

01
Out15

FISSÃO NUCLEAR - (E não só...)

Maria João Brito de Sousa

cogumelatomico.jpg

 

Real é que o real, tornado instável,

vacilando, estremece e já nem cabe

na coisa estruturada e no palpável

de onde, provavelmente, então, se evade,

 

Tornando, em pouco tempo, inevitável

a extinção de si próprio. O que se sabe

é que, assim dividido, é bem expectável

que o real conhecido então se acabe

 

No longo estremeção dum espasmo lento

ou na re-criação do mero invento

da coisa que se expande... ou talvez não,

 

Porque auto-destruída no momento

em que, louca, se expande, em detrimento

das leis da sua própria concepção...

 

 

Maria João Brito de Sousa - 01.10.2015 -14.23h

 

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